[PSL-Brasil] GNUs para Reinaldo Bispo

Marcelo Akira marcelo.akira em gmail.com
Quinta Maio 22 18:28:36 BRT 2014


Em 22 de maio de 2014 16:59, Bruno F. Souza <bruno em javaman.com.br> escreveu:

> Mas a OSI reconhece que a mensagem da etica eh de dificil aceitacao para a
> grande maioria dos envolvidos no desenvolvimento de software -- em especial
> empresas e nao-desenvolvedores -- e portanto, a OSI foca em uma mensagem
> mais pragmatica, focada nos beneficios. A discussao da etica sera sempre a
> melhor estrategia para falar com os desenvolvedores, mas em geral, nao sao
> eles que precisam ser convencidos.
>

Tive a grata oportunidade de atuar mais de 10 anos como empresário e
durante esse período, tive que adequar meu discurso de venda de Software
Livre para os donos de empresa.

Em um dos FISL, em que o Eric Raymond palestrou, ele nos disse que a
palavra 'liberdade" para empresários não soa muito bem. No entanto, se você
usar a palavra "controle" é mais coerente, vejo alguns que utilizei:

1) Com software livre, o empresário possui total controle de seu software.
Sempre que o software tiver algum problema, contratar qualquer especialista
para revisar o código-fonte e resolver o problema diretamente, sem
intermediários e sem "firulas".
2) Menos riscos de aprisionamento
tecnológico<http://pt.wikipedia.org/wiki/Aprisionamento_tecnol%C3%B3gico>(vendor
lock-in): em softwares livres maduros, que possuem comunidades
ativas de desenvolvedores, o consumidor tem mais escolha para encontrar seu
fornecedor de serviço. Isso garante mais agilidade na correções de bug e
melhorias.
3) Aderência a formatos de dados abertos: permite-se maior portabilidade e
maior concorrência;
4) Pouco ou nenhum risco de espionagem: software livre pode ser auditado e
qualquer espião é mais fácil de ser detectado.
5) Baixo risco de descontinuidade: se o software livre for maduro, há
poucas chances de ocorrer rupturas no seu processo desenvolvimento. Se uma
pessoa ou empresa resolve não mais desenvolver o software, outros podem
adotá-lo e dar continuidade.

Não vejo que os argumentos da liberdade e do controle (autonomia do
usuário) são incompatíveis, são na verdade complementares e acho que
adequar o discurso para o tipo de usuário é essencial para ampliarmos a
base de usuários e mudarmos nossa sociedade.

Eu, por exemplo, como professor, tenho que adequar meu discurso a favor do
software livre. Tenho que convencê-los que há muito benefício em poder
estudar o código-fonte e a interação com comunidades de Software Livre. E
sim, estimulo-os a participarem do Google Summer of Code, apesar de estar
ciente que ela não é inocente, apesar o lema Don't be
evil<http://en.wikipedia.org/wiki/Don%27t_be_evil>.
De certa forma, proporciono a maravilhosa experiência de participar de
comunidades de Software Livre para meus alunos. Algumas mentes se abrem e
nunca se voltam a fechar.

Há inúmeros argumentos para converter usuários de software proprietário
para o software livre. Não vejo incoerência de adequarmos estes argumentos
conforme os valores do usuário. Fundamentalmente, tudo é enraizado em
princípios éticos e morais, mas a nossa sociedade é muito diversificada, a
maioria está interessada em resolver seus problemas financeiros, por conta
até de questões de sobrevivência. É ineficaz usar somente o argumentos
fundamentais e filosóficos.

Abraços,
-- 
Marcelo Akira Inuzuka
(62) 9261-4004 (novo)
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