[Pontosdecultura] Fw: liberação dos agrotóxicos

José de Oliveira Luiz joseoliveiraluiz em hotmail.com
Quarta Outubro 3 22:12:12 BRT 2012



Recentemente o deputado Ronaldo Santini, do PTB, do RS, criou um projeto de lei, 78/12, para liberar a venda de agrotóxicos importados, que são proibidos no Estado a partir do pioneirismo dos movimentos ambientalistas da Rio Grande do Sul, sob a liderança do velho Lutz.



Apesar disso, são contrabandeados e têm causado devastações junto aos trabalhadores e suas famílias, sem falar da contaminação do ambiente e dos consumidores.



O campo gaúcho também sofre com a monocultura extensiva (principalmente soja, arroz e fumo), onde as doenças causada pelo envenenamento agudo ou crônico de pessoas e ambientes, vêm produzindo inclusive mutações genéticas, vários tipos de doenças mentais, suicídios, teratogenias, câncer e outros mimos ofertados pelas transnacionais da indústria química.



Achamos que não apenas deve ser coibido esse retrocesso no Estado, como é uma boa ocasião para que se faça uma campanha a nível nacional para erradicar esses monstros envenenadores de nosso ambiente rural e urbano.



Um dos efeitos que está sendo verificado em área arrozeira é a erradicação do sexo masculino. A feminilização provocada por vários agrotóxicos impede o nascimento de homens, ou os faz nascer com distúrbios e anomalias sexuais, quando contaminam a gestante na época da definição sexual do concepto.



Há necessidade de envolver nisso os movimentos sindicais urbanos e rurais, e todas as entidades ligadas com a questão da saúde, sindicatos profissionais, associações, órgãos públicos, universidades.



Vamos ver se, nessa guerra, conseguimos melhores resultados que no enfrentamento da revisão do Código Florestal.



Os agrotóxicos devem ser proibidos em todo o território nacional.



Busquem mais informações e subsídios no blog da Apedema.



http://apedemars.wordpress.com/2012/09/21/luta-contra-liberacao-de-agrotoxicos/ 



Tania Jamardo Faillace 



Envio abaixo a correspondência de protesto que entreguei pessoalmente hoje à tarde, em cada gabinete da Assembléia Legislativa do RS.



Ref.: projeto nº 78/2012

dispõe sobre comércio

de agrotóxicos

importados



Senhores,



Tomei conhecimento do parecer da Comissão de Constituição e Justiça com relação ao projeto do Deputado Ronaldo Santini quanto à liberação de agrotóxicos para uso na agricultura gaúcha.



Fiquei estarrecida. Não podia acreditar que fosse um documento redigido por um órgão técnico-político da Assembléia Legislativa, que, teoricamente, teria responsabilidades e compromissos com toda a sociedade gaúcha, não apenas com segmentos isolados e interesses empresariais.



Durante muitos anos assisti e participei de plenárias dos Conselhos de Saúde, tanto o Estadual como o Municipal.



Tive, pois, a oportunidade de ver desfilar diante de mim, as conseqüências sociais, sanitárias e de segurança resultantes da incúria de pessoas e grupos que buscam seu lucro de costas para a saúde, não só de seus trabalhadores, como da sociedade em geral, borrifando seus produtos com venenos inventados para uso militar.



Isto é, nossos agrotóxicos não passam de produtos bélicos, que foram desviados para a agricultura, quando houve o tratado de proibição das armas químicas a nível internacional. 



Pois é, os trabalhadores e os consumidores não estão em guerra com ninguém, mas são agraciados pelo uso dessas armas contra eles, em seu dia a dia, como se fossem inimigos privilegiados dos ávidos por lucros.



Tais venenos contaminam solo, água, flora, fauna, e pessoas.



Tanto os consumidores finais, cuja morbilidade e mortalidade por poluição química de ar, água e alimentos, vem aumentando avassaladoramente no decorrer das últimas décadas apesar de todos os apelos e alertas da comunidade científica e das pessoas de bom senso, como os trabalhadores obrigados a se exporem a doses maciças dos mais potentes venenos que o homem já inventou.



