[PSL-Brasil] Reflexão sobre o uso de ferramentas livres e não livres na nuvem

Adonay Felipe Nogueira adfeno em openmailbox.org
Sábado Dezembro 5 11:47:32 BRST 2015


Este assunto é realmente complexo. Eu congratulo todos aqueles que se
dispoem a discutir sobre este.

Quanto ao Telegram, APENAS seu cliente é software livre[1]. Ademais, EU
entendo por qual motivo secundário consideram o Telegram como não livre:
assim como eu, vocês devem estar proecupados com a centralização da
Internet e, diferente de mim, desejam hospedar seu PRÓPRIO servidor de
Telegram. Mas é necessário entender que ele é ATUALMENTE software
livre[1], e não se pode dizer ao contrário A NÃO SER QUE se encontre
alguma dependência em software não livre, tanto em tempo de COMPILAÇÃO,
quanto em tempo de EXECUÇÃO (exceto nos casos em que o próprio projeto é
um esforço de engenharia reversa de tal dependência não livre, ou caso
objetive substituir a dependência não livre, ou parte dela onde, neste e
em vários outros casos CONFORME A REFERÊNCIA [2], é aceitável usar,
recomendar ou redistribuir o software não livre JUNTO COM o software
livre que objetiva substituir ele ou parte dele, APENAS para fins de
TESTE/FEEDBACK e DESENVOLVIMENTO do software LIVRE, como foi o caso do
projeto GNU em seus primeiros estágios de desenvolvimento[2]), ou caso a
documentação OFICIAL recomende ou ensine um software não livre
(observadas todas as exceções anteriores, e EXCLUINDO tópicos públicos
de fórums e chats, mas INCLUINDO wikis, e TALVEZ incluindo tópicos
especiais/fixos de fórums), caso se encontre código ofuscado, ou algum
código escrito em JavaScript minificado (com variáveis de nomes
impossíveis de serem facilmente descritas e com uma estrutura muito
minimalista, geralmente sinalizado por uma série de comandos que poderia
ser perfeitamente separados por quebras de linha mas que, ao invés
disso, foram separados por caracteres terminiativos, como o ";"/ponto e
vírgula na linguagem dos scripts escritos para GNU Bash e para os demais
shells que aceita este caractere como terminativo), excetuando os
scripts ofuscados ou minificadso escritos em JavaScript que possuam toda
a notação computacional necessária para serem corretamente reconhecidos
como software livre pelo GNU LibreJS[3][4][5].

Nota (parágrafo único): Todos nós sabemos, inclusive EU, que o movimento
filosófico do software livre muda constantemente, similar, logicamente,
aos programas de computador e suas diferentes versões. Assim, o que era
livre antes, pode se tornar não livre depois, E VICE-VERSA. Então,
ENTENDEREI o motivo da afirmativa de que "o Telegram é software não
livre" caso você tenha se referido a uma pesquisa que fizesste no Free
Software Directory a MUITO tempo atrás. Por via das dúvidas, sempre que
você alegar que algum software é livre ou não, aponte para alguma prova,
principalmente se ela vier do Free Software Directory ou dos
repositórios das versões ATUALMENTE ESTÁVEIS das distribuições livres.
Lembre-se que o Free Software Directory é construido por COLABORADORES e
poucos deles têm completo conhecimento da filosofia do software livre
(eu tenho conhecimento incompleto, mas não tenho tempo para me dedicar
somente ao diretório). Então, PODE SER que o Telegram seja
desconsiderado como software livre futuramente, fique de olho na entrada
sobre o mesmo no Free Software Directory[1]. (Fim da nota).

Além disso, se vocês estão preocupados com o fato do programa-servidor
do Telegram não ser software livre (SE, E APENAS SE, é que este
programa-servidor PODE AO MENOS ser baixado, pois desconheço a
resposta), impedindo vocês de hospedarem seu próprio servidor de
Telegram por se preocuparem com as liberdades tiradas de vocês pelo
desenvolvedor do software ao HOSPEDAREM o servidor, eu concordarei
plenamente em dizer que O SERVIDOR do Telegram não é software livre.

