[PSL-Brasil] GNUs para Reinaldo Bispo

Hudson Flavio Meneses Lacerda hfmlacerda em yahoo.com.br
Domingo Junho 29 20:48:49 BRT 2014


Oi Fabiane,

Sim, está bem claro que o termo software livre está sendo engolido,
assim como "open source". (Não vejo muito a expressão "open source" ser
usada com o sentido que o Bruno Souza defende. O que vejo é empresas
usarem o termo para evitar usar "free software" ou "software livre",
esvaziando-o e dsitanciando-o até da definição proposta pela OSI.)

Fiquei decepcionado em saber que acabaram usando um filtro proprietário
para remoção de ruído, certamente por desconhecerem os filtros livres de
alta qualidade existentes, arrisco-me a dizer.

O melhor filtro de ruídos livre que já experimentei é o _dnoise_, que
existe desde 1989 como um utilitário do Csound, e é um programa
excelente, com vários parâmetros que fazem toda a diferença. (Já o
filtro que vem no Audacity é bem limitado, apesar de ser bastante útil
em muitos casos.)

Então, podemos ver mais um aspecto positivo: apesar de ter sido usado
software proprietário em alguns poucos pontos da produção do Olhar
Contestado, o filme já poderia ter sido feito totalmente com software
livre, não fosse por alguma defasagem de informação e capacitação!

Até mais,
Hudson

fabianne balvedi wrote:
> On 6/1/14, Hudson Flavio Meneses Lacerda <hfmlacerda em yahoo.com.br> wrote:
> [...]
>>
>> Se a confusão continuar com os termos "software livre" e "código
>> aberto", talvez seja melhor reduzi-los a segundo plano e defender a
>> _sociedade digital livre_ . Isso nos aproximaria melhor dos objetivos
>> finais, da meta original que deu origem ao Movimento do Software Livre:
>>
>> https://www.gnu.org/philosophy/free-digital-society.html
>> https://cibermundi.files.wordpress.com/2013/01/uma-sociedade-digital-livre.pdf
> 
> 
> este texto que você indica não propõe isso, muito pelo contrário.
> 
> minha opinião é que o software livre está sendo engolido pela grande
> máquina de destruir significados: não há conceito que não se banalize
> em moda, idéia que não se reduza até sua caricatura ou palavra que se
> esvazie até ficar indefesa. A estratégia é implacável: ampliar o uso
> mediante associações emocionais, separar os termos de seus contextos e
> esticar até que uma coisa signifique o seu contrário. A lista de
> crimes é quase infinita. Só na internet vimos alguns bem significantes
> nos último anos: a interação se confunde com a participação e a
> participação com a adesão, reduzindo a nada ou quase nada o valor do
> compromisso; o distribuído se coloca como sinônimo do descentralizado,
> ainda que signifique seu contrário.
> 
> estas palavras não são minhas, mas do David de Ugarte:
> 
> http://lasindias.com/personas-guia-de-uso
> 
> então Bruno, respeito tuas tentativas de conciliação, pois as vejo
> como uma busca por uma convivência pacífica entre movimentos
> diferentes. Mas discordo da estratégia que você utiliza, de tentar
> iguala-los, e para isso utilizo as palavras do Rafael Evangelista:
> 
> Na comunidade software livre, existe uma constante disputa sobre os
> nomes e as palavras utilizadas. O próprio nome da comunidade é
> controverso. Enquanto uns preferem software livre outros falam em
> código aberto. Alguns, nesse caso não muitos, dizem que tanto faz e
> que é possível até mesmo somar os nomes1. O nome do principal sistema
> operacional livre também é objeto de controvérsias, e aqui sim muitos
> afirmam que são sinônimos. Enquanto alguns se referem a ele
> simplesmente como Linux, outros fazem questão de dizer GNU/Linux2.
> Essa discussão, às vezes, torna tudo muito mais confuso para quem não
> participa do debate. Seria muito mais simples se houvesse algum tipo
> de uniformização nesse vocabulário, sugerem alguns, o leigo poderia
> tomar parte dele muito mais facilmente.
> 
> Mas optar por um nome ou por outro não é algo trivial. Dizer é se
> colocar no mundo, é assumir posição. Afinal, há alguma diferença entre
> falar Linux ou GNU/Linux? Ou entre se dizer um adepto do movimento
> pelo software livre ou do movimento de código aberto? Há sim. A opção
> por um nome ou por outro marca, para além de possíveis diferenças
> técnicas, a posição discursiva ocupada pelo sujeito em relação à
> história do movimento.
> 
> De acordo com Orlandi, "ao falarmos nos filiamos a redes de sentidos
> mas não aprendemos como fazê-lo, ficando ao sabor da ideologia e do
> inconsciente. Por que somos afetados por certos sentidos e não outros?
> Fica por conta da história e do acaso, do jogo da língua e do equívoco
> que constitui nossa relação com eles. Mas certamente o fazemos
> determinados por nossa relação com a língua e com a história, por
> nossa experiência simbólica e de mundo, através da ideologia."
> 
> http://wiki.softwarelivre.org/CoberturaWiki/Pol%EDticaELinguagemNosDebatesSobreOSoftwareLivre
> 
> ou seja, eles podem mesmo ter muitas coisas em comum, como você
> apontou. Mas não são sinônimos. E esse esvaziamento de conceitos não
> nos ajuda. Ao contrário, nos enfraquece. O oposto também não nos
> ajuda: a oposição binária também nos enfraquece. Porque uma pessoa não
> precisa se opor ao movimento do software livre para pertencer ao
> movimento open source, da mesma maneira que não precisa se opor ao
> software proprietário para pertencer ao movimento do software livre.
> Não é porque alguém não fica enchendo o saco de quem usa software
> proprietário que não é um ativista do software livre. Isso também é
> uma falácia.
> 
> há dois anos, em uma conversa com o Bassam Kurdali (diretor do
> Elephants Dream), desabafei minha frustração em não ter conseguido
> fazer o Olhar Contestado totalmente com software livre. O filtro de
> som para conseguir corrigir o ruído nas entrevistas (o microfone
> externo estragou e foi utilizado o da câmera) teve que ser
> proprietário. As rotoscopias também não foram feitas em SL porque não
> encontramos pessoal capacitado, e já não tínhamos mais tempo hábil
> para fazer esta capacitação. Inclusive paguei uma multa por entregar o
> filme em atraso.
> 
> mas a resposta dele para me tranquilizar funcionou muito bem:
> 
> "fabs, assim como ainda não se consegue fazer um filme profissional
> totalmente com software livre, também já não é possível fazer quase
> mais nada SEM software livre."
> 
> perseveremos.
> 
> bom domingo a tod*s,
> 
> .f4bs
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