[PSL-Brasil] 'O Facebook mente para você' - E A Guerra que se aproxima

Marcelo Soares Souza marcelo em juntadados.org
Quarta Julho 17 09:05:07 BRT 2013


  Obviamente esta havendo uma guerra da Mídia Tradicional brasileira
contra as Redes Sociais e algumas corporações de TI/Conteúdo
estrangeiras (Google, Apple, Amazon, Netflix, FaceBook e etc.). Assim
como a Globo "foi parceira" do Software Livre no Brasil para atender
seus interesses privados, esta vai trabalhar para diminuir a
influência destas corporações no Brasil que já tomam 25% do mercado
publicitário.

  Parece uma situação onde todos perdemos, porém existe uma terceira
via. Devemos combater a influência nefasta dos conglomerados
midiáticos nacionais e estrangeiros, adotando e fomentando o uso, além
do Software Livre, das redes sociais livres (Diaspora*, Friendica,
identi.ca, Noosfero).

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'O Facebook mente para você'

Vitor Sorano

Fundador da ONG que acusa a rede social de descumprir as leis de
privacidade da UE cobra de outras gigantes da web esclarecimentos
sobre colaboração com espionagem dos EUA

Se você pedir detalhes sobre como o Facebook usa suas informações, a
resposta será nula, incompleta ou uma enganação, argumenta Mark
Schrems, líder de uma organização que acusa a rede social de
descumprir as leis de privacidade europeias – a Europe vs Facebook.

"Em muitos casos, eles mentem de forma escancarada para você. Eles
sempre dizem: ‘muito obrigado pela sua pergunta, 'blá blá blá’, viram
as costas e a jogam fora", afirma Schrems.

Em 2011, esse austríaco então com 23 anos conseguiu com base na
lesgilação europeia obrigar o Facebook a lhe enviar um dossiê com –
supostamente – todas as informações que armazenava sobre ele. Havia
ali, descobriu Schrems, até informações que ele próprio havia
excluído.

Todo mundo fora dos Estados Unidos ou do Canadá pode fazer um pedido
semelhante, lembra Schrems – já que o contrato, nesses casos, seria
com a sede do Facebook na Irlanda. Mas a resposta, muito provavelmente
será nula.

"Cerca de 70 mil pessoas em todo o mundo pediram os dados, mas ninguém
conseguiu. Elas são orientadas a usar uma ferramenta de download que
só permite acesso a uma parte dos dados, e não a todos os dados que
estão guardados no servidor [ do Facebook ]. E você não consegue saber
tudo o que está no servidor deles", diz Schrems.

Nos trechos da entrevista publicados abaixo, o ativista comenta as
vitórias já obtidas pela associação, as ações movidas contra outras
empresas após o escândalo da espionagem americana e propõe que as
redes sociais possam se comunicar entre si, para que haja mais
concorrência entre elas.

Em nota, o Facebook diz que proteger a privacidade dos usuários é prioridade.

"Nós não disponibilizamos a qualquer organização governamental o
acesso direto aos servidores do Facebook. Quando são solicitados dados
ou informações sobre indivíduos específicos, examinamos cuidadosamente
qualquer pedido e fornecemos informações apenas na medida exigida pela
lei”, informou.

Como fazer para que as pessoas se mobilizem para lutar por sua
privacidade na internet e garantir que as empresas cumpram as leis?

Max Schrems : É muito difícill. Estamos muito no começo da discussão.
É como pensar a questão ambiental nos anos 1960. E tecnologia é um
tópico muito complicado: é difícil entender o que o seu telefone ou o
Facebook fazem. Também é muito díficil encontrar provas sobre o que
está acontecendo. Por outro lado, na Europa você tem o direito
constitucional à privacidade, mas nada acontece se você descumprir as
leis.

 Como as instituições europeias e dos Estados Membros têm reagido à
ação do Europe vs. Facebook?

É variável. Na Europa continental, a privacidade é muito importante.
Mas o Facebook está na Irlanda e lá a economia é mais importante que a
privacidade. A realidade é que eles [ a agência independente
responsável por fiscalizar o direito à privacidade na Irlanda ] não
aplicam a lei. O que é um grande problema porque temos um mercado
comum e todos os players têm de seguir as leis. É injusto se
companhias de outros países têm de fazê-lo e o Facebook, não.

E como o Facebook tem reagido?

Já mudaram algo como 10% ou 20% [ do que foi criticado pelo grupo ].
Na maioria [ das demandas sobre informações ] eles tentam atrasar o
processo para que a gente desista. Nunca dão respostas claras e,
quando dão alguma, você descobre que estava errada e era uma mentira.
Em muitos casos eles mentem de forma escancarada para você. É muito
difícil confiar neles ou trabalhar com eles. Sempre dizem: "muito
obrigado pela sua pergunta, blá blá blá", viram as costas e a jogam
fora.

