[gt-educacao] Compartilhamento do conhecimento em comunidades de software livre

Paulo Francisco Slomp slomp em ufrgs.br
Domingo Setembro 23 11:22:29 BRT 2018


Motivações para o compartilhamento do conhecimento em comunidades de 
software livre

Dissertação de Mestrado 2015

Autora: Balle, Andrea Raymundo

Compartilhamento do conhecimento é considerado um fator essencial para 
as comunidades de prática. As comunidades de software livre são 
consideradas comunidades de prática, pois agregam pessoas interessadas 
em compartilhar conhecimento sobre software livre. Uma das 
características das comunidades de software livre é ter membros muito 
diversos, quanto à idade, formação, cultura, entre outros aspectos, o 
que pode ser um desafio para que os líderes as mantenham ativas e 
energizadas. Os processos de compartilhamento do conhecimento são 
influenciados por diferentes motivações, dependendo do contexto. O 
objetivo desse estudo é identificar as motivações para o comportamento 
do compartilhamento do conhecimento em comunidades de software livre, 
que podem ser influenciadas pela ação dos líderes. Para isso, a pesquisa 
foi desenvolvida em três etapas. Primeiramente, foi realizada uma etapa 
qualitativa, onde vinte entrevistas semiestruturadas foram conduzidas 
com membros de uma comunidade. Essa etapa sugeriu dezesseis motivações 
para o comportamento de compartilhamento do conhecimento: oito 
influenciam doação e tem foco no conhecimento, quatro influenciam coleta 
e possuem foco no indivíduo, quatro influenciam ambos processos e são 
focadas nos relacionamentos entre indivíduos .Com base nos resultados da 
etapa anterior, foi realizada outra etapa qualitativa, onde cinco 
líderes de comunidades identificaram as motivações sobre as quais podem 
realizar alguma ação. Finalmente, as principais motivações indicadas 
pelos líderes foram testadas em uma etapa quantitativa, onde uma survey 
foi administrada em 260 membros de diferentes comunidades de software 
livre. Os resultados mostram que facilidade de acesso e aprendizado 
influenciam a coleta; reconhecimento, suporte e coleta do conhecimento 
influenciam a doação; e razões profissionais influenciam tanto a coleta 
como a doação do conhecimento em comunidades de software livre.

URI: 	http://hdl.handle.net/10923/7547

http://repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/7547

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Um trabalho a troco de nada? a experiência das comunidades on-line de 
produção do software gnome e da wikipédia lusófona, à luz da teoria da 
dádiva.

Autor:	Aguiar, Vicente Macedo de

https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23818

Tese de Doutorado 2017

Esta tese examina as especificidades da natureza do trabalho realizado 
por indivíduos que participam de duas comunidades on-line voltadas à 
produção de bens na contemporaneidade: a do software livre para 
ambientes de desktop, denominado de GNOME; e aquela da versão em 
português da enciclopédia livre Wikipédia, também conhecida como 
Wikipédia Lusófona. Indo além dos limites analíticos ligados ao 
utilitarismo econômico, buscou-se entender como o trabalho compartilhado 
por esses indivíduos – que nesta tese são denominados de hackers e 
wikipedistas – impacta na viabilidade de um processo de produção por 
pares e na manifestação de um sistema de dádiva na contemporaneidade. 
Para isso, adotando um método de imersão etnográfica de forma adaptada a 
esse universo digital, esta tese procurou, num primeiro momento, 
caracterizar o processo de produção por pares, aberto e não mercantil de 
cada uma dessas duas comunidades. A partir dessa análise organizacional, 
buscou-se descrever a natureza, a ética e a cultura do trabalho adotado 
pelos hackers e wikipedistas em cada uma desses projetos e os impactos 
dessa lógica de trabalho no entendimento de um sistema de dádiva entre 
estranhos que é mediado pelos liames digitais da Internet. Para 
aprofundar ainda mais esse processo de investigação qualitativa, 
identificou-se como esse fenômeno da dádiva entre hackers e wikipedistas 
contribui para ampliação do entendimento sobre ambos os projetos de 
produção por pares na Internet, por meio da compreensão de uma dinâmica 
social de governança e relações de poder simbólico. Como resultado, é 
possível afirmar que a opção pelo exame desse tipo de fenômeno à luz da 
teoria da dádiva, em especial aquela que se manifesta entre estranhos na 
contemporaneidade, revelou alto grau de inteligibilidade. Afinal, o 
trabalho empreendido no seio dessas duas comunidades é melhor 
compreendido quando associado à força da “regra de ouro”, que nas 
sociedades antigas era traduzida pela tripla ação de “dar, receber e 
retribuir”, mas que, na atual sociedade em rede, parece ter sido 
sutilmente adequada para a tripla ação de “acessar, contribuir e 
compartilhar”. Foi possível então constatar que esse sistema de dádivas 
entre estranhos, além de ser tecido e mediado pela Internet, pode 
viabilizar organizações globais que, na prática, vão muito além da livre 
produção e distribuição de bens: elas viabilizam relações e vínculos 
entre pessoas de diferentes partes do mundo que não brotariam na aridez 
do utilitarismo de mercado.

