[Inkscape Brasil] RES: Mir, o novo servidor grafico para linux. (será?)

Aurelio A Heckert aurelio em colivre.coop.br
Quarta Março 6 12:57:28 BRT 2013


Em 06-03-2013 12:01, Carlos Eduardo Mattos da Cruz escreveu:
> Concordo com o Aurelio, contribuir para empresa é trabalhar no WallMart de
> graça, eles tem recursos para contratar programadores. Quem tem talento
> para código tem de se focar nas comunidades.
>
> Mas mestre Aurelio a Canonical é uma empresa, visa o lucro! O que é utópico
> é uma máquina capitalista ter uma estrutura filantrópica! Ela pode praticar
> alguma filantropia, mas sua visão final é o lucro. Que mal a nisto?
Aê Carlos! Beleza? :-)

Você acabou de mostrar que essa conversa é muito mais densa do que a 
simples liberdade de escolha, ou "qual vai ser meu almoço hoje?".

Num nível mais superficial eu diria: Não tem problema a empresa buscar o 
lucro, tem problema agir esquecendo disto ou pior, tratá-la como se 
fosse uma causa. Ha que o faça com a Canonical e com a Google.

Se você acredita que a filantropia é inviável no Capitalismo, então 
devemos superar esse sistema emergencialmente. Muitas questões sociais 
não podem ser respondidas com trocas monetárias e a solução de muitos 
problemas não gera lucro, por isso ações pelo bem comum são necessárias 
para a saúde da sociedade.

Apesar de eu achar que nossa insistência em manter esse sistema é uma 
demonstração do quão primitiva é nossa civilização, eu devo dizer que 
existem alternativas.

Primeiro não se deve esperar que a Canonical faça algo, o pessoal do 
Trisquel http://trisquel.info dá o exemplo: Queremos o Ubuntu limpo, 
então limpamos e mantemos independente.

Segundo, o interesse empresarial e social pode se mesclar quando um 
coletivo de iniciativas privadas /(e fique claro que iniciativa privada 
é coisa boa)/ trabalha colaborativamente em prol de um interesse comum. 
Exemplos:

  * Kernel Linux, cuja fundação não tem nada de empresa (alguém aí se
    confundiu), organiza as contribuições de diversas empresas e pessoas
    independentes que contribuem com o Kernel segundo seus próprios
    interesses. O bom aqui é que o projeto não está preso ao interesse
    de um só.
  * GNOME, também gerido por uma fundação, recebe contribuições de
    várias empresas que dependem dessa plataforma, mas aqui a
    participação popular independente é mais forte.
  * Debian, onde as empresas não aparecem de forma explicita, mas muitos
    desenvolvedores são contratados por empresas para priorizar a
    manutenção do que estas consideram mais importante.

Países que são exemplos de sociedade igualitária e invejados por nós do 
3o mundo e tantos outros países em situações melhores, como Canadá e 
Suíça, vão na contramão do estado mínimo e investem pesadíssimo em 
educação e serviços sociais, o que não é nada lucrativo para muitos 
empresários, mas "/A necessidade de muitos sobrepuja a necessidade de 
poucos... ou de um só/" -- Spock. Com governos desse tipo é viável 
trabalhar mais intensamente pelo bem comum, ainda vivendo numa sociedade 
capitalista.

Para fechar, você diz "/mas //sua//[da empresa] visão final é o lucro. 
Que mal a nisto?/". Eu espero que um dia se veja um mal nisso, como já 
se vê como errado tratar outro ser humano como coisa. Tudo bem, isso 
ainda existe, mas não é socialmente aceito. Um futuro melhor é um futuro 
com pessoas movidas por interesses altruístas ou ao menos socialmente 
positivos, no lugar do interesse pela acumulação e controle. Enquanto 
isso não for realidade, sobrevivemos tentando aproveitar o que for 
produzido de positivo pelos acumuladores e lutando para não sermos 
escravizados por eles.

-- 

*Aurélio A. Heckert (aka Aurium)*
http://softwarelivre.org/aurium
*COLIVRE --- Coop. de Tecnologias Livres*
http://colivre.coop.br

*Inkscape* --- Desenhe Livremente
http://inkscapeBrasil.org


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