[Pontosdecultura] [CULTURA FEMINISTA] Como abordar mulheres sem ser nojento
Leila L
lopeslei em gmail.com
Terça Março 19 17:57:10 BRT 2013
Texto de Madeleine Davies. Tradução de Iara Paiva.
Originalmente publicado com o título: How to Talk to a Woman Without Being
a Creep, no site americano Jezebel.com
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Com mais e mais mulheres falando abertamente sobre assédio nas ruas, um
homem hétero pode ficar um pouco confuso sobre como se aproximar de uma
mulher em um local público. “Quer dizer que as mulheres não gostam quando
eu tiro seus fones de ouvido no metrô?” ele poderia perguntar. “E se eu
ficar muito perto? Elas também não gostam? Não se pode nem falar com
ninguém sem ser rotulado como predador sexual mais! Dane-se o Feminismo!”
Se você se comporta desse jeito, então sim. Você é um idiota e
provavelmente não deveria falar com ninguém. Nunca mais. Mas vamos supor
que você é apenas um cara legal que ainda não consegue entender a melhor
maneira de falar com uma mulher desconhecida em um espaço público. É ok ter
dúvidas. Namoro e paquera são, em geral, coisas difíceis de fazer e ainda
mais complicadas quando você toma a iniciativa e se apresenta para alguém
do nada. Mas adivinhem? É possível aproximar-se de uma mulher de uma forma
respeitosa e lisonjeira, sem ofendê-la ou assustá-la com a possibilidade de
você ser um tarado no metrô.
Quando a melhor abordagem não é óbvia, nem sempre é fácil de discernir o
que é bom eo que não é. Pelo bem das relações humanas, aqui está um guia
prático sobre como abordar uma mulher em várias situações.
Na rua
Vamos começar com o mais difícil. Digamos que você vê uma menina na rua que
se parece exatamente com Amy Pond de Doctor Who [NT se você não a conhece,
preencha com a moça bonita e cult de sua preferência] ou que está vestindo
uma camiseta da sua banda de hardcore obscura dos anos 80 preferida. Você
quer dizer “oi!”, claro, mas, primeiro tente descobrir se ela quer dizer
“olá” para você ou para qualquer outra pessoa. Você pode achar impossível
saber isso, mas as mulheres são seres humanos e, assim como outros seres
humanos, mostram sinais quando querem ficar sozinhas. Ela está andando
rápido? Não está fazendo contato visual com ninguém? Ela está prestando
atenção na calçada ou no celular? Se a resposta for sim, então talvez você
deva deixá-la ir, ela provavelmente não quer ser incomodada e você deve
respeitá-la. Lembre-se, as únicas pessoas que te devem uma conversa são, na
melhor das hipóteses, seu terapeuta ou seu advogado.
E se ela não esta caminhando rápido na direção oposta ou deliberadamente
evitando olhar para as pessoas na rua? Então talvez não haja problema em
aproximar-se (lembre-se, diferentes pessoas reagem às coisas de maneiras
diferentes). O mais importante, como é o caso quando se aborda qualquer
pessoa, é tratá-la como uma pessoa. Não faça sons de beijo para ela como se
fosse um cachorro (nós mulheres geralmente odiamos isso), não imite o som
que você acha que o bumbum dela faz quando anda (um “oi” é muito mais
eficaz do que “badoombadoombadoom”) e não diga que ela seria mais bonita se
sorrisse. Ela sabe a cara que está fazendo e não quer ninguém dizendo que
ela deveria mudá-la.
Considerando isso, se aproximar de alguém na rua é complicado.
Provavelmente você será dispensado, esteja preparado. Você interrompeu o
dia de alguém, pura e simplesmente, então se responderem negativamente, a
única coisa que você pode fazer é desculpar-se por incomodar (e fazê-lo
rapidamente, sem ser dramático ou criar caso) e educadamente sair de seu
caminho tão depressa quanto possível.
Além disso tudo, está escuro na rua? Se estiver, melhor nem tentar.
Em um café
Mais uma vez, preste atenção no que ela está fazendo. Ela está estudando?
Digitando apressadamente em seu computador? Se estiver, ela é uma moça com
um prazo a cumprir e, interrompendo-a, você corre o risco de ser um idiota.
