[PSL-Brasil] Que lindo, a ficha está caindo: "FLISOL de Curitiba rejeita repeteco da campanha querendo dividir as comunidades no evento"

Alexandre Oliva lxoliva em fsfla.org
Quarta Fevereiro 17 17:06:05 BRST 2016


On Feb 16, 2016, anahuac em anahuac.eu wrote:

> Em seguida porque a nova geração já chegou ao FLISOL contaminada por
> essa percepção de que vale a pena sim, instalar software não livre
> para ajudar o Software Livre e hoje, somando esforços a velha guarda
> que cansou de brigar, e prega que essa contaminação é a "evolução do
> Software Livre".

É o que tenho chamado de "telefone sem fio".

Ainda que uma mensagem inicial do Movimento Software Livre tenha sido
correta, quem ouviu e particiou do FLISoL mas decidiu instalar software
privativo deturpou a mensagem.  E quem ouviu a mensagem deturpada não
entendeu direito e deturpou mais ainda.  E assim por diante. Deu no que
deu.

> Não sei se isso se aplica em todos os casos. Eu acredito que se
> conseguíssemos de forma unificada e coordenada fazer com que todos os
> voluntários e organizadores do FLISOL estabelecessem limites claros de
> instalação de software não livre, seria um tremendo avanço.

Se houvesse ao menos um acordo formal no sentido de o evento progredir
na direção do Software Livre ao longo do tempo, acho que daria pra
entrar numa dessas, porque seria um compromisso coletivo, não só um
compromisso individual que qualquer novo voluntário que pegou a mensagem
torcida poderia dizer que não concorda e que faz o que quiser no FLISoL.

Mas quais as chances de um acordo desses a nível internacional,
nacional, ou mesmo de uma sede que seja?

> Num movimento como esse, planejado, as consequências seriam
> extremamente benéficas, tendo em vista o distanciamento que os atuais
> voluntários e organizadores tem do chamado FLISOL Ideal.

+1

>> Dito isso, vejo uma polarização exagerada neste debate.  Não só
>> alimentada por "torcidas" de distros, ou pelas diferenças que se
>> costumam atribuir a estratégias OSI/Linux ou FSF/GNU.

> Não há exagero algum. A polarização existe mas sempre esteve sob um
> manto, uma neblina, que encobriu a permissividade e complacência do
> OSI/Linux com o software não livre, o pensamento mercantilista e a
> tentativa retórica de reduzir nossa filosofia a um modelo de produção
> de software.

Não discordo, mas quando vejo você e a galera do Curitiba Livre
discutindo, não é essa a polarização.  Nesse caso, é #tamojunto #sóquenão
:-)

>> Estou enxergando um problema crucial relacionado à compreensão do
>> significado de "instalar".  Deixa eu explicar.

>> Se alguém chegasse ao FLISoL e pedisse pro voluntário da organização
>> instalar o Microsoft Office, espero que seja consenso que isso não rola.

> Porque não rola?

Porque minha esperança é maior do que deveria?

> porque MS Office não pode?

Só achei que isso já fosse consenso.  Acho que isso tá tatuado perto de
alguma das cicatrizes que ganhei em discussões na lista internacional do
FLISoL em anos anteriores ;-)

> Para ser honesto, parece que o único consenso parece ser a não
> instalação de Windows.

Vai ver é isso e eu me confundi.

> É mais grave. Hoje o cara ouviu falar que tem um tal de Steam. E sou
> capaz de apostar que se um usuário chegar no próximo FLISOL e pedir
> para instalar o Steam ele será atendido em 90% das cidades. Em
> Brasília é 100%!

:-(

> Nesse caso específico seria necessário copiar o driver ou firmware da
> instalação de software não livre já existente para usá-lo na
> instalação do GNU+Linux.

Possivelmente não precise nem copiar, basta montar a outra partição e
fazer um symlink no lugar certo.  Mas enfim...  O ponto é mostrar pro
usuário que esse software NÃO FAZ PARTE do mundo Livre, é um software
privativo que ele já usava e, se fizer questão, pode continuar usando,
pelo menos enquanto tiver essa máquina que não respeita sua liberdade.
Esse é o ponto crucial da minha longa mensagem anterior.

> Ao que parece a evolução deste ano, em alguns FLISOL, será avisar aos
> usuários dos malefícios do software não livre que será instalado.

Embora pequeno e contraditório com o exemplo, já é um avanço.  Algumas
das cicatrizes que ganhei foram por sugerir justamente isso ;-)

> Depende... pense bem, se ele antes usava um driver não livre e parece
> razoável usar o ndiswrapper para carregá-lo na instalação do GNU+Linux
> por ele utilizá-lo antes, o mesmo se aplicaria a usar o Wine para
> instalar o MS Office que ele já utilizava antes?

