[gt-educacao] Madeira certificada e software livre

Rainer Otto Wilhelm Krüger rainer em maguis.com.br
Sexta Outubro 26 15:11:44 BRST 2012


Ola Slomp,

Seu questionamento me levou a pensar sobre a questão marca. Assim como
colocado, me remeteu os dois primeiros a questão legal do produto, ou seja,
em primeiro lugar me veio que um produto é legalizado e o outro não, claro
que isto leva a finalidade ambiental, mas a moral de comprar algo ilegal é
mais forte. Depois fui ler sobre o selo FSC e vi que não se trata de
legalidade e sim de sustentabilidade. Ou seja, se não tenho conhecimento de
causa, não existe o valor.. (Claro!! mas muitas vezes é isto que acontece
com o Software Livre rs)

Notei no terceiro exemplo, da camiseta, minha relação de valores foi mais
clara, e aí talvez eu tenha uma proximidade com a causa do Morro da Cruz
que me faça desejar ajudar. Há uma relação de valores morais para a mudança
de hábito, onde eu desejo ajudar para transformar a sociedade.

Mas uma coisa aconteceu comigo ao ler os três exemplos. Nos dois primeiros
não se falou quem são os produtores, e mesmo que eles tenho o selo e
a consciência ecológica, não me atrai ajudar se não conheço. Já no terceiro
caso, eu posso não saber que é o Morro da Cruz, mas pelo menos sei que é o
Morro da Cruz. A  mesma coisa acontece ao se falar em ajudar o projeto
Apache, eu posso não ter muito conhecimento de causa sobre o que eles
fazem, mas sei que eles fazem um trabalho legal, então eu me simpatizo com
ele...

Pra fim, ficou a dúvida (vou ser linchado em FISL público por isso,, rs),
qual é o valor moral da cooperativa de software livre? Entende que
pretendemos comprar um móvel e uma folha sufite porque ele tem um manejo
sustentável da floresta, e que vamos comprar a camiseta porque ela esta
ajudando uma cooperativa de mulheres excluídas socialmente. Mas que valor
moral me faz pensar em comprar um software livre, à quem esta cooperativa
esta ajudando ou tornando o mundo melhor?

Isto é algo a se pensar, porque usamos software livre? Será que a FSF ou
outra fundação consegue explicar claramente em seu site quais são os
valores que estamos tratando? Será que liberdade (e entende-se liberdade de
acessar o código-fonte) é um valor moral que realmente importa para o
usuário final? Será que a liberdade de executar e copiar é um valor válido
perante a pirataria de software?

Claro que estamos falando de valores, e isto tem haver diretamente com
cultura e educação, mas penso na realidade que vivemos, e aí eu me incluo
muito mais no caso do Morro da Cruz do que no selo software livre. Ou seja,
as pessoas que gostam do Pandorga, gostam porque podem conhecer o Rainer,
porque sabem que existe algo ali bem próximo delas sendo feito para mudar
uma relação de valores, e aqui estamos falando de valores educacionais mais
do que valores de software livre. É claro que eu adoro ver um monte de
Linux rodando nas escolas, mas o que importa mesmo é saber que através do
software livre estamos mudando a educação, entendem? É a mesma coisa que o
GCompris, eu tenho uma empatia porque sei de onde veio e porque veio, e se
precisar, posso mandar um email pro Bruno...

Eu ainda não tenho claro na minha cabeça, mas a relação de valores do
Software Livre para mim é um pouco complicada de se entender. Quero dizer,
para mim programador é muito clara, se não fosse por ela eu não teria um
software instalado no meu computador e nem trabalharia, pois todas as
tecnologias que uso, seja no Pandorga, Java ou PHP são software livre. Mas
para o usuário final isto é ainda difícil de entender, ainda não encontrei
um valor moral realmente importante (moral, não técnico) para que um
usuário acostumado com Windows use linux, vocês sabem me dizer?