Se você não desistiu, então, o mais importante a fazer é não constrangê-la
ou deixá-la desconfortável a ponto de sentir que precisa ir embora. Tente
pegar uma mesa que não esteja diretamente em seu campo de visão, desta
forma ela não vai precisar desviar o olhar para baixo caso dispense você.
Tente se aproximar dela como se estivesse de saída, peça desculpas por
interrompê-la (na verdade, a maioria das pessoas não se importa de ser
incomodada se você, educadamente, reconhecer a possibilidade de que pode
estar incomodando) e dê seu recado com gentileza e confiança. Se ela
aceitar, ótimo! Daqui há alguns meses você pode estar discutindo sobre
lugares à mesa para o seu casamento indie ou organizando um swingue na casa
nova de vocês. Se ela disser que não, gentilmente responda com um “Ok,
legal. Só pensei em perguntar.” E, em seguida, deixe-a sozinha.
Se é um lugar que ambos frequentam, muito melhor. Comece dizendo “oi”,
aumente para um “tudo bom?” e estabeleça um relacionamento. Dessa forma,
quando você convidá-la pra sair, ela vai ser muito mais inclinada a pensar
em você como o cara legal do café, e não como o esquisito que sempre tenta
interrompê-la enquanto ela lê “A Visita Cruel do Tempo”. Claro, ela ainda
pode dizer não e, a menos que ela diga explicitamente o quanto quer sair
contigo, batendo uma punheta para você no banheiro enquanto conversam, você
tem que desencanar. E lembre-se: ela não é uma vaca. Ela apenas não está
interessada.
No transporte público
Lembre-se que as mulheres lidam com o assédio sexual no transporte público
o tempo todo. A maioria de nós fica muito atenta quando pega o trem ou
ônibus, já que existe uma possibilidade maior de lidar com alguma merda.
Não estamos sendo paranóicas ou defensivas quando não queremos falar com
você. Estamos lembrando de ontem mesmo, quando alguém literalmente esfregou
seu pau nu em nós (ah, segundas-feiras!). É fácil ficar na defensiva e
dizer: “Bem, eu nunca faria isso”, mas tente se lembrar de que a maioria de
nós não é vidente e não temos idéia do que você faria ou não. Meu ponto é
que, se você está cantando meninas no metrô, espere levar um fora. A
maioria de nós não gostaria de ser convidada pra sair estando em espaço
fechado que é muitas vezes usado como banheiro. Uma vez um homem no trem
comeu um frango inteiro, de luvas, sem tirar os olhos de mim. O transporte
público não é um espaço seguro.
Foto de Ed Yourdon no Flickr em Creative Commons - Alguns direitos
reservados.
Foto de Ed Yourdon em Flickr de Creative Commons – Alguns direitos
reservados.
Mas talvez você viu a mulher dos seus sonhos e quer continuar assim mesmo.
Se ela te olhar, educadamente sorria para ela. Ela sorri – e não um sorriso
protocolar – de volta para você? Ela mantém abertamente o contato visual
com você também? Como eu disse antes, as mulheres são pessoas. Se nós
gostamos do que vemos, podemos enviar sinais por nós mesmas (geralmente
piscamos muito e lambemos os lábios excessivamente, mas dizem que somos
mais tímidas que isso).
Então, você decide ir enfrente e falar com ela. Tente elogiando em algo que
não seja físico ou sexual. É mais fácil do que você pensa: “tênis
incrível.” Ou: “Isso é uma bolsa-carteiro antiga? Eu estou querendo uma,
mas estou preocupado se as alças não vão machucar meus ombros.” (Se ela te
deixar experimentar a bolsa, considere fugir com ela. Só porque você não é
um pervertido, não significa que você não pode ser um ladrão). Se ela
parece aberta à conversar, bata papo amigável e tranquilamente. Se ela não
der abertura, sorria educadamente – mais uma vez, educadamente – e deixe-a
sozinha. Metade das preocupações que as mulheres têm no metrô é que alguém
se sinta no direito de sair nos chamando de vaca só porque não queremos ser
incomodadas. Não seja esse alguém.
Ah, e por favor, não se aproxime de nós quando estamos lendo ou ouvindo
música. Essas são coisas que fazemos para não sermos incomodadas. Metade
das vezes os fones de ouvido que estamos usando não estão nem ligados.
