[PSL-Brasil] Novo post: Auto trolagem

azxy em openmailbox.org azxy em openmailbox.org
Segunda Fevereiro 1 23:47:41 BRST 2016


O projeto cauã não implica em um intermediário entre o usuário e sua 
computação?
Não implica também em tratar software como serviço?
De fato, não é um projeto que retira o controle da computação do 
usuário, usando software livre e hardware aberto?

Faço essas provocações porque me parece que é um projeto onde se instala 
um servidor local, que oferta serviços aos usuários possuidores de um 
cliente, e que é administrado por terceiros (vejam: 
http://br-linux.org/2013/01/projeto-caua-jon-maddog-hall-quer-colocar-um-servidor-no-porao-de-cada-predio-de-sp-e-criar-2000000-de-empregos.html).



On 2016-01-11 11:50, anahuac em anahuac.eu wrote:
> Auto trolagem
> 
> Iniciei os caminhos do Software Livre em 1995, mas levei alguns anos
> para entender, me livrar dos conceitos formados anteriormente e adotar
> a filosofia GNU como norteamento profissional e social. Você pode até
> achar que sou louco, mas na verdade todos fazem isso, de forma
> consciente ou não. Qual rumo você vai dar a sua vida, qual caminho
> escolher e quais formatos, métodos e valores vai adotar como forma de
> vida. Alguns serão mais comerciais, outros mais religiosos, outros
> mais ecológicos, outros mais engajados e outros, apesar de não se
> definirem, serão levados a se definir pelo comportamento da maioria.
> 
> Faço parte do Movimento Software Livre brasileiro desde o seu
> nascimento. Vi seus ídolos surgirem, passarem, mudarem e até se
> antagonizarem ao próprio movimento. Fiz parte do grupo majoritário que
> a partir de 2004 decidiu abraçar, também, os conceitos OSI para
> facilitar a adoção do GNU+Linux no meio empresarial e governamental. O
> objetivo de tornar o Software Livre mais palatável sempre foi o de
> aumentar sua adoção. Se uma empresa ou governo adotassem o GNU+Linux
> as pessoas seriam apresentadas ao fantástico sistema operacional e
> suas vantagens técnicas e ideológicas. Isso provocaria uma reação em
> cadeia que levaria as pessoas a adotar o GNU+Linux, também em casa e
> eventualmente fazer pressão de mercado por dispositivos compatíveis e
> obviamente, um revolução estaria em curso. Essa foi uma tendência
> seguida por 9 entre 10 militantes e simpatizantes do Software Livre e
> vem se arrastando até hoje.
> 
> Fomos absurdamente inocentes. Realmente acreditamos que jogaríamos
> esse jogo, sob as regras do mercado, no campo do mercado e ainda assim
> ganharíamos. Fomos cooptados como movimento e o Software Livre,
> lentamente, foi convertido de um posicionamento filosófico, social e
> político, em um modelo de produção mais eficiente. GNU+Linux virou
> Linux, Livre virou Aberto (Free --> Open), Linus virou o "pop star" do
> movimento enquanto Stallman foi escanteado e Software Livre virou FOSS
> ou FLOSS, para poder apagar de vez qualquer dúvida do quanto eram
> tecnicamente superiores e ideologicamente insignificantes.
> 
> Eu acordei desse encanto em 2012 quando me dei conta de que estava
> completamente dependente das ferramentas do Google. Em um artigo
> comuniquei que estava deixando de usá-las e até escrevi um HowTo de
> como proceder. Foi nesse mesmo ano que a Canonical decidiu embutir um
> spyware no Ubuntu, a distribuição que eu usava, e isso me fez ainda
> mais atento aos detalhes do que eu estava chamando de Software Livre.
> 
> Desde então tenho me dedicado a alertar os militantes do Software
> Livre sobre o encantamento no qual se encontram, implorando que
> despertem e percebam que apesar de acharem que estão fazendo o bem,
> estão ajudando a enganar as pessoas, estão distribuindo software não
> livre e, consequentemente, matando o Movimento Software Livre.
> 
> É claro que eu não poderia sair incólume. Apontar os erros dos outros
> é uma tarefa ingrata. Especialmente porque, estou me dirigindo a
> pessoas com um intelecto privilegiado, capacidade avançada de
> pensamento cognitivo e com muitos anos de militância na bagagem. Os
> argumentos estão sedimentados e as meias-verdades estão sedimentadas
> como verdades absolutas. E essa reação é tão forte, que os argumentos
> chegam a beirar o surrealismo, como insistir em dizer que o Linux é
> Software Livre.
> 
> Então, depois de anos recebendo criticas e toda sorte de acusações,
