[PSL-Brasil] Investir em empresa de software livre

Marcos Alano marcoshalano em gmail.com
Terça Outubro 27 12:34:36 BRST 2015


Não acredito que um modelo SaaS seja conflitante com software livre.
Simplesmente tu pode criar e manter a aplicação rodando na nuvem e
cobrar pelo suporte e pela infraestrutura. O que tu precisa fazer é
liberar o código-fonte da tua aplicação e as especificações para que
quem desejar possa rodar a aplicação localmente na rede. Existem
empresas que fazem quase isso: Vendem o aluguel de uma solução SaaS, e
tem a opção de uma hardware appliance, uma virtual appliance e/ou uma
software appliance com todos os recursos e mantém uma versão
comunitária com limitações de recursos. O problema está nessa
limitação de recursos entre a versão comunitária e a versão completa.
O que se poderia fazer é liberar uma software appliance (ou menos
recomendável, uma virtual appliance) com todos os recursos, o que
permite ao usuário rodar na sua própria infraestrutura, dando o
controle que a GPL exige.

Em 27 de outubro de 2015 12:04, Thiago <thiago.zoroastro em bol.com.br> escreveu:
> Uma empresa de software livre emprega pessoas para desenvolver os programas
> e o conjunto de softwares do sistema operacional. Várias empresas podem
> manter o ecossistema funcionando bem e garantindo um sistema atualizado,
> seguro e menos bugs.
>
> Se oferece serviços como formatação ou qualquer outro tipo de fornecimento
> de computadores com o S.O. é praticar SaaS (?). Algo do Projeto GNU é 'ter
> controle sobre sua própria computação', que é inviável para
> 'usuários-finais'.
>
> Uma empresa que siga os princípios do movimento se preocuparia unicamente
> com as liberdades do software, implicando na melhoria da qualidade do
> software, surgimento de novas funções e melhoria nas funcionalidades dos
> softwares livres.
>
> Se uma empresa investe na melhoria de softwares livres terá um produto mais
> competitivo no mercado. Mas como competir no mercado se SaaS não é uma
> prática de liberdade do software? E não é, mesmo. Seria se o usuário
> buscasse o software para usá-lo, livre.
>
> Uma empresa precisa de dinheiro para manter seus funcionários. E se investe
> na competitividade de um 'produto', por que não atacar o mercado? Ou seria
> preciso encontrar outra forma de financiar o desenvolvimento de software
> livre. E provavelmente há.
>
> On 27-10-2015 02:52, Alexandre Oliva wrote:
>>
>> On Oct 25, 2015, cristiano furtado <cristianofurtadoba em gmail.com> wrote:
>>
>>> A red hat não é uma empresa de SL. Ela mantém uma distribuição Linux com
>>> licença paga não?
>>
>> IMHO há vários enganos e um acerto nesse trecho da sua mensagem.
>>
>>
>> Licença ser paga ou não tem nada que ver com Software Livre.  O Livre do
>> Software Livre é de Liberdade, não de preço.  Significa ser livre
>> inclusive para cobrar o quanto quiser pelo software e pelos serviços
>> relacionados, inclusive os de empacotamento e distribuição.
>>
>> A licença de uso da distro GNU/Linux da Red Hat para empresas, que eu
>> saiba, não é paga.  No caso específico da assinatura da distro GNU/Linux
>> da Red Hat, paga-se pelo serviço de suporte.  Prova: mesmo após
>> encerrado o contrato (de serviços), pode-se continuar executando,
>> modificando e distribuindo todo o software, à exceção dos minúsculos
>> pacotes de imagens (não software) contendo logotipos e marcas
>> registradas, discriminados no contrato.
>>
>> Apesar do nome, a distribuição da Red Hat é de GNU com Linux.  Como já
>> dizia o pai da criança, Linus Torvalds, antes da influência lhe subir à
>> cabeça, o Linux é um kernel que sozinho não serve para nada.  Para
>> torná-lo útil, precisa do software copyleft do GNU.  Fecha aspas
>> (citando de memória, mas vai ver o anúncio do lançamento da primeira
>> versão do Linux que tá tudo isso lá)
>>
>>
>> Red Hat não se apresenta como empresa de Software Livre, mas de Open
>> Source, que está longe de ser a mesma coisa.  Embora no que diga
>> respeito ao software em si a diferença seja minúscula, as motivações, os
>> posicionamentos e as decisões importantes são norteados pelos valores do
>> Open Source, fundamentalmente diferentes dos valores do Software Livre.
>>
>> Cito como exemplos importantes (i) a tolerância ao software privativo,
>> algo inimaginável para o Movimento Software Livre, mas prática comum no
>> Open Source que trata o software privativo como algo inferior ou
>> inconveniente; (ii) a progressiva adoção e promoção de modelos de
>> serviços como substitutos de software (SaaSS), perfeitamente compatível
>> com o desenvolvimento Open Source, mas que resulta em algo ainda pior
>> que o software privativo para o usuário.
>>
>>
>> Concordo que Red Hat não seja uma empresa de Software Livre.  Há
>> empresas comercialmente sustentáveis que jamais oferecem a seus clientes
>> software que os prive das liberdades essenciais relativas ao software,
>> mas a Red Hat infelizmente não é uma delas, ainda que os desvios da
>> prática compatível com os princípios do Software Livre no que diz
>> respeito ao tratamento com clientes da Red Hat sejam relativamente
>> raros, até onde sei.
>>
>> A decisão de jamais abusar dos clientes (oferecendo software em
>> condições incompatíveis com as liberdades essenciais) e de jamais ajudar
>> terceiros a abusar deles (repassando software dos terceiros acompanhado
>> desse mesmo tipo de condições) parece ser algo inviável no mundo das
>> corporações enquanto sociedades anônimas.  Todas as entidades comerciais
>> que conheço que levam princípios a sério o fazem por decisão de seus
>> sócios fundadores, e mantêm distância segura da tentação de abusar dos
>> clientes, mesmo quando isso afaste potenciais investidores.
>>
>>
>> Nesse sentido, a ideia de investir em empresas de Software Livre,
>> condicionando o investimento à observância dos princípios do movimento,
>> parece-me uma ideia muitíssimo interessante.
>>
>>
>> {}s,
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