[gt-educacao] edX: Plataforma de Harvard e do MIT terá código aberto

Paulo Francisco Slomp slomp em ufrgs.br
Terça Junho 11 16:21:16 BRT 2013


Plataforma de cursos pela internet de Harvard e do MIT terá código aberto

05/04/2013 09h31

http://g1.globo.com/educacao/noticia/2013/04/plataforma-de-cursos-pela-internet-de-harvard-e-do-mit-tera-codigo-aberto.html

Universidades poderão usar a estrutura para montar seus cursos online.
Presidente do edX anunciou abertura em palestra em SP na quinta (4).

Ana Carolina Moreno e Vanessa Fajardo Do G1, em São Paulo

Anant Agarwal, presidente do edX, durante evento em São Paulo, na 
quinta-feira (4)

Pouco mais de um ano depois de anunciar seu primeiro curso online 
gratuito, a plataforma edX, criada em uma parceria da Universidade 
Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT), reuniu 850 mil 
alunos de 192 países e agora se prepara para seu próximo passo: liberar 
gratuitamente o código da plataforma para que qualquer instituição, 
empresa, grupo ou indivíduo possa usar a estrutura e oferecer seus 
próprios cursos pela internet. O anúncio foi feito no Brasil por Anant 
Agarwal, presidente do edX e professor do MIT, na tarde da quinta-feira 
(4). Ele justificou a decisão dizendo apenas que "é a coisa certa a se 
fazer".

Agarwal foi o principal palestrante do Transformar, evento realizado em 
São Paulo para centenas de pessoas ligadas à educação. O professor 
mostrou aos participantes como funciona o edX e defendeu o uso da 
tecnologia para mudar um cenário educacional que, segundo ele, não vê 
inovações relevantes há 150 anos.

"Se alguém pegasse no sono numa sala de aula do MIT há 50 anos e 
acordasse hoje no mesmo lugar, ele não perceberia que tanto tempo 
passou", afirmou Agarwal. "A tecnologia produzida nas universidades hoje 
é aplicada todos os dias em todas as áreas, mas não mudou muito o campo 
da educação. Como educadores, deveríamos ter vergonha."

Ao custo de cerca de R$ 120 milhões, Harvard e MIT criaram uma 
plataforma que rapidamente se tornou o equivalente do ensino superior da 
Khan Academy, criada pelo educador Salman Khan, que já tem quase 4 mil 
vídeos de diversas disciplinas, principalmente de ciências da natureza e 
do ensino fundamental e médio. Khan hoje já acumulou mais de seis 
milhões de visualizações aos seus vídeos e foi aluno de Agarwal no MIT 
--no curso presencial, anos antes de ambos se aventurarem no campo da 
educação online.

A tecnologia produzida nas universidades hoje é aplicada todos os dias 
em todas as áreas, mas não mudou muito o campo da educação. Como 
educadores, deveríamos ter vergonha." Anant Agarwal, presidente do edX

Código aberto
A partir de 1º de junho, qualquer pessoa poderá usar gratuitamente o 
código da plataforma do edX para fazer o seu próprio site de cursos 
online. A estrutura inclui o processamento dos dados dos estudantes, 
tanto pessoais quanto de seu desempenho nos curtos, além de um fórum de 
discussão e da tecnologia de correção em tempo real dos exercícios.

Agarwal compara o edX a um "acelerador de partículas do aprendizado", 
uma instituição sem fins lucrativos que facilita e acelera o acesso de 
pessoas de qualquer parte do mundo aos mesmos cursos oferecidos em 
instituições de ensino do mundo todo, com o mesmo rigor exigido dos 
alunos presenciais. Apesar de o código ser aberto a qualquer pessoa, 
segundo Agarwal, apenas uma das 12 universidades participantes do edX 
--a Universidade de Tecnologia Delft, da Holanda-- autorizou que o seu 
conteúdo de aulas também fosse oferecido abertamente nas plataformas que 
usem o código da original.

Ele afirmou que a oferta de mais cursos pode criar um mercado de cursos 
online, gratuitos ou não, que acabe se regulando de acordo com rankings 
criados com o apoio dos próprios estudantes dos cursos. Mas tudo vai 
depender da qualidade que as universidades investirem tanto nas aulas 
online quanto nas presenciais. Como não precisa ter lucro e sua equipe 
enxuta, o edX pretende se manter financeirametne oferecendo suporte aos 
usuários de seu código, ou hospedando as plataformas criadas a partir dele.

