[PSL-Brasil] GNUs para Reinaldo Bispo

fabianne balvedi fabs em estudiolivre.org
Domingo Junho 29 09:56:01 BRT 2014


On 6/1/14, Hudson Flavio Meneses Lacerda <hfmlacerda em yahoo.com.br> wrote:
[...]
>
> Se a confusão continuar com os termos "software livre" e "código
> aberto", talvez seja melhor reduzi-los a segundo plano e defender a
> _sociedade digital livre_ . Isso nos aproximaria melhor dos objetivos
> finais, da meta original que deu origem ao Movimento do Software Livre:
>
> https://www.gnu.org/philosophy/free-digital-society.html
> https://cibermundi.files.wordpress.com/2013/01/uma-sociedade-digital-livre.pdf


este texto que você indica não propõe isso, muito pelo contrário.

minha opinião é que o software livre está sendo engolido pela grande
máquina de destruir significados: não há conceito que não se banalize
em moda, idéia que não se reduza até sua caricatura ou palavra que se
esvazie até ficar indefesa. A estratégia é implacável: ampliar o uso
mediante associações emocionais, separar os termos de seus contextos e
esticar até que uma coisa signifique o seu contrário. A lista de
crimes é quase infinita. Só na internet vimos alguns bem significantes
nos último anos: a interação se confunde com a participação e a
participação com a adesão, reduzindo a nada ou quase nada o valor do
compromisso; o distribuído se coloca como sinônimo do descentralizado,
ainda que signifique seu contrário.

estas palavras não são minhas, mas do David de Ugarte:

http://lasindias.com/personas-guia-de-uso

então Bruno, respeito tuas tentativas de conciliação, pois as vejo
como uma busca por uma convivência pacífica entre movimentos
diferentes. Mas discordo da estratégia que você utiliza, de tentar
iguala-los, e para isso utilizo as palavras do Rafael Evangelista:

Na comunidade software livre, existe uma constante disputa sobre os
nomes e as palavras utilizadas. O próprio nome da comunidade é
controverso. Enquanto uns preferem software livre outros falam em
código aberto. Alguns, nesse caso não muitos, dizem que tanto faz e
que é possível até mesmo somar os nomes1. O nome do principal sistema
operacional livre também é objeto de controvérsias, e aqui sim muitos
afirmam que são sinônimos. Enquanto alguns se referem a ele
simplesmente como Linux, outros fazem questão de dizer GNU/Linux2.
Essa discussão, às vezes, torna tudo muito mais confuso para quem não
participa do debate. Seria muito mais simples se houvesse algum tipo
de uniformização nesse vocabulário, sugerem alguns, o leigo poderia
tomar parte dele muito mais facilmente.

Mas optar por um nome ou por outro não é algo trivial. Dizer é se
colocar no mundo, é assumir posição. Afinal, há alguma diferença entre
falar Linux ou GNU/Linux? Ou entre se dizer um adepto do movimento
pelo software livre ou do movimento de código aberto? Há sim. A opção
por um nome ou por outro marca, para além de possíveis diferenças
técnicas, a posição discursiva ocupada pelo sujeito em relação à
história do movimento.

De acordo com Orlandi, "ao falarmos nos filiamos a redes de sentidos
mas não aprendemos como fazê-lo, ficando ao sabor da ideologia e do
inconsciente. Por que somos afetados por certos sentidos e não outros?
Fica por conta da história e do acaso, do jogo da língua e do equívoco
que constitui nossa relação com eles. Mas certamente o fazemos
determinados por nossa relação com a língua e com a história, por
nossa experiência simbólica e de mundo, através da ideologia."

http://wiki.softwarelivre.org/CoberturaWiki/Pol%EDticaELinguagemNosDebatesSobreOSoftwareLivre

ou seja, eles podem mesmo ter muitas coisas em comum, como você
apontou. Mas não são sinônimos. E esse esvaziamento de conceitos não
nos ajuda. Ao contrário, nos enfraquece. O oposto também não nos
ajuda: a oposição binária também nos enfraquece. Porque uma pessoa não
precisa se opor ao movimento do software livre para pertencer ao
movimento open source, da mesma maneira que não precisa se opor ao
software proprietário para pertencer ao movimento do software livre.
Não é porque alguém não fica enchendo o saco de quem usa software
proprietário que não é um ativista do software livre. Isso também é
uma falácia.

há dois anos, em uma conversa com o Bassam Kurdali (diretor do
Elephants Dream), desabafei minha frustração em não ter conseguido
fazer o Olhar Contestado totalmente com software livre. O filtro de
som para conseguir corrigir o ruído nas entrevistas (o microfone
externo estragou e foi utilizado o da câmera) teve que ser
proprietário. As rotoscopias também não foram feitas em SL porque não
encontramos pessoal capacitado, e já não tínhamos mais tempo hábil
para fazer esta capacitação. Inclusive paguei uma multa por entregar o
filme em atraso.

mas a resposta dele para me tranquilizar funcionou muito bem:

"fabs, assim como ainda não se consegue fazer um filme profissional
totalmente com software livre, também já não é possível fazer quase
mais nada SEM software livre."

perseveremos.

bom domingo a tod*s,

.f4bs
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