[PSL-Brasil] Que lindo, a ficha está caindo: "FLISOL de Curitiba rejeita repeteco da campanha querendo dividir as comunidades no evento"

fabianne balvedi fabs em estudiolivre.org
Domingo Fevereiro 14 10:43:27 BRST 2016


Em 13/02/2016 13:22, <azxy em openmailbox.org> escreveu:
>
> Pessoas que acham aceitavam instalar software não livre em um evento de
instalação de software livre são ignorantes em relação ao que é o movimento
do software livre. Não compreendem a essência do movimento.

é verdade, também estamos todos no movimento da vida neste planeta e a
maioria também ignora a sua essência (a não ser que justo você não seja um
ser vivente, mas um poltergeist que veio aqui só para nos trolar, afinal
nunca se identificou ou assinou suas mensagens :o).

desse movimento da vida, quem pode afirmar com certeza qual é essa
essência? E o que leva você a achar que sabe com tanta certeza qual é a
essência do movimento do software livre?

porque já que é pra valorizar mesmo a filosofia, chega de fazer tábula rasa
dela. Filosofemos também com a subjetividade das humanas, e não apenas com
a objetividade das exatas. Se é mesmo a filosofia do software livre o que
mais nos interessa, aquilo que nos coloca em movimento, então é bom
refletirmos pelo menos um pouquinho sobre o que significa filosofar e quais
são os prováveis polos existentes nessa energia potencial:

http://www.flf.edu.br/revista-flf.edu/volume06/V6_05.pdf

"Desde a antiguidade, existem filósofos dogmáticos, como Parménides
(515–440 a.C),
Platão (427–347 a.C) e Aristóteles (384–322 a.C). Para Immanuel Kant
(1724–1804), o
dogmatismo é 'toda atitude de conhecimento que consiste em acreditar na
posse da certeza ou
da verdade antes de fazer a crítica da faculdade de conhecer'”.

O Ceticismo é a atitude filosófica oposta ao dogmatismo, defendida por
Pirro de Elis
(360–270 a.C), que duvida que seja possível um conhecimento firme e seguro.
O termo
significa “investigação” ou “procura”, de forma que, o saber não consiste
em alcançar a
verdade, mas somente procurá-la. O cético tanto “observa” e “considera” que
conclui, nos casos
mais radicais, na impossibilidade do conhecimento. David Hume (1711–1776)
se diz cético, ao
admitir que 'estamos subjugados pelos sentidos e pelos hábitos, o que reduz
as certezas à
probabilidades'.

Augusto Comte (1798–1857) diz que a vida humana existe em estado dogmático
ou
cético, refletindo o antagonismo entre ambos, e acrescenta 'ceticismo nada
mais é do que uma
passagem de um dogmatismo anterior para um novo dogmatismo'."

a partir dessa abordagem pode-se perceber o por quê das posições
extremistas serem comparadas a religiões, uma vez que estas estão lotadas
de dogmas.

dia desses assisti a um filme sobre um dos maiores poetas que este planeta
já abrigou, São João da Cruz. E me foi impossível não fazer um paralelo das
situações por ele vividas com as situações que encontramos no movimento do
SL. Em determinado momento de sua jornada, ele encontrou-se com Teresa de
Ávila, que contou-lhe sobre seus projetos para reformar a Ordem Carmelita,
que visavam purificá-la ao reintroduzir a observância da regra original, de
1209, que havia sido relaxada pelo papa Eugênio IV em 1432.

"De acordo com ela, a maior parte do dia e da noite deveria ser dedicada à
recitação da liturgia das horas, aos estudos e leituras devocionais, à
celebração da missa e a períodos de contemplação solitária. Para os frades,
haveria ainda um tempo dispendido na evangelização da população vizinha ao
mosteiro. A abstinência completa de carne e longos períodos de jejum
deveriam ser observados a partir da Festa da Exaltação da Cruz (14 de
setembro) até a Páscoa. Haveria ainda longos períodos de silêncio,
especialmente entre as completas e a prima. As roupas deveriam ser mais
rústicas e mais simples do que as que passaram a ser utilizadas depois de
1432. Além disso, todos deveriam obedecer à injunção contra o uso de
calçados (que também havia sido relaxada em 1432) e foi desta última
observância que os seguidores de Teresa entre os carmelitas passaram a ser
chamados de "descalços", distinguindo-os dos frades e freiras não
reformados."

https://pt.wikipedia.org/wiki/João_da_Cruz

suas posições eram consideradas muito radicais pelos demais membros da
igreja cristã. Em um dos diálogos roteirizados, a fala de João da Cruz
lembrou-me demais de algumas falas em nosso movimento, como esta em relação
à perda de uma essência. Suas críticas tinham muito fundamento, ao mesmo
tempo que as de seu interlocutor também: ao radicalizar no cumprimento das
regras carmelitas, estes se afastavam muito da realidade da comunidade e
seus leigos, e passavam a perder a capacidade de ajuda-los como pontes,
sempre tão necessárias no objetivo de se atingir a "religação" com Deus.
Mas isso nunca chegou a ser um problema. Tendo contato direto com com o
divino em contemplação, os carmelitas oram por todos, e nisso tem um papel
importantíssimo e muito digno em sua seara de movimento dentro do
cristianismo. Afinal as pontes podem ser feitas por outras ordens, não é
verdade?

por isso, a única diferença que vejo entre o modo deles exercerem seu
radicalismo dentro de seu movimento cristão e no modo como os radicais do
movimento do software livre atuam é que os cristãos carmelitas não ficam
criticando quem não entra para a ordem deles, quem não segue as regras
deles, e tampouco ficam taxando estas pessoas de traidoras do cristianismo,
pois compreendem que outras ordens são necessárias. Criticam apenas quem
faz a escolha de ser um carmelita e afrouxa esta regra.

bom domingo a tod*s!

fabs

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