Modelos de inovação para o Brasil

O edX foi apresentado em São Paulo ao lado de outras iniciativas dos 
Estados Unidos e do próprio Brasil. Denis Mizne, diretor-executivo da 
Fundação Lemann, um dos realizadores do evento, afirmou que o 
Transformar tem como objetivo mostrar aos gestores, professores e 
especialistas em educação algumas formas de inovação na educação. 
Segundo ele, não existe uma "receita de bolo" para solucionar os 
problemas da educação no Brasil, mas o governo deve investir em inovação 
para testar novos modelos.

(Veja reportagem do Jornal Nacional sobre alguns modelos que foram 
apresentados no evento.)

"Mas precisa qualificar o que é inovação. Não é só fazer diferente, 
porque não vai dar certo", afirmou ele. Mizne indicou, porém, que 
algumas tendências mundiais que têm dado resultado passam pela 
personalização do ensino, que aumenta a motivação dos alunos por meio da 
oferta de um conteúdo de qualidade que apenas os professores sozinhos 
não são capazes de oferecer em salas de aula muito grandes. "O peso nas 
costas do professor é muito alto."

Pela manhã, o Transformar recebeu especialistas para compartilhar 
experiências que reinventaram o ensino e a sala de aula. Uma das 
participantes foi Melissa Agudelo, representante da High Tech High, um 
modelo de ensino utilizado em São Diego, nos Estados Unidos, que defende 
“a conexão da escola com o mundo.”

“É preciso sair da sala de aula para ver o mundo”, diz. O modelo do High 
Tech High prevê aulas práticas fora da aula, encontros com diversos 
profissionais, e ainda “trabalhos com algo significativo” no caso dos 
alunos mais velhos. O sistema da High Tech High é aplicado em 11 escolas 
públicas de São Diego, nos Estados Unidos, sendo cinco de ensino médio e 
seis de ensino fundamental.

“Separar os alunos pelas habilidades não os beneficia, eles precisam 
estar na mesma sala ao mesmo tempo”, afirmou Melissa. Pelo modelo, não 
há separação por séries, e o ensino personalizado valoriza as paixões 
dos alunos e o currículo é mais integrado. Um professor de matemática, 
por exemplo, não precisa necessariamente dar aulas somente de ciências 
exatas. “Dessa forma a aprendizagem se torna mais significativa.”

Sócrates, Salman Khan e a cola

Em entrevista após sua palestra, Anant Agarwal afirmou que sua visão do 
futuro não envolve o fim do professor, nem da escola. Mas, em vez de 
auditórios imensos onde centenas de alunos recebem o conteúdo do 
professor, ele acredita que as universidades tenderão a criar espaços 
menores onde a função do professor não será dar o conteúdo, e sim ajudar 
os alunos a processar o conteúdo. Isso pode acontecer, segundo ele, a 
partir dos primeiros anos da escola formal, pois as crianças começam a 
dominar a tecnologia cada vez mais cedo.

Agarwal deu aulas para Salman Khan no MIT

O professor do MIT explicou que o modelo de aulas oferecido no edX se 
trata de uma adaptação, ao formato virtual, de uma metodologia 
pedagógica já consagrada: o método socrático. "Há estudos de décadas 
atrás mostrando que estudantes retêm mais o material da aula quanto 
melhor o professor consegue engajá-los", explicou.

Pela internet, o modelo usado no edX segue o que Agarwal chama 
informalmente de Estilo Khan de Vídeos (KVS, na sigla em inglês), 
referindo-se ao modo como o educador Salman Khan, criador da Khan 
Academy, consegue transmitir o conhecimento de várias disciplinas em 
vídeos originalmente publicados no YouTube. No KVS, o aluno é exposto a 
uma explanação breve --no caso da internet, vídeos de até no máximo dez 
minutos-- e, depois, é instado a fazer um exercício interativo.

Os mecanismos de correção dos exercícios são outro ponto que podem 
ajudar não só o professor a ganhar tempo, mas o aluno a permanecer 
interessado no conteúdo. "Quando o aluno recebe um retorno instantâneo, 
ele pode refazer o exercício também na hora até acertar", diz. O 
interesse, porém, pode cair se o professor levar dias para devolver o 
exercício e pedir que o aluno o refaça.

Para uma questão clássica da escola, porém, o edX ainda não achou uma 
solução definitiva: alunos que colam na prova. Segundo Agarwal, no caso 
de empresas que exigem uma comprovação além do certificado de conclusão 
do curso oferecido pelas universidades, foi feita uma parceria com a 
empresa Pearson para que ex-alunos da plataforma façam um exame 
presencial elaborado pelo edX para provar que assistiram às aulas e não 
tiveram ajuda para resolver os exercícios. Mas, nos demais casos, a 
resposta do professor do MIT é simples: "Se o aluno colou ou não, quem 
se importa? Se ele colar, ele não aprende."

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Paulo Francisco Slomp
http://www.ufrgs.br/psicoeduc
Acionado com Software Livre
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