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Mulheres e tecnologia: hackeando as relações de gênero na comunidade 
software livre do Brasil

Autora: Paz, Mônica

Tese de Doutorado 2015

http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23550

Na seara dos estudos sobre Gênero, Ciência e Tecnologia, há correntes 
feministas que compreendem que a tecnologia e a sociedade se constituem 
mutuamente. Desta forma, também consideram que relações de gênero estão 
implicadas na tecnologia e em toda a sua cadeia de planejamento, 
produção, consumo e apropriação (CASTAÑO, 2008; GARCÍA, 1999; HARAWAY, 
2004; 2009; SEDEÑO, 1999; TABACK, 2007; WAJCMAN, 1991, 2006, 2009). 
Temos como universo desta pesquisa a comunidade das/dos entusiastas dos 
princípios sociotécnicos da cultura hacker e do movimento software 
livre, que são aqueles que acreditam que toda forma de informação, 
inclusive os programas computacionais, devem ser livres e difundidos 
entre todos (HIMANEN, 2001; LEVY, 1994; RAYMOND, 2001; SILVEIRA, 2004). 
Em teoria, a cultura hacker, o movimento software livre (SL) e os 
feminismos têm em comum o caráter ativista e questionador da ordem 
social, além de valores tais como a liberdade e a igualdade. Contudo, 
apesar desses ideais, há notáveis desigualdades e tensões de gênero no 
interior da comunidade software livre, evidenciado, principalmente, pelo 
baixo número de mulheres atuantes e pela própria existência de grupos de 
mulheres que discutem o tema. Sendo assim, a participação de mulheres se 
torna centro de debates e de atividades de empoderamento que buscam, em 
princípio, melhorar o convívio, o volume de uso e a qualidade da 
contribuição feminina ao software livre. Analisar estas organizações de 
mulheres na comunidade software livre com um olhar feminista é, de um 
modo geral, entendê-la enquanto espaço para a discussão de 
desigualdades, uma crítica à produção de tecnologia e à associação de 
ideologias masculinas hegemônicas à tecnologia. Nesta comunidade, 
escolhemos enquanto objeto empírico o grupo /MNT – Mulheres na 
Tecnologia <http://mulheresnatecnologia.org/>, que se propõe a debater o 
tema e fomentar a igualdade de gênero na área, também através do uso e 
da filosofia do software livre. O objetivo do trabalho é procurar 
conhecer o lugar social e ativista desse grupo de mulheres na comunidade 
SL do Brasil, buscando compreender como se dá a sua atuação e como as 
mulheres a percebem. Especificamente, buscamos 1) entender as motivações 
para a participação em grupos de mulheres nas TICs; 2) compreender as 
interações entre as mulheres do grupo e a relação com outros grupos 
similares; 3) investigar as tensões de gênero vivenciadas por estas 
mulheres; 4) conhecer as percepções destas mulheres sobre o tema gênero 
e tecnologias da informação e comunicação (TICs); 5) identificar as 
linhas de ação do grupo no sentido do empoderamento das mulheres na 
comunidade SL. A metodologia utilizada nesta pesquisa combina métodos 
qualitativos em ambiente online e presencial baseados na etnografia 
digital multimodal (AMARAL et al., 2008; BRAGA, 2006; ESTAELLA & 
ARDÈVOL, 2007; FRAGOSO et al., 2011; KOZINETS, 2009; MURTHY, 2008), ou 
seja, uma variação do método etnográfico adaptado ao ambiente digital. 
Dessa forma, confrontamos os princípios da cultura hacker e do software 
livre com as questões feministas a fim de interpretar como as mulheres 
estão modificando ou hackeando as relações de gênero nesta comunidade.

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Paulo Francisco Slomp
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Acionado com Software Livre
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