[PSL-Brasil] Software Inimigo do Estado por Eduardo Santos

Claudia Archer claudiarcher em gmail.com
Quarta Março 25 19:30:58 BRT 2015


O próprio Estado é inimigo do Estado.
 Em 25/03/2015 17:19, <anahuac em anahuac.eu> escreveu:

>
> http://www.eduardosan.com/2015/03/25/software-inimigo-do-estado/
>
> Software Inimigo do Estado
>
> O ano é 1998 e o protagonista, o famoso ator Will Smith, está sentado em
> uma mesa de café. Discute com uma mulher a entrega de evidências que podem
> ajudar seu cliente, uma vez que era advogado. Alguns minutos depois está
> fugindo enlouquecido pela cidade acusado de vários crimes que não cometeu,
> e até mesmo sua família passa a crer que pode ser culpado. Seu crime? Saber
> demais, mesmo sem saber do que realmente sabia.
>
> O filme narra a saga de uma situação que parecia completamente ficcional
> para a maioria das pessoas no ano de 1998: o Governo mantém total controle
> sobre tudo e todos utilizando equipamentos de vigilância eletrônica, muitos
> deles ilegais. Até que um pouco mais tarde surge o incrível Jack Bauer e
> mostra na nossa cara como essa vigilância acontece em nível global. Claro,
> era uma ficção apenas que costumava ver com meu pai. Ele acreditava
> cegamente que tal situação nunca seria possível. Afinal, como pode um
> Governo monitorar a tudo e a todos?
>
> Uma emblemática fala do filme Inimigo do Estado resume um sentimento que
> parecia surreal à época:
>
>     A única liberdade que resta é a de pensamento, e talvez seja o
> suficiente.
>
> Um pouco mais tarde surge o grande Edward Snowden que descreve como a
> vigilância acontece em nível global e continuamos achando que não é
> conosco. Dessa vez ninguém se preocupou em negar, apenas em acusá-lo de
> traidor, “cagueta” e outras coisas interessantes. A novidade? Estavam
> espionando a Presidenta do Brasil. Sim, liam os e-mails da Presidenta e
> tudo o que ela enviava para todos os seus Ministros. Como? Ela usava uma
> suíte de Correio proprietária da Microsoft.
>
> Vale uma pausa para explicar um pouco sobre o significado da liberdade.
> Não vou discorrer muito sobre o tema, mas você pode se divertir buscando
> por aqui tudo o que já escrevi. Em geral a liberdade só é percebida quando
> sentimos falta dela, ou seja, quando somos impedidos de fazer algo que
> queremos por não estarmos de posse da mais absoluta e plena liberdade.
> Nossa Presidenta se fez de bravinha quando percebeu que tinha perdido a
> liberdade e soltou um Decreto para defender a Segurança Nacional, mas isso
> é assunto para outra oportunidade. O ponto que quero levantar aqui é: ela
> já sabia.
>
> Sim, ela já sabia pois conheço pelo menos três pessoas que enviaram
> recomendações à Presidência da República para substituir a ferramenta de
> e-mail proprietária. O motivo era óbvio: como é possível tratar assuntos de
> interesse da Segurança Nacional com ferramentas cujo código-fonte é fechado
> é são produzidas por outros países?
>
> E você, que está aqui lendo essa mensagem, você também sabe. Você sabe
> porque muita gente já te falou, mas você não acreditou né, porque afinal, é
> aquele bando de malucos seguidores do Stallman. São aqueles que ficam
> implicando com o que você coloca no seu computador. Tem até um maluco lá da
> Paraíba que “ousou” atacar o seu facebook sagrado. Como ele pode fazer
> isso, não é mesmo? Mas deixa eu te contar um segredo: eles estão te usando.
> E você sabe, mas não liga, porque né, o face é sagrado.
>
> O ser humano tem uma capacidade incrível de se acomodar, principalmente
> quando vai ficando velho. E confesso: estou acomodado. Mas antes de falar
> de mim, gostaria de contar uma história que se confunde um pouco com a do
> início do Governo PT na esfera Federal (infelizmente, acredito eu). Era uma
> história de um grupo de pessoas que, notando algumas dessas coisas malucas,
> perceberam que esse negócio de Software Livre era importante para o país e
> começaram a se mexer. No começo eram iniciativas isoladas; depois um
> movimento foi surgindo, que culminou no Fórum Internacional de Software
> Livre. Durante algum tempo o FISL poderia ser considerado um dos maiores
> eventos de Software Livre do mundo.
>
> Contudo, com o passar do tempo, o FISL também se acomodou. O motivo é
> simples: antigamente era basicamente um encontro de técnicos e entusiastas
> do tema, mas o povo foi ficando mais, digamos, “engajado”. O que era pra
> ser uma organização em torno do tema Software Livre (em negrito aqui)
> acabou se tornando um encontro de políticos que orbitam ao redor do tema
> Software Livre. O ser humano é político, eu sou político, você é político,
> mas as organizações devem servir às pessoas e seus princípios, e não o
> contrário. Apesar de saber que estou desagradando algumas pessoas ao
> escrever isso, a Associação Software Livre pode defender várias coisas
> hoje, até mesmo o Fórum Internacional de Software Livre, mas já faz muito
> tempo que não defende o Software Livre em si. Por quê? Porque o sistema
> hoje trabalha para manter o próprio sistema, como já dizia o sábio Capitão
> Nascimento. Os ideais da OSI, já bem explanados pelo amigo Anahuac,
> prevaleceram sobre a defesa da liberdade inexorável e indispensável sobre
> todos os aspectos do software.
>
> É nesse momento que devemos aplaudir as iniciativas diferentes, como a do
> Coordenador Geral do FLISOL Brasil, Thiago Paixão. Contrariando muitos
> interesses que não sabemos bem quais são, teve a coragem de soltar uma
> recomendação para que não se instale Ubuntu no FLISOL em 2015. Por quê,
> você deve estar se perguntando. A resposta é simples: porque Ubuntu não é
> Livre! É surreal termos que explicar porque não queremos a instalação de
> software privativo no Festival Latino Americano de Instalação de Software
> Livre. Sim, Ubuntu não é Livre, e nada mais justo que não instalá-lo em um
> festival a favor da liberdade de software, mas é preciso pensar fora da
> caixa. Não se trata apenas de uma pura e simples recomendação ou birra com
> a Canonical: é uma contra revolução. É uma resposta aos que foram
> absorvidos pelo sistema, ao dizer pra eles que não aceitamos acordos pela
> manutenção do sistema. Se o jogo se tornou contra nós continuaremos lutando
> sozinhos, mas pelo menos olharemos para o lado sabendo quem está de verdade
> conosco.
>
> O Software privativo é inimigo do Estado, e não somente do Estado nacional
> do Brasil, mas da ideia de Estado pregada pela democracia. O software
> privativo é uma arma de controle, das mais eficientes já elaboradas pela
> humanidade, e ao utilizá-lo você concorda em ser subserviente. Digo mais:
> quem usa software privativo ou promove a sua utilização é Inimigo do
> Estado, não se preocupa com a liberdade e trata apenas de seus interesses
> egoístas. Somos todos Inimigos do Estado em algum ponto, pois nos
> utilizamos de ferramentas e serviços proprietários quando nos é
> conveniente. A pergunta que fica é: e agora que você tomou a pílula azul? O
> que você vai fazer? De que lado está?
>
> Por Eduardo Santos
>
> --
> Anahuac de Paula Gil
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