[gt-educacao] Fwd: Fwd: Re: Citações na Internet

Ana Cristina Fricke Matte acris em textolivre.org
Quinta Fevereiro 21 05:54:35 BRT 2013


Não somos só nós discutindo, mas lá o foco é outro:

> Science as an open enterprise: open data for open science

Philip Campbell, editor-chefe da revista <i>Nature</i>, fala em conferência
em São Paulo sobre como tornar a ciência mais acessível e sobre a
importância de se escrever bem um artigo científico

Leia em: http://agencia.fapesp.br/16859

Em 19 de fevereiro de 2013 09:46, Ana Cristina Fricke Matte <
acris em textolivre.org> escreveu:

> Tel,
> onde eu assino?
>
> Aproveito para contar que consegui publicar meu primeiro livro em Creative
> Commons agora no final de 2012 (saiu do prelo em janeiro), numa coleção na
> qual todos os outros títulos estão com copyright. E, também no final de
> 2012, consegui a confirmação de que a editora da faculdade de letras vai
> mesmo referendar meu pedido de fazer publicações on-line de livros em
> Creative Commons (logo deve sair outro nosso). Finalmente eu volto pra
> legalidade!
>
> O assunto é muito importante.
> Respondendo à Fá, verdade é algo que, de fato, não existe. Existem
> verdades. Teu cálculo da verdade num trabalho científico é mesmo um
> excelente exemplo, mas temos que considerar também a multiplicidade de
> pontos de vista que fazem com que as verdades não sejam verdadeiras para
> todo mundo. E isso não diminui a cientificidade da coisa. Cientificidade
> depende de seriedade - o que, convenhamos, não há nada no mundo que possa
> garantir.
> É por isso que a ciência sempre tem que ser palco de debate, sempre aberta
> a críticas, sempre deve matar a cobra e mostrar o pau porque foto de cobra
> morta não garante que não vá dar o bote em seguida (até mesmo no próprio
> fotógrafo). E não pensemos que isso é regalia das humanas: quantas vezes
> nas exatas e nas biológicas os paradigmas são quebrados, muda-se a história
> e as crenças da ciência em virtude de novas descobertas? Felizmente,
> muitas, pois isso é fazer ciência.
> Também to adorando o debate :D
> bjs
> Ana
>
>
> Em 19 de fevereiro de 2013 08:51, Tel Amiel <tel.amiel em gmail.com>escreveu:
>
> gostando muito da conversa e as provocações da ana/fa - um tema que já vi
>> passar aqui na lista em outras ocasiões; o que me faz pensar sobre o que
>> podemos fazer para mudar um pouco esse sistema - me pergunto
>> especificamente o que podemos fazer de dentro da academia.
>>
>> me ocorre que poderíamos primeiro elencar sistematicamente o que
>> consideramos como problemas e buscar caminhos para promover essa mudança.
>> aproveito para (talvez atropelando o próprio processo que pontuei acima)
>> sugerir um caminho:
>>
>> estávamos discutindo em outra lista (REA) a dificuldade de manutenção do
>> portal SCIELO (
>> http://ecos-redescielo.bvsalud.org/tiki-read_article.php?articleId=56)
>> que quase ficou sem apoio do CNPq. me ocorreu então que ao invés de lutar
>> "contra" o CNPq e fazer pressão, poderíamos agir de outra maneira. que tal
>> uma carta aberta assinada por acadêmicos prometendo somente publicar seus
>> artigos em revistas abertas de acesso público? segue um pouco o iniciado
>> pelo gowers contra a publicação de artigos em revistas fechadas (
>> http://www.arl.org/sparc/media/QandA_with_Gowers_Neylon.shtml).
>>
>> isso permite maior visibilidade aos trabalhos acadêmicos, fortalece a