Contudo, SE o programa-servidor do Telegram NÃO ESTÁ disponível ao
público, nem mesmo para compra, mesmo que somente em forma executável,
então a SITUAÇÃO MUDA, e MUITO. Neste caso, quem estaria usando software
não livre seriam os próprios hospedeiros OFICIAIS do servidor do
Telegram. Isso é similar ao caso do Twitter, Facebook e etc.,
principalmente pelo fato de que, APESAR de não se poder julgar serviços
na Internet como livres ou não livres, eles podem trazer outros
problemas[6] (quebra de privacidade[6], uso de software não livre
escrito em JavaScript que é interpretado/usado/executado no computador
do cliente[6] e, por último, MAS NÃO MENOS importante, podem acarretar
em problemas de centralização das comunicações da sociedade[6]).

Quando se considera o CLIENTE do Telegram como software não livre, tanto
pela indisponibilidade do código fonte e licenciamento incorreto do
código fonte no caso do PROGRAMA-SERVIDOR, quanto pela completa
indisponibilidade do PROGRAMA-SERVIDOR, corre-se o risco de chegar a
conclusões extremas como: "Jitsi não é software livre pois consegue
comunicar-se com o protocolo de mensagens instantâneas do Facebook e
assim, não devo recomendá-lo, ou deve-se remover tal função
específica"[7], o que pode tornar ainda mais difícil os esforços em prol
de uma sociedade digital livre, VISTO QUE as pessoas têm níveis
DIFERENTES de dependência em software não livre, ou em serviços
centralizados. Este caso seria similar ao do Debian que, pelo menos na
versão de codinome Squeeze, NEGAVA a existência de um software LIVRE que
pelo menos DECODIFICAVA/REPRODUZIA arquivos no formato MP3 (e seus
possíveis codecs/codificadores de áudio), mas recentemente eu soube de
um esforço conjunto entre a Free Software Foundation e o projeto Debian
em terminar os desacordos entre os dois[8], tanto é que o GNU+Linux
Debian é considerado como livre pela Free Software Foundation[8], mesmo
que não oficialmente por esta[9], bastando para isto que o apoiador ou
ativista recomende ou faça a remoção das entradas referêntes aos
repositórios "contrib" E "nonfree"/"non-free" (não me recordo como se
escreve) na cópiao do sistema operacional atualmente em uso, justamente
pelo fato da documentação oficial do projeto recomendar estes
repositórios. Alguns usuários no fórum do projeto Trisquel ainda
contribuiram com uma distinção muito interessante, que se levada a
sério, pode significar uma possível aprovação do GNU+Linux Debian como
sistema operacional livre[10] (PORÉM, eu não sei se o projeto Debian já
está sabendo desta sugestão).

Como eu já enfatizei diversas vezes neste texto, eu concordo que o
cenário de descentralização das comunicações da sociedade na Internet
NÃO É ideal (e Richard Stallman também PARECE concordar com isso ao
escrever Network Services Aren't Free or Nonfree; They Raise Other
Issues[6]). Por este motivo, EU não uso o Telegram, mas isso não quer
dizer que não devo recomendar o Jitsi (no exemplo anterior) para quem
deseja se comunicar instantâneamente no Facebook, SEGUIDO DE UMA OUTRA
RECOMENDAÇÃO explicando o problema ESTRUTURAL do Facebook.

Aliás, ao menos hoje (2015-12-05), NÃO encontrei registro aprovando o
Actor como software livre nem no Free Software Directory[11], nem no
repositório do F-Droid[12].

IMPORTANTE: Este comentário também foi publicado como resposta no devido
artigo publicado no portal Software Livre Brasil[13].

REFERÊNCIAS


[1] https://directory.fsf.org/wiki/Telegram

[2] http://www.gnu.org/philosophy/is-ever-good-use-nonfree-program.en.html

[3] http://www.gnu.org/philosophy/javascript-trap.html

[4] http://www.gnu.org/licenses/javascript-labels.en.html

[5] http://www.gnu.org/software/librejs/free-your-javascript.html

[6]
http://www.gnu.org/philosophy/network-services-arent-free-or-nonfree.en.html

[7] https://directory.fsf.org/wiki/Jitsi

[8]
http://trisquel.info/en/forum/debian-and-fsf-ending-disagreements-solving-problems-source

[9] http://www.gnu.org/distros/common-distros.html.en#Debian

[10] http://trisquel.info/en/forum/foxyproxy-libre#comment-83115

[11]
https://directory.fsf.org/wiki?search=Actor&go=Go&title=Special%3ASearch

[12]
https://f-droid.org/repository/browse/?fdfilter=Actor&fdpage=1&page_id=0

[13]
http://phls.com.br/blog/reflexao-sobre-o-uso-de-ferramentas-livres-e-nao-livres-na-nuvem


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