Sabe-se que doenças mentais e somáticas, degenerativas e funcionais, e até teratogenias graves (anencefalia, entre outras) vêm-se multiplicando no interior do Estado.



Tudo isso por quê? Porque a atividade agrícola dispensa a mão de obra humana no trato das lavouras, preferindo usar máquinas pesadas que destróem a integridade do solo, o esterilizam e provocam perdas anuais de terra em quantidade assombrosa; e usar venenos para economizar trabalho humano e empregos, que antes proporcionavam a boa convivência e o equilíbrio natural entre homem, lavouras e animais úteis.



Avareza e nada mais que avareza de um lado, e ganância das indústrias de venenos pelo outro, indústrias que já deveriam ter tido seus alvarás cassados em todo o mundo, o qual estão destruindo, ao consumir sua fertilidade e a saúde de seus habitantes.



Tive a oportunidade de conhecer uma dessas vítimas, cuja mãe trabalhava na lavoura do fumo ­– cujo cultivo não se entende como ainda existe, depois de comprovada sua nocividade e altos custos para a saúde pública. Essa vítima, um belo menino de 12 anos, inteligente e bem disposto, apareceu numa plenária do CES para agradecer a cadeira de rodas motorizada que tinha ganho do Programa de Órteses e Próteses do SUS. Seu tronco terminava no osso do quadril, sem qualquer vestígio de pernas. Ao invés de braços, tinha dois tocos de alguns centímetros, o maior deles, com menos de 30 centímetros, terminava numa ponta óssea com a qual ele acionava a cadeira. 



E os senhores deputados vêm propor a liberação de mais agrotóxicos?



Isso é compreensível por parte das indústrias de guerra estrangeiras, que não têm qualquer interesse em gerações sadias e atuantes num país emergente.



Mas que brasileiros exponham a vida e a saúde de seus conterrâneos para aumentar os lucros dessas transnacionais da morte, apenas porque alguns grandes produtores querem vida mansa sem riscos pessoais – grandes produtores nem chegam perto de suas lavouras fumigadas, porque são pessoas bem informadas.



As pragas se multiplicam devido ao absurdo que é o sistema da plantation, isto é, da monocultura extensiva, que também altera o clima e o regime de chuvas.



Nossa agricultura é tratada irresponsavelmente, como se fossem gafanhotos que tratassem dela: destróem o equilíbrio ambiental e a sobrevivência da própria cultura, na maior imprevidência quanto ao futuro. 



Se os outros Estados fazem o mesmo ou pior, é porque a classe ruralista não assume suas responsabilidades cívicas para desencadear um movimento nacional que proponha o predomínio da inteligência e do bom senso no trato da economia agrícola, e das condições de trabalho do homem do campo.



Trata-se mal a terra, trata-se mal sua cobertura natural, trata-se mal aos mananciais, trata-se mal aos lençóis freáticos, destrói-se a cobertura vegetal que normalmente seria a melhor proteção para culturas estabelecidas alternadamente sobre o terreno, ao invés de oferecer territórios contínuos, vastos e abertos para o banquete para as pragas, sem esquecer a eliminação das abelhas, de que depende a polinização das mesmas culturas, a erradicação da vegetação natural, e de animais úteis, como sapos e lagartixas.



(Quanto ao trabalhador e ao consumidor, quem é que se preocupa com eles?)



Que vergonha! E lembrar que o Rio Grande do Sul foi pioneiro na luta pela defesa dos recursos naturais... e agora nos sai isso por parte de nossa Assembléia Legislativa!



Porto Alegre, 20 de setembro de 2012







Tania Jamardo Faillace

jornalista e escritora

cidadã de Porto Alegre







À Comissão de Constituição e Justiça

e Demais Senhores Deputados

Assembléia Legislativa do RS

Porto Alegre/RS
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