>> revisão por pares e revisão aberta (crítica/comentário/discussão) - entre
>> outros pontos para discussão; de quebra seria uma maneira direta de apoio à
>> scielo e outros projetos similares.
>>
>> parece um caminho?
>>
>> um abraço!
>>
>> tel
>>
>>
>> On 19/02/2013, at 05:49, Fa wrote:
>>
>> >
>> > Oi Aninha
>> >
>> >
>> > Estava aqui pensando, instigada pela sua frase:
>> >
>> > "Então precisamos disso só por causa do salário mesmo. O ego? ganha
>> > pouco: não há nada que a gente diga que seja de fato inédito, nada que
>> > seja tão brilhante que jamais tenha sido pensado, dito, escrito,
>> > debatido por outra pessoa (to aqui lembrando da palestra que dei em Poa
>> > em janeiro, na qual eu percebi que quase tudo que a ciência moderna
>> > descobriu já tinha sido afirmado pelos gregos... "
>> >
>> > Sabe por que eu gosto de estatística, apesar de saber bem pouquinho?
>> >
>> > Ela mostra que temos que ser humildes.
>> >
>> > Pois, mesmo com uma amostra muito bem planejada e coletada, e tendo
>> > trabalhado com o método mais correto, sempre podemos cometer erros
>> > (tipo I e II).
>> >
>> > E que, chegando a uma conclusão, após aplicação do teste mais indicado
>> > para a situação estudada, ainda há 5% de ser totalmente obra do acaso e
>> > não da causa que apontamos.
>> >
>> > Ou seja, na melhor das hipóteses, e trabalhando muito bem, temos 5% de
>> > chance de afirmarmos algo totalmente errado.
>> >
>> > Quando alguém fala de valorizar o ego, em relação à ciência, há algo
>> > que eu sei. A pessoa deve ser alguma coisa. Pode ter prestígio e poder.
>> > Mas não é um cientista.
>> >
>> > É um técnico desconectado da realidade. Ou seja, é um mero aplicador de
>> > metodologias. Que podem ser bastante complicadas e "de ponta" e lhe
>> > dando a aparência de um pesquisador.
>> >
>> > Mas não tem amor à verdade. Não a procura, nem  investiga. Em geral, só
>> > quer propalar suas convicções, sem saber bem o porquê delas e às quais
>> > não sabe como chegou.
>> >
>> > E uma frase concisa e bem dita, pode destruir todo o trabalho dele, por
>> > conter a ideia daquela verdade que ele não aceita. Pois, como disse
>> > antes, a frase explica, clarifica, espanta, chama a atenção, por conter
>> > a verdade, numa forma muito concisa e compreensível pela maioria das
>> > pessoas...
>> >
>> > Entretanto, se ele for razoavelmente bem relacionado, e se as pessoas
>> > mal lerem e nem refletirem sobre os trabalhos, o numero de citações
>> > serve bem para proteger esse cara, né? E também para proteger todo um
>> > sistema universitário burocrático, que faz muito pouco pelas pessoas...
>> >
>> >
>> > Beijins
>> > Fa
>> > ----------------------------------------------------------------------
>> > "A imaginação é mais importante que o conhecimento." - Albert Einstein
>> > ----------------------------------------------------------------------
>> >
>> > Ubuntu User number is # 32559
>> >
>> > Se houver documentos de escritório incluídos neste e-mail,
>> > eles poderão estar no formato ODF,
>> > um padrão aberto, gratuito e homologado pela ISO e ABNT.
>> > Para visualizar ou editar, basta copiar e instalar
>> > LibreOffice em http://www.documentfoundation.org/  ou
>> > Apache OpenOffice em http://www.openoffice.org/download/
>> >
>> > Cansou de vírus, pragas virtuais, travamentos e falta de desempenho?
>> > O melhor anti vírus é usar Linux :)
