[CuritibaLivre] Treinamento LibreOffice PMC

Paulo de Souza Lima paulo.s.lima em varekai.org
Sexta Novembro 29 09:39:23 BRST 2013


Bom dia, pessoal.

Eu sei que vou ser polêmico e, provavelmente, causar um certo desconforto a
alguns, mas eu vou dar a minha opinião assim mesmo.

Nos contatos anteriores ao email do Robinson (as reuniões), o pessoal da
prefeitura dizia que gostaria de ter o "apoio da comunidade" para questões
envolvendo capacitação dos servidores, visto que há uma certa tendência à
adoção de algumas plataformas em software livre.

No primeiro email do Robinson, não ficou claro o que exatamente ele queria
(treinamento, workshop, bate papo, etc.).

Desde o início, estava claro para mim que o objetivo dele era uma proposta
comercial. No entanto, eu vi nisso uma oportunidade de "educar" o pessoal
da prefeitura sobre como trabalhar colaborativamente, já que, obviamente,
eles não estão acostumados a isso. Foi por isso que eu me propus a oferecer
o workshop.

Minha primeira "lição", foi dar a eles a escolha de como apoiar e retribuir
ao esforço da comunidade, já que alguns membros dedicariam tempo, esforço e
conhecimento, de forma voluntária, para que eles recebessem a capacitação
que estavam buscando. No entanto, a resposta do Robinson, basicamente, foi
"já contribuímos apoiando a comunidade" (sem citar quais iniciativas
concretas e efetivas eles estavam fazendo neste sentido). Mais tarde, o
Paulo Santana me sugeriu que cobrássemos um valor entre 50 e 100 reais,
porque havia conversado com o Robinson e este havia informado que os
interessados (em torno de 15 pessoas) pagariam do próprio bolso, sem o
envolvimento da prefeitura. Sugeri, então que fosse cobrado o valor mínimo
(50 reais por pessoa), mas que eu abririam mão de TODA a renda, de forma
que o dinheiro iria para um fundo para que pudéssemos dispor de alguma
verba para fazer camisetas, brindes, comprar algum prêmio para algum
concurso (tipo o concurso da logo), etc. Ele se dispôs a estar comigo na
data para ajudar na organização.

Após isso, recebemos um email do Robinson questionando o valor ("50 reais?
É isso mesmo?", nas próprias palavras dele). Prontamente, o Paulo sugeriu
que ele fizesse uma contra-proposta que nunca chegou. O Robinson
simplesmente parou de trocar emails sobre o assunto conosco.

Claro que 50 reais multiplicados por 15 pessoas dá a quantia de 750 reais,
o que não é muito, nem para um investimento individual, nem para o conjunto
de pessoas. Qualquer um de nós gastaria mais do que isso num almoço de
domingo (alguns gastam mais do que isso no almoço TODOS OS DIAS). Além
disso, eu e o Paulo estaríamos também "pagando" para fazer o evento, já que
comprometeríamos um dia de nossas vidas oferecendo o nosso conhecimento
adquirido e experiência, VOLUNTARIAMENTE, para capacitar pessoal da
prefeitura. Portanto, não estaríamos lucrando absolutamente nada com isso,
a não ser o prazer de fazer algo altruisticamente, em favor da comunidade.

Mas o fato é que, logo depois, o Gustavo comentou que eles estavam fechando
com a Logicus. Eu não vejo nenhum problema no fato deles fecharem com a
Logicus. É legal ver o Gustavo tendo sucesso comercial com a empresa dele.
Mas também é fato que:

1 - Os interessados pelo evento não contribuíram em nada para a comunidade,
apesar de dizerem que "apoiam".
2 - A visão do Robinson é a de uma prestação comercial de serviços, e não
de um evento onde eles adquiririam conhecimento em troca de uma pequena
contribuição para que a comunidade realizasse outros eventos de divulgação
e promoção do SL.
3 - Obviamente, essas pessoas pensam que a comunidade é um agenciador
comercial, já que se utilizaram da lista para buscar fornecedores de
serviços para as suas necessidades de capacitação.
4 - Não há interesse nenhum da parte deles de contribuir com a causa do SL,
nem com a construção do conhecimento de forma colaborativa, já que
obviamente, eles não estão familiarizados com esse tipo de coisa, nem como
isso funciona.
5 - No meu planejamento do workshop, eu dedicaria pelo menos entre 30 a 45
minutos para "educar" essas pessoas sobre a filosofia do SL e do
desenvolvimento colaborativo, tentando incentivá-las a participar da
comunidade, o que obviamente, uma empresa privada não fará porque não está
no foco do acordo comercial entre as partes.

Enfim, a lição que tiro do episódio é que não adianta apenas oferecer às
pessoas o que elas dizem necessitam. Nem elas sabem o que precisam. É
preciso educar e conscientizar. Só que elas não querem ser educadas e
conscientizadas, e ninguém faz aquilo que não quer. O pessoal da prefeitura
precisaria conhecer mais a comunidade e a filosofia do colaboracionismo
para apoiar a comunidade, o que obviamente, não é do interesse deles. Eles
também precisam entender que a comunidade não tem o objetivo de ser balcão
de agenciamento de negócios entre eles e as empresas que participam dela. O
máximo que podemos fazer é INDICAR quem faz. As iniciativas da comunidade
devem ser no sentido EDUCATIVO e CONSCIENTIZADOR, nunca no sentido
comercial. Existem outras entidades que podem fazer o papel que o Robinson
esperava que essa comunidade fizesse, como as Cooperativas, a Associação
Comercial do Paraná, as páginas amarelas da lista telefônica, etc.

Bom, esses são os meus 2 centavos. Desculpe se ofendo alguém, mas eu gosto
de deixar claro o que penso e a minha visão dos fatos. Vocês podem até
discordar de mim, mas eu não vou deixar de dizer o que eu penso. Que o pau
quebre, agora! :-)

Abraços e tenham um ótimo dia.

-- 
Paulo de Souza Lima
http://almalivre.wordpress.com
Curitiba - PR
Linux User #432358
Ubuntu User #28729

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