[PSL-Brasil] O Fim do Software Livre

[Adonay Felipe Nogueira]

O software livre morreu *no Governo* (um dos Poderes do Estado do
Brasil), é verdade. Morreu principalmente pois os responsáveis por sua
implementação falharam em *entender e expor* as injustiças dos dados
funcionais não livres (não estou falando de insegurança, nem de falta de
padrões. Estou falando somente das liberdades essenciais que a sociedade
digital deve ter), e falharam em explicar à sociedade em geral
(incluindo aos próprios Poderes, por que não?) a importância de tais
liberdades essenciais. Basicamente, o Governo parece ter apoiado o
movimento filosófico do software livre apenas enquanto ele proporcionava
segurança imediata, acessibilidade imediata, amigabilidade imediata e
economia financeira imediata.

Analisando o que escrevi agora, apesar de não ter provas concretas, as
observações referentes ou que ocorre em outros países me obriga a deixar
registrado que: se, e somente se, os responsáveis por tais
implementações *não tentaram* conscientizar o público sobre a
importância dos dados funcionais livres e dos dados não funcionais que
sejam, ao menos, compartilháveis, então pode se deduzir que tais
responsáveis acabaram fortalecendo o modelo de desenvolvimento de
[código-]fonte aberto. Novamente, é importante observar que estas são
apenas deduções de minha parte, e não possuo provas concretas para
provar tais deduções.

Adicionalmente, acho que o movimento segue vivo na População votante
brasileira, apesar de estar um pouco parado ultimamente, provavelmente
devido à fragmentação de esforços e à dificuldade de ingresso no mercado
de trabalho das cidades não polo (sem abrir mão do ativismo), seja em
uma organização sem fins lucrativos ou com fins lucrativos.

Talvez, o movimento esteja um pouco desmotivado também por não ter uma
liderança aqui no Brasil, e por observar a humilhação pela qual Richard
Stallman passa todas as vezes que falam sobre ele, ou que falam por ele
sem entender o que ele realmente desejava expressar.

Nota: Quando digo "sem abrir mão do ativismo", refiro-me à permanência
do ativista como tal, sem precisar se submeter à construção ou
divulgação de dados funcionais não livres ou não funcionais não
compartilháveis.

A dedução que fiz baseia-se nas seguintes observações:

* A "patada" que o partido político espanhol Podemos deu no movimento
filosófico do software livre ao declarar publicamente que
"[código-]fonte aberto" e "software livre" são termos intercambiáveis.
Vejam mais detalhes na publicação da comunidade autogestionada
ElBinario:
https://elbinario.net/2016/03/22/podemos-y-su-metedura-de-pata-en-porque-dicen-software-libre-cuando-no-lo-es/

** Observação: A comunidade ElBinario possui publicações
autogestionadas, o que quer dizer que existem diferentes autores, com
diferentes objetivos, diferentes prioridades, diferentes ativismos, mas
todos são responsáveis por suas próprias publicações, e a comunidade
nunca exclui publicações, mesmo que não concorde com elas (na verdade,
eles preferem fazer outra posterior expressando desacordo). Pelas minhas
observações, 50% dos membros da comunidade ElBinario são proponentes do
[código-]fonte aberto, e os outros são proponentes do software livre,
sendo que, dentro destes dois grupos, a maioria é proponente da cultura
livre.

* O descaso dos governos de Juan Manuel Santos e de Álvaro Uribe na
Colombia, segundo nosso colega de ativismo Juan Pablo Puentes:
http://www.fsfla.org/pipermail/legales/2015/000236.html

* As observações de nosso colega Omar Bautista González sobre o uso das
ferramentas jurídicas do Estado e o caráter coativo de tais
instituições. Além de sua observação sobre advogados e cientistas
sociais que estão explorando alternativas jurídicas:
http://www.fsfla.org/pipermail/legales/2015/000239.html

* Outra observação de Omar Bautista González sobre o tema:
http://www.fsfla.org/pipermail/legales/2015/000244.html

* Minhas contribuição ao debate, onde tento apontar possíveis problemas
aqui no Brasil: http://www.fsfla.org/pipermail/legales/2015/000245.html

* A resposta de Omar sobre minhas contribuição, onde ele evidencia a
"patada" que a "RD" (República Dominicana?) levou quando metade dos
ativistas do software livre em tal país decidiu apoiar Pelegrín Castillo
em sua campanha em prol do software livre como produto nacional, quando
na verdade este passa dos limites geográficos:
http://www.fsfla.org/pipermail/legales/2015/000246.html


Respeitosamente, Adonay.