[PSL-Brasil] Aos adoradores da Microsoft
Marcus Vinicius - Doutor Linux
contato em doutorlinux.com
Terça Julho 16 14:42:01 BRT 2013
lembro mais uma vez: teve até guerra de importação/exportação de suco
de larankja do Brasil na reserva de mercado !
---- Original Message ----
From: "Julio C. Neves"
To: "PSL-Brasil"
Sent: Ter, Jul 16, 2013, 9:56 AM
Subject: Re: [PSL-Brasil] Aos adoradores da Microsoft
Na época que descrevi, a Cobra era 50% Governo e 50% Itau + Bradesco, e a
política era ditadura. Então vc se enganou muito com relação a isso.
Greve seria impossível e as diretorias não eram efêmeras.
A EDISA (HP) importou o EDIX, que era meia boca e 0% nacional e o Zim
idem. O Zim era um SGBD canadense, tão bom qto um rWindows Vista. Nunca
funcionou, com o agravante de um SGBD ser o responsável pela guarda e
integridade dos dados na sua instalação.
A grande alegação da MS e governo americano era que empresas como Edisa,
Sisco e Labo, não contribuíam em nada com o desenvolvimento do hw e/ou do
sw nacional, então não havia motivos para ter uma reserva.
A sua última alegação: "As máquinas eram caras e o software que rodava
nela, relativamente arcaico." era exatamente o que descrevi na minha 1ª
msg nesta thread de "e os jornais começaram a publicar (matéria paga
enrustida) que a Reserva de Mercado era um atraso para o Brasil, pois
tornava os computadores muito caros". Sobre isso devo dizer que fizemos o
4º UNIX do mundo, além de toda a tecnologia bancária e isso não é ser
arcaico. Qto ao preço, vc deve se lembrar que vc tomava uisque Drurys,
Natu Nobilis ou Mansion House, pq não tinhas grana para comprar um Scotch
whisky, a não ser de Free Shop ou um .py (do Paraguai), com 70% de certeza
de ser falso. Carro importado, nem pensar... Em tempos de ditadura (e
antes) a regra do Brasil era essa. Qq coisa importada era muuuuuuuito cara
e os componentes não fugiam à regra o que o Cohen alega é que o pirata
era barato e diz que "Quem é velho deve ter, uma vez na vida, comprado um
Toshiba lá de fora". Devo dizer que sou velho, vivi essa época e a não
ser em casos especialíssimos a importação de máquinas e componentes
era proibida. 90% do que havia em nosso território era contrabandeado do
.py.
Abcs,
Julio
@juliobash
Em 15 de julho de 2013 19:57, Roberto Cohen escreveu:
Também sou daquele tempo.
Esqueceu de dizer que a Cobra era uma empresa do governo sujeito a todos
os problemas que dele surgem (mudança de partido etc.) e bancada por ele.
Já a EDISA usava o EDIX, cópia simples do Unix. O Labo idem e assim por
diante toda a lista de fornecedores nacionais de hw. Não tinha muita
novidade em termos de software.
Ah, tinha o ZIM, hehe.
As máquinas eram caras e o software que rodava nela, relativamente
arcaico. Que é velho deve ter, uma vez na vida, comprado um Toshiba lá
de fora por que os nacionais - Itautec e Microtech, acho - eram os preços
da hora.
Abs
EL CO
Em 12/07/2013 19:03, Julio C. Neves escreveu:
Em 12 de julho de 2013 14:29, Rodrigo Vieira
escreveu:
Em compensação, há rumores que eles foram pioneiros em TI na
reserva
de mercado, dumping, monopolismo, suborno & espionagem, spam, hoax,
venda casada e a lei de Gérson...
A reserva de mercado foi feita para que o Brasil se desenvolvesse na
produção de hw, mas logo no início viu-se que nossa vocação era
mesmo o sw.
Vou dar uma prova disso: o 1º projeto de hw importado pela Cobra, o
Cobra 400, era um Sycor 440. Um engenheiro de sw da Cobra (Daniel
Duarte, que adoraria reencontrar) resolveu reescrever o seu S.O. e o
novo ficou 40% mais veloz que o original. A partir daí, o que pagávamos
de royalties pelo hw, recebíamos pelo sw.
Outras provas disso:
» O 1º terminal bancário do mundo foi feito na Cobra, chamava-se
TB-100
e foi desenv em MUMPS;
» Além de inúmeros interpretadores (como o MUMPS, p.ex.) e
compiladores
(como o Cobol, p.ex.) a Cobra em 10 anos escreveu os seguintes sistemas
operacionais (que eu me lembre de xupetão ;)
SOM - Para máquina de 8 bits;
CPM - idem;
MUMPS - Para plataforma Intel, Motorola 68k e CMOS;
SOD - Sistema espetacular que concorreu de igual para igual com o IBM /3
e suplantou uma série de S.Os. europeus (como Logabax - Francês e
Nixdorf - Braço de TI da Siemens);
SoX - o 4º UNIX do mundo, antes de HP-UX, AIX, ... O SoX criou o
conceito de máquina virtual, pois a parte do kernel que falava com o hw,
foi envelopada de forma a só trocar os endereços, chamávamos a isso de
"envelope".
Devo ter esquecido de algum(s).
Mas voltando ao início do papo, onde o Rodrigo falou sobre as safadezas
que a MS cometeu, no fim dos anos '80, o preço do sw sobrepujou o custo
do hw, mostrando que suplantaria ainda mais. Seria de forma avassaladora
Até então não havia nenhuma chiadeira, mas qdo se viu que o sw é que
importava, a Cobra já havia desenvolvido o SoX (leia-se UNIX) e a Scopus
já produzia o SISNE (leia-se DOS todo escrito em C), que eram os 2 S.Os.
que se usavam à época.
Foi aí, qdo éramos o 6º do mundo em TI (produzíamos 80% do hw e do sw
que consumíamos), que a porca torceu o rabo e começou o boicote
(capitaneado pela MS) aos manufaturados brasileiros, como papel, sapato,
... e os jornais começaram a publicar (matéria paga enrustida) que a
Reserva de Mercado era um atraso para o Brasil, pois tornava os
computadores muito caros...
Imagine a qualidade do sw que estaríamos produzindo se a reserva
existisse até hj...
Enchi o saco de todos com esse email enorme, mas associo muito o que
vivíamos naquela época com o atual quadro de Sw Livre no Brasil,
conclamando os colegas a desenvolver, desenvolver e desenvolver.
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