Se era pra confundir Slomp, eu consegui né?!?!?! hehehe

Abraços
Rainer O. W. Krüger
Maguis - Solução em Software Livre
Diretor de Pesquisa & Desenvolvimento
+55 (51) 4063 8597 - *Novo número*
+55 (51) 8176 2615
www.maguis.com.br
www.pandorgalinux.com.br





Em 26 de outubro de 2012 14:13, Paulo Francisco Slomp <slomp em ufrgs.br>escreveu:

>
> Gente
>
> Ontem trabalhei com meus alunos da disciplina Software Livre na Educação e
> fiz algumas comparações, com exemplos de relações de consumo.
>
> Vejam abaixo.
>
> Por favor, avaliem a pertinência dessas comparações.
>
> Obrigado.
>
> Paulo
>
> ====================
>
> Olá
>
> Conforme conversamos hoje:
>
> Qual a relação entre madeira certificada e software livre?
>
> ---------
>
> Você vai a uma loja para comprar um móvel, uma mesinha de telefone, por
> exemplo.
>
> Encontra duas mesinhas. As duas são do seu agrado e as duas têm o mesmo
> preço. Uma tem uma etiqueta de madeira certificada FSC http://br.fsc.orge a outra não tem etiqueta.
>
> Qual das duas você comprará?
>
> ---------
>
> Você vai a uma loja para comprar papel sulfite A4 em pacote de 500 folhas,
> por exemplo.
>
> Encontra dois produtos. Os dois tem 75 g e ambos custam R$ 10,00. Um tem
> uma etiqueta de papel FSC e o outro não tem etiqueta.
>
> Qual dos dois você comprará?
>
> ----------
>
> Mudando o tipo de exemplo e passando para a confecção de roupas.
>
> Você vai a uma loja para comprar uma roupa.
>
> Encontra duas peças. As duas são do seu agrado e as duas têm o mesmo
> preço. Uma tem uma etiqueta da Grife Morro da Cruz (veja abaixo) e a outra
> tem a etiqueta da uma grande e famosa indústria de confecções.
>
> Qual das duas você comprará?
>
> ------------
>
> Você vai a uma loja para adquirir um programa de computador.
>
> Encontra dois produtos. Você já conhece os dois produtos e são do seu
> agrado, tendo funcionalidades semelhantes. Os dois tem o mesmo preço. Um
> tem uma etiqueta identificando que é software livre personalizável
> produzido por uma cooperativa de produtores autônomos e o outro tem a
> etiqueta de uma grande e famosa indústria multinacional.
>
> Qual dos dois você comprará?
>
> -----------
>
> Grife Morro da Cruz
>
> Fonte: http://www.redemulher.org.br/**encarte50.html<http://www.redemulher.org.br/encarte50.html>
>
> Morro da Cruz: projeto vencedor
>
> A Griffe Morro da Cruz Comércio de Confecção Ltda ME foi fundada em
> janeiro de 1995. Surgiu da organização de mulheres da Vila São José,
> popularmente conhecida como Morro da Cruz, onde uma das participantes, em
> uma pesquisa na comunidade, constatou a necessidade de gerar trabalho e
> renda para as mulheres em um espaço onde elas pudessem levar seus filhos e
> produzir conforme suas aptidões. Reuniram-se dez mulheres e uma delas
> repassou às outras seus conhecimentos na arte do corte e costura. Após esse
> treinamento, passaram a produzir peças criativas e originais, a partir da
> reciclagem de roupas velhas, retalhos de malhas e tecidos. Pouco a pouco,
> foram conquistando uma grande clientela. É um grupo auto-gestionário. Todas
> as associadas são proprietárias da Griffe e se organizam de forma
> democrática para a tomada de decisões, no que se refere tanto à produção
> como à comercialização e distribuição de ganhos. Atualmente, o grupo está
> composto por oito mulheres entre 20 e 64 anos, unidas por objetivos que
> definem como "possibilitar a formação de mais grupos de mulheres para o
> trabalho cooperativo e mostrar para a sociedade que a mulher pobre é
> capaz". Produzem em um espaço cedido pela Paróquia S. José de Murialdo,
> onde também possuem uma pequena loja. Têm ainda outros quatro espaços de
> comercialização, dois em butiques e dois nas Lojas da Etiqueta Popular, uma
> iniciativa da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio SMIC da
> Prefeitura de Porto Alegre. Comercializam seus produtos também em feiras e
> eventos.
>
> Saudações livres!
>
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