[PSL-Brasil] MiniCom capturado pelas TELES... Eleições para o CGI.br ... mobilização imediata!!!
Hudson Flavio Meneses Lacerda
hfmlacerda em yahoo.com.br
Domingo Junho 9 22:39:42 BRT 2013
Omar Kaminski wrote:
> E se as ferramentas de monitoramento estiverem colocadas nos backbones
> ou nos provedores, deixar de usar a internet?
Oi Omar,
Eu não teria muita dificuldade em fazer isso. Nenhuma tecnologia é
imprescindível -- exceto na área médica.
Mas há, na sua pergunta, um otimismo exagerado, provalvemente apenas
retórico: "e se...?" As ferramentas de monitoramento de fato *estão* nos
principais centros de dados. Já é sabido que a NSA instalou centros de
monitoramento ao lado de clusters e coleções de servidores de Google e
Amazon. A internet não é muito descentralizada. O que as grandes redes
sociais e mega agregadores de informação têm de especial é que a
mineração dos dados é muito mais fácil, pois elas já têm tudo pronto
para isso.
A questão é que apenas sair desses ambientes monitorados o quanto for
possível não é eficar para combater a vigilância e abusos.
Na sessão de perguntas de uma de suas palestras, alguém perguntou ao RMS
se não seria mais eficiente usar o Facebook como meio de divulgação de
software livre e em outras campanhas (pois é lá que se encontra muita
gente), ao invés de descartar completamente seu uso e acabar atingindo
um público menor. A resposta do Stallman foi (aproximadamente nestes
termos) que não se trata de um jogo contra um adversário, mas de uma
guerra contra um inimigo -- e não se deve colaborar com o inimigo.
Então, é preciso pensar em alternativas de resistência, mesmo que
implique se expor ao inimigo (e ía eu citaria novamente o texto do
Stallman sobre compromissos ruinosos, em que há que avaliar as
conseqüências das ações), correndo o risco de contribuir com o inimigo
de alguma forma -- até repito a comparação com luta armada, vejo o
dilema (como escreveu o Patola) com um grau de gravidade muito alto.
O que não dá, e nisso concordo com o Anahuac, é usar esses desserviços
sem fazer um estardalhaço de alerta s outras pessoas, senão fica
parecendo que, por exemplo, se inscrever como um "target" do Facebook é
algo aceitável, afinal o/a ativista fulano/a também tem uma conta lá.
(Pra quem não sabe, o Facebook representa internamente suas vítimas,
digo, usuários ou signatários, como "targets" -- alvos.)
Quanto aos provedores, sim, são um problema. Meus firewalls (em série)
são configurados para não passar nada dos servidores de google e
facebook (entre outros), por causa de sítios que contêm scripts daquelas
empresas. Mas de vez em quando elas acrescentam algum IP novo e
conseguem furar o bloqueio (aparentemente os scripts conseguem detectar
as falhas de conexão), e isso aconteceu na semana passada. O que achei
curioso é que o google estava usando não um servidor dos EUA, mas um da
Telemar.
Para reduzir a bisbilhotagem, algumas sugestões que devem ser amplamente
difundidas são:
1- O uso de HTTPS e conexões encriptadas sempre que possível, por
exemplo, através do plugin "HTTPS Everywhere" para
Firefox/Iceweasel/Iececat/TorBrowserBundle;
2- O uso de ofuscadores de conexão como Tor (com as devidas precauções,
conforme as características desses recursos);
3- Criptografia de ponta a ponta com GPG, que poderia ser mais usada em
correio eletrônico. Isso é algo que eu gostaria de fazer, mas que por
não ser simples o suficiente, acaba desestimulando seu uso.
4- SSH, TLS, StartTLS e outros métodos de criptografia que podem reduzir
ou impedir a bisbilhotagem. Configurar o cliente de correio eletrônico
para usar conexão encriptada.
5- Redes sem fio abertas, ou, melhor dito, de usuários múltiplos e
anônimos. Li que, infelizmente, certos provedores de acesso como GVT
impõem, nos contratos de adesão, multas de cerca de 10 mil reais em caso
de "aluguel", "sublocação", etc. o que pode dar margem a proibir que os
usuários deixem suas redes sem fio abertas. Uma observação é que redes
sem fio "abertas" ("unsecured", sem senha) podem ser realmente
inseguras, mas há a possibilidade de usar criptografia com senha
pública, o que já dá uma boa segurança. Nos EUA existe o movimento
OpenWireless.Org , que é um bom exemplo de campanha a se reproduzir por
aqui. Devemos lutar para manter o direito de compartilhar nosso acesso a
internet com quem quisermos. (Um minuto, para eu religar o rádio...
Pronto, estou de volta.)
Espero que os colegas tenham outras sugestões.
(Aliás, ainda aproveitando a questão e fazendo um comentário ao texto
recente do Anahuac, em que ele sugere o RiseUp.net como alternativa ao
GMail: para o vigilantismo do governo dos EUA não adianta muito, porque
o RiseUp -- criado por pessoas do Ocupy Wall Streeet -- fica nos EUA e,
portanto, está sujeito tratorada da ditatura de lá. O que ele reduz é
o acesso direto e mastigado que haveria com o uso dos grandes serviços
de correio-e feitos para monitorar. O uso do StartTLS também é algum
atrativo, comparado aos correios tradicionais que não têm criptografia
absolutamente nenhuma. O que precisamos é de criar "RiseUps" no Brasil,
na América Latina, mantidos com dinheiro nosso e sem nenhuma relação com
empresa dos EUA, para ficar fora da ingerência imediata do Grande Irmão.)
>
> E se há cada vez mais câmeras de vigilância nas cidades, deixar de
> sair nas ruas?
>
> E se as empresas cada vez mais vigiam os que os funcionários fazem,
> deixar de ir trabalhar?
O importante é rejeitar o quanto possível esse monitoramento, lutar
contra ele. Não aceitá-lo passivamente. Não dar a entender nem por um
minuto que ele seja aceitável. Nos contextos em que for possível, sim,
evitá-los -- pode não ser eficiente de maneira direta, mas por uma
questão de princípio e de conscientização. Ou ainda para dizer, tal como
os palestinos sitiados, que a um gato engaiolado resta-lhe pelo menos
mostrar as garras.
Até mais,
Hudson
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