>> > Conheça o Ubuntu 12.10! http://www.ubuntu-br.org/
>> >
>> >
>> >
>> > Em 18-02-2013 07:05, Ana Cristina Fricke Matte escreveu:
>> >> Uau, Fá, quanta inspiração!
>> >> Concordo com teu questionamento. Essa questão da autoria, no mundo
>> >> científico, tem um propósito maior do que a simples atribuição de
>> autoria.
>> >> A simples atribuição de autoria não tem muito mais vantagem do que
>> >> encher currículos e nos permitir cumprir com as metas (absurdas,
>> diga-se
>> >> de passagem) que o meio acadêmico (agências e reitorias) nos impõe.
>> >> Então precisamos disso só por causa do salário mesmo. O ego? ganha
>> >> pouco: não há nada que a gente diga que seja de fato inédito, nada que
>> >> seja tão brilhante que jamais tenha sido pensado, dito, escrito,
>> >> debatido por outra pessoa (to aqui lembrando da palestra que dei em Poa
>> >> em janeiro, na qual eu percebi que quase tudo que a ciência moderna
>> >> descobriu já tinha sido afirmado pelos gregos... estava lembrando do
>> >> Heráclito...). Que bom!
>> >> Mas o propósito - a meu ver o real, o que de fato tem valor - da
>> citação
>> >> da autoria no mundo científico é que não existe uma verdade única, as
>> >> ciências caminham sempre plurais e é muito importante saber em que
>> >> quadro teórico - ou, melhor ainda, em que quadros teóricos - o texto
>> que
>> >> estamos lendo se encaixa. Saber quem ele leu e como se posiciona frente
>> >> a isso permite essa retomada. E é uma retomada importante para o leitor
>> >> porque não dá pra criticar um texto científico sem consciência desse
>> >> quadro teórico, pois algumas vezes eles se contradizem e o meu modo de
>> >> pensar um assunto pode passar longe do modo de pensar o assunto do
>> autor
>> >> que estou criticando. Então a citação passa a ser útil, faz os links
>> >> entre as ideias, das quais somos meros portadores eventuais.
>> >> Taí, boa frase pro facebook :D
>> >> A brincadeira não é casual: descontextualizada, a frase vai entrar na
>> >> lista daquelas que, como você bem disse, servem pra qualquer coisa e,
>> no
>> >> fim, pra coisa alguma.
>> >> Por isso devíamos começar uma campanha nessas redes sociais: toda vez
>> >> que compartilharmos um artigo, devemos incitar as pessoas a lerem o
>> >> artigo e não se contentarem com a manchete. E nunca mais compartilhar
>> um
>> >> artigo sem ler (porque vai ter uns malucos, como eu, que de repente
>> leem
>> >> o artigo inteiro, vai saber o que vão achar, de fato, no teu
>> perfil...).
>> >> bjs e uma ótima segunda-feira!
>> >> Ana
>> >>
>> >>
>> >> Em 18 de fevereiro de 2013 01:48, Fa <fconti em gmail.com
>> >> <mailto:fconti em gmail.com>> escreveu:
>> >>
>> >>
>> >> Oi Paulo
>> >>
>> >>
>> >> Pois é...
>> >>
>> >> Como sabemos se citações em qualquer lugar são verdadeiras?
>> >>
>> >> Uma vez li uma tese em que o candidato confundiu-se atribuindo a um
>> >> autor, a citação de outro.
>> >>
>> >> Só descobri porque havia lido os trabalhos principais do autor
>> >> quanto ao assunto muito recentemente. Se não, teria passado em branco.
>> >>
>> >> -
>> >>
>> >> O trabalho para a conferência séria e é infernal.
>> >>
>> >> Meramente, apenas para corrigir autoria, quando alguém diz que
>> >> alguma está errada, já se tem bastante trabalho.
>> >>
>> >> -
>> >>
>> >> Estava pensando...
>> >>
>> >> Frases interessantes, espirituosas, engraçadas, são partes do