Não é instalar, é usar o que já tá lá instalado.  Essa é a diferença que
eu tentei mostrar, e pelo jeito não consegui.

>> Parece-me que instalar uma distro que não empacote nem ofereça os blobs,
>> mas que tampouco impeça sua carga, seja a solução ideal para um FLISoL
>> conscientizador.

> Conhecemos alguma assim?

Assim, de cabeça, não me ocorre nenhuma com todas essas características.
Das que conheço, o Debian GNU/Linux provavelmente é o que mais se
aproxima.  Talvez o Trisquel, cujo mantenedor queria muito permitir a
carga de firmware blobs instalados (sem porém induzir à sua instalação)
a ponto de fazer uma modificação assim no GNU Linux-libre que usa.  Não
sei até que ponto ele fez, mas pelo menos alguns drivers ele mostrou que
sabia bem como fazer.

>> Ainda que o processo não seja tão simples quanto o de
>> uma distro que detecta a instala todos os blobs que possam vir a ser
>> úteis, a busca pelo blob desejado pelo usuário na partição do sistema
>> usado anteriormente e a configuração do sistema novo para utilizá-lo me
>> parece muito mais elucidativa para o visitante do que "apertar o ENTER",
>> especialmente se for acompanhada de uma explicação.

> Sem dúvida, mas isso pressupõe que todos os voluntários sejam capazes
> de fazer isso. Eu mesmo não saberia nem por onde começar.

Putz, eu lembro de já ter visto (e limpo) vários arquivos da
documentação do Linux que diziam que arquivo de driver buscar e como
extrair o firmware dele.  Tem até uns scripts no Linux que fazem isso,
tipo get_dvb_firmware...

Mas, enfim, se fazer isso fica difícil, como já manifestaram vários,
será que buscar o blob no repositório webgit do linux-firmware é mais
viável?  Porque, tipo assim, o ponto central não é exatamente encontrar
o blob no disco do cidadão e usar exatamente aquela cópia, mas deixar
claro que é o mesmo programa que ele já usava antes, não está havendo
nenhuma perda de liberdade adicional por aceitar novos termos de
licenciamento restritivos, nem por aceitar termos iguais sobre uma nova
peça de software.

> Além do mais isso implicaria em manter o sistema operacional não livre instalado?

Sempre dá pra copiar antes, né? :-)  Ou extrair do backup :-)

>> Por exemplo, de que
>> há distros (talvez até a própria distro instalada) que oferecem esses
>> programas em seus repositórios.  De que o objetivo do FLISoL não é
>> instalar esses programas privativos, mas instalar Software Livre e
>> conscientizar sobre o problema dos programas privativos, porque é parte
>> de um movimento político-social maior que procura curar a sociedade
>> dessa enfermidade.  De que, por compreender que cada usuário tem seu
>> tempo e sua liberdade, viabilizamos que continue usando aquilo de que se
>> tornou dependente e de que não pode se livrar imediatamente, sem porém
>> facilitar ou efetuar uma nova instalação de tais programas, apenas
>> utilizando os que já estavam lá.

> Interessante Oliva... essa última frase me remete ao que perguntei
> acima por não estabelecer limites. Usar antes não deveria ser um
> parâmetro irrestrito para instalação de software não livre.

Não é instalação, é só não-remoção e configuração.  Lembre, não é FLASoP
(... de apagamento de software privativo), é de instalação de Software
Livre.

> Eu entendo que a instalação de um firmware ou driver não livre possa
> ser algo desculpável por não haver um substituto livre

IMHO não é.  Meu pensamento nada tem a ver com a existência de um
substituto livre.  O mesmo argumento que usei vale se houver, mas o
usuário optar por continuar usando aquilo com que já estava acostumado
naquele computador, para que dê o passo seguinte A SEU TEMPO.

> Mas é um risco calculado estrategicamente para tentar
> realinhar o FLISOL com os ideias do Movimento Software Livre.

Eu entendo o cálculo e concluo que o que eu proponho atinge o mesmo
objetivo prático (permitir ao usuário continuar usando um dispositivo do
computador que depende de software privativo presente no sistema
anterior), porém com uma vantagem de conscientização: deixar claro que
esse blob não é Software Livre, não é algo desejável, e que ele deve
tentar evitar essa dependência (e outras similares) no próximo
computador.  Mas que, enquanto usar esse computador, o estrago já estava
feito, então, se ele não quiser consertar esse problema agora, dá pra
quebrar um galho, pra ele conhecer e entender melhor e, espera-se, um
dia dar o passo adiante.

-- 
Alexandre Oliva, freedom fighter    http://FSFLA.org/~lxoliva/
You must be the change you wish to see in the world. -- Gandhi
Be Free! -- http://FSFLA.org/   FSF Latin America board member
Free Software Evangelist|Red Hat Brasil GNU Toolchain Engineer


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