Ela é garçonete em um restaurante
Eu trabalhei como garçonete em um restaurante por muitos anos e vi minhas
colegas serem abordadas de várias formas diferentes, e alguns métodos sendo
muito mais bem sucedidos do que outros. Se você acha que está realmente
fazendo sucesso com a garçonete que te atende, pare e lembre-se que ela
talvez não esteja tão na sua, quanto você está na dela. Embora,
provavelmente, ela seja uma pessoa adorável na vida real, uma grande parte
da renda dela (e de qualquer garçonete) é baseada na capacidade de fazer
você eo resto da mesa gostarem dela. Ser legal com você e fazê-lo sentir-se
bem-vindo é o seu trabalho.
Foto de Alain Bachellier no Flickr em Creative Commons. Alguns direitos
reservados.
Foto de Alain Bachellier em Flickr Creative Commons. Alguns direitos
reservados.
Mas talvez você ache que as faíscas estão lá de qualquer maneira. Talvez
ela tenha piscado com força, lambido os lábios como eu disse antes (a
sério, as mulheres fazem isso o tempo todo). Se for esse o caso, e você
quer convidá-la pra sair, vá em frente, mas faça isso apenas depois que a
conta foi paga e ela já tiver recebido a gorjeta. É uma merda fazer uma
mulher sentir que sua renda será determinada com base no fato dela querer
ou não sair com alguém — mesmo se você esteja fazendo isso
involuntariamente. Resolvendo isso antes, você dá a ela a chance de
responder sinceramente. Se ela disser não, não leve para o lado pessoal.
Como é sempre o caso com estranhos, você não sabe nada sobre sua vida. Ela
poder ter um namorado, ela poder ser lésbica, ela pode simplesmente não
estar interessada. Então, erga a cabeça, aja com respeito e siga em frente.
Se você está sentado ao lado dela em um avião
Não. Deixe-a em paz. A menos que nós estejamos no 777 da Rihanna ou a sua
voz guarde o segredo do emagrecimento rápido, nós não queremos falar com
você.
É claro que existem exceções para todos estes conselhos. Talvez seus avós
se conheceram quando o seu avô apertou o seio da sua avó no meio da avenida
da cidade. Talvez um de seus amigos conheceu a namorada quando ele a parou
para perguntar o que ela estava lendo. Essas coisas podem acontecer. Além
disso, pessoas diferentes gostam de coisas diferentes. Seguindo toda essa
lista ainda pode acontecer que você ofenda alguém — porque todo mundo tem
seus problemas.
Além disso, e eu sei que isso vai contra tudo o que a frenologia diz, mas
as mulheres não são idiotas. Na verdade, muitas de nós são realmente muito
boas em ler as pessoas. Se as mulheres sempre te respondem como se você
fosse esquisito e assustador, então as chances são de que você está agindo
como um sujeito esquisito e assustador. O problema é você. Por outro lado,
se você fizer um esforço para ser educado, respeitar o nosso espaço e
reconhecer que não te devemos nada (porque, oi, não devemos mesmo), então
vamos entender assim também. Isso significa que nós vamos com certeza sair
com você? Não, mas com certeza aumenta suas chances e isso faz de você
muito menos idiota.
Muito longo? Nem leu? Seja educado e respeito o espaço dos outros. Fim.
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Nota da tradutora
Não endosso tudo deste texto. Há algumas ideias que parecem bem radicais.
Por exemplo, me parece perfeitamente educado se desculpar por interromper e
perguntar o que uma pessoa está lendo — contanto que se esteja atento à
possível falta de vontade de interagir da moça — e concordo com a autora, é
fácil ver quando alguém não quer conversar. Mesma coisa com os aviões —
acho que depende da sensibilidade de não insistir para não constranger.
Mas a ideia principal está clara: nós mulheres, mesmo as mais lindas e
irresistíveis, temos o direito a não interagir, e se um cara pretende ser
bacana e interessante para as mulheres de maneira geral, não é enchendo o
saco de uma especificamente que ele vai conseguir isso. Se esta não estiver
interessada, seja educado e aceite o fora sem constrangê-la. E se você for
educado, pode ter certeza: desejamos muita boa sorte com as próximas. Sabe
como é, algumas feministas são heterossexuais e até dão bola pra rapazes
que as paqueram por aí. ;)
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Postado por Leila L no CULTURA FEMINISTA em 3/19/2013 01:57:00 PM
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