>> >> conhecimento a que se deve aplicar com rigor os desejos do império
>> >> do copyright?
>> >>
>> >> Não posso acreditar nisso.
>> >>
>> >> Acho até que, independente de quem as disse, elas explicam,
>> >> clarificam, espantam, chamam a atenção, por que alguém conseguiu
>> >> colocar uma verdade numa forma muito concisa e compreensível pela
>> >> maioria das pessoas...
>> >>
>> >> É uma ideia, voando de um jeito muito simples, e atingindo
>> >> fortemente quem tem a oportunidade de contatá-la.
>> >>
>> >> Só isso justifica seu uso, você não acha?
>> >>
>> >> -
>> >>
>> >> Evidentemente, não estou pensando em alguém que queira
>> >> deliberadamente mudar o que foi dito por alguém. Ou quem tenha
>> >> plagiado outra pessoa.
>> >>
>> >> Penso que o problema real, como em tudo que se aplica a textos, é a
>> >> aplicação, a interpretação do sentido.
>> >>
>> >> Quando bem aplicadas são  uma maravilha. E, lógico, quando mal
>> >> aplicadas são um terror.
>> >>
>> >> Imagine que estivéssemos numa situação em que quiséssemos justificar
>> >> algo pelo seu uso por muita gente. Que tal essas?
>> >>
>> >> "Se 50 milhões de pessoas dizem uma grande besteira, continua sendo
>> >> uma grande besteira." - Anatole France
>> >>
>> >> "Coma merda! Um bilhão de moscas não podem estar erradas." - Arnaldo
>> >> Jabor
>> >>
>> >> (Nem sei se as atribuições de autoria estão corretas.)
>> >>
>> >> Mas, percebeu? A forma como a pessoa usa a frase é que é o problema.
>> >> Pois é possível justificar quase que qualquer coisa com diferentes
>> >> frases.
>> >>
>> >> Em outro exemplo, o mesmo acontece quando se usa frases da Biblia
>> >> para explicar algo. Se pegarmos um versículo do Velho Testamento,
>> >> possivelmente a interpretação levará para um lado e se tomarmos um
>> >> do Novo, o sentido poderá ser claramente oposto.
>> >>
>> >> -
>> >>
>> >> Foi aí que surgiram as tags nos e-mails, que uso há tantos anos e
>> >> que parecem agradar tanta gente. E, talvez, a desagradar outros tantos.
>> >>
>> >>
>> >> Beijins
>> >> Fa
>> >> ------------------------------__------------------------------__--
>> >> "A grande vantagem do nudismo é que se pode viajar sem malas."
>> >> - Max Nunes
>> >> ------------------------------__------------------------------__--
>> >>
>> >> Ubuntu User number is # 32559
>> >>
>> >> Se houver documentos de escritório incluídos neste e-mail,
>> >> eles poderão estar no formato ODF,
>> >> um padrão aberto, gratuito e homologado pela ISO e ABNT.
>> >> Para visualizar ou editar, basta copiar e instalar
>> >> LibreOffice em http://www.documentfoundation.__org/
>> >> <http://www.documentfoundation.org/>  ou
>> >> Apache OpenOffice em http://www.openoffice.org/__download/
>> >> <http://www.openoffice.org/download/>
>> >>
>> >> Cansou de vírus, pragas virtuais, travamentos e falta de desempenho?
>> >> O melhor anti vírus é usar Linux :)
>> >> Conheça o Ubuntu 12.10! http://www.ubuntu-br.org/
>> >>
>> >>
>> >>
>> >>
>> >> Em 14-02-2013 12:25, Paulo Francisco Slomp escreveu:
>> >>
>> >>
>> >> Olá
>> >>
>> >> Recebi por email uma brincadeira sobre citações na Internet. Vejam
>> >> a imagem em anexo.
>> >>
>> >> Então pensei em modificar o "autor" da citação e escolhi o Gilles
>> >> Deleuze, tornando mais atual.
>> >>
>> >> Vejam também em anexo.
>> >>
>> >> :-)
>> >>
>> >> Abraços.
>> >>
>> >>
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