 Que medidas práticas o Facebook já tomou a partir da pressão do
Europe vs. Facebook?

Mudaram a política de privacidade duas vezes e desligaram o
reconhecimento automático de rostos fora dos Estados Unidos e do
Canadá. Também criaram uma ferramenta de download que permite que você
baixe parte de suas informações [ que estão nos servidores da empresa
], embora os dados interessantes não possam ser baixados. Já tiveram
de deletar dados porque descobrimos, no meu caso, que todo os dados
que deletei ainda estavam ainda lá.

Vocês também pretendem que a política de privacidade seja mudada do
que a ONG denomina de opt-ou para o opt-in [ em vez de o Facebook ser
impedido de acessar um dado se o usuário disser não, ter de exigir a
autorização para acessar esse dado ]. Essa demanda tem tido algum
avanço?

Não. Pela lei europeia, a coleta de dados só pode ser feita se você
concordar claramente com isso. Mas o que o Facebook faz é: “se você
não disser claramente ‘não’, então posso fazer o que quero”. E, além
disso, [ a empresa ] não lhe dá a possibilidade de dizer não, pois não
há nenhum botão para dizer não. Dessa maneira, eles argumentam que
você concordou com o que ela faz.

Cidadãos de outros países, como o Brasil, podem fazer reclamações
contra o Facebook com base na legislação europeia?

Sim. A lei se aplica a todos, independentemente de quem é o
consumidor. Qualquer pessoa que tenha um contrato com o Facebook
Irlanda, não importa se está na China, na Austrália ou no Brasil pode
fazer reclamações com base na lei europeia. O problema é que mesmo
dentro Europa não conseguimos fazer essa lei ser aplicada.

 Há demandas de outros países?

Sim. Há gente de diferentes países pedindo, por exemplo, cópias de
seus dados, mas não tem havido respostas. Cerca de 70 mil pessoas em
todo o mundo pediram, mas ninguém conseguiu. Elas são orientadas a
usar uma ferramenta de download que só permite acesso a uma parte dos
dados, e não a todos os dados que estão guardados no servidor [ do
Facebook ]. E você não consegue saber tudo o que está no servidor
deles.

Como você avalia a suspeita de que o Facebook pode ter colaborado com
programas de espionagem americanos?

É um problema imenso, pois o Facebook tem informações não só sobre o
que você põe dentro dele, mas também sobre o que outras pessoas falam
sobre você, mesmo que você não seja um usuário da rede. Muitos pensam
que, se não põem uma informação no Facebook, ele não terá acesso a
ela. Mas [a rede] sabe se você uma página que tenha um botão ‘curtir’,
ainda que vocÊ não clique nele. O fato de toda essa informação esteja
disponível para uma autoridade é um problema imenso. Fizemos outra
reclamação [ à agência irlandesa ] sobre isso pois é algo ilegal, pela
legislação europeia, mas nenhuma ação foi tomada.

 Vocês fizeram reclamações também contra Apple, Microsoft, Skype and
Yahoo!. Houve alguma resposta?

Fizemos as reclamações há duas semanas e isso vai demorar meses. Na
Alemanha já pediram que o Yahoo! apresente seus argumentos.

E quanto ao Google?

O Google não tem uma sede na Europa, então se você tem um contrato com
o ele, é com a empresa nos EUA. Provavelmente há alguma saída, mas não
tratamos disso nesse primeiro momento.

Você crê que as suspeitas de que esses gigantes da tecnologia
colaboraram com a espionagem americana pode afetar, positivamente ou
negativamente, a mobilização popular relativa à privacidade?

Na Europa, ao menos, isso colocou o tema em evidência. A questão é se
vai durar uma semana ou se vai levar a alguma mudança real. E o
problema, em geral, é que é muito difícil para as pessoas entenderem o
que está acontecendo, o que as autoridades estão fazendo, não há
debate público sobre isso. É claro que nós todos precisamos desses
sistemas, precisamos de dados de alguma maneira, então não é uma
questão de sim ou não. É de como eu quero que os meus dados sejam
tratados, o que é mais difícil de discutir.

O Europe vs. Facebook defende o que chama de "livre mercado" de redes
sociais. Há algo sendo feito nesse sentido, quer nos EUA, quer na
União Europeia?

Nada. A solução para as redes sociais, eu acredito, seria abri-las
para que eu possa mandar uma mensagem de uma rede social para outra,
como eu consigo falar de uma companhia telefônica para outra ou mandar
um email de um provedor para outro. É algo que temos de fazer e isso
daria a possibilidade de dizer "eu não gosto do Facebook, vou para
outra rede". Mas agora o Facebook não reage às críticas. Eles sabem
que as pessoas estão irritadas, mas elas vão sair? Então esse é o
problema.

Fonte: http://tecnologia.ig.com.br/2013-07-17/o-facebook-mente-para-voce.html

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Abraços
Marcelo Soares Souza
http://marcelo.juntadados.org


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