> decidi fazer uma auto entrevista comigo mesmo - pleonasmos propositais
> - para esclarecer algumas perguntas que sempre me fazem. Então se
> preparem, a tarefa de auto trolagem não é nada bonita.
> 
> P: Quem você pensa que é para falar em nome do Software Livre? Você
> não acha que seus 5 minutos de fama já acabaram?
> 
> Puxa vida! Eu não sou ninguém. Sempre repito isso, mas as pessoas
> tendem a ignorar. Eu não faço parte da FSF ou nenhuma outra
> organização formal. Não represento ninguém. Sou apenas um militante
> ativo. Então eu não sou ninguém!
> 
> Não me acho melhor nem pior do que ninguém. Mas é interessante como os
> criticos conseguem ser malvados. Eu nunca sofri tantos ataques de
> caráter pessoal em toda minha vida. O mais triste é que eles vem de
> pessoas supostamente esclarecidas, inteligentes e oriundas do próprio
> Movimento Software Livre.
> 
> P: Você critica muito e fala muito, você contribuiu com algum projeto
> de Software Livre?
> 
> Como disse antes eu sou um militante do Movimento Software Livre e
> portanto, é inevitável que eu tenha feito e continue contribuindo. Sou
> fundador do G/LUG-PB - Grupo de Usuários GNU/Linux da Paraíba, ajudei
> a realizar alguns eventos, como o ENSOL - Encontro de Software Livre
> da Paraíba, desenvolvi alguns Softwares Livres como o LESP, lesp-cel e
> KyaPanel (antes chamado de JeguePanel), contribuí para diversos outros
> projetos traduzindo e mandando pequenas contribuições e correções, e
> sou mantenedor do primeiro POD (servidor) Diáspora no Brasil. Sei que
> não é muito, mas tento fazer a minha parte.
> 
> P: Você sabe compilar um software?
> 
> Sei sim. Inclusive o kernel linux-libre :-)
> 
> P: Você acredita em Deus?
> 
> Não. Sou ateu desde criança.
> 
> Costumo dizer que sou ateu, materialista, dialético, graças a Deus! :-)
> 
> P: Você é comunista?
> 
> Sou socialista, que é o embasamento ideológico do comunismo. O
> Comunismo é uma tentativa pragmática de aplicar o Socialismo. Mas se
> você quiser saber eu sou Fidelista sim. Tenho família em Cuba e
> conheço bem os problemas e méritos do sistema Cubano. Prefiro 1000x
> uma sociedade igualitária e com os melhores índices sociais das
> Américas às desigualdades mantidas propositadamente pelo capitalismo.
> 
> E antes que me mandem ir para Cuba, permita que lhes diga que eu já
> tentei. E 1998 fui a Cuba a passeio e pedi para ficar. Não me
> deixaram. Hoje não há mais espaço para uma mudança desse tipo,
> constitui família e tenho uma carreira profissional. Mas não deixo de
> lutar pelos meus ideais políticos aqui mesmo no Brasil. Sou Brasileiro
> e não desisto nunca!
> 
> P: Você acha que o Movimento Software Livre tem viés de esquerda?
> 
> Acho que sim. Não foi algo pensado ou planejado. O próprio Stallman
> diz que se trata de um movimento social e político que empodera o
> usuário através do acesso ao código, para mudar a relação de poder
> entre os usuários e os fornecedores de tecnologia. Hora, na minha
> compreensão, todo movimento que empodera o cidadão em detrimento das
> corporações é um movimento de cunho socialista. Além disso o próprio
> caráter distributivo, igualitário e comunitário fazem do Software
> Livre um movimento de esquerda.
> 
> P: Então se você é socialista você acha que não se deve ou não se pode
> ganhar dinheiro com Software Livre?
> 
> Nada disso. Pode-se e deve-se gerar riqueza com Software Livre. Apenas
> o modelo de como se faz isso é que deveria ser repensado. O modelo que
> eu mais gosto é o de Cooperativa, nos moldes da COLIVRE, mas
> respeitando as leis vigentes, respeitando às liberdades do software
> segundo as definições da GPL e adotando uma abordagem mais humana de
> fazer negócios (isso é possível?) então ta de boa ganhar grana com
> Software Livre.
> 
> Se quiserem mais exemplos de como se faz isso, basta assistir as
> dezenas de palestras do Jon "maddog" Hall. Inclusive ele está
> empenhado em um agora mesmo: o Projeto Cauã.
> 
> P: Você critica muito o uso das redes sociais, inclusive às chama de
> Redes Devassas, mas você tem uma conta no Twitter? Você não se sente
> agindo de ma fé, algo como" faça o que eu digo, mas não o que faço"?
> 
> Sim, me sinto assim, mas não é algo verdadeiro. Eu não defendo, nem
> cobro de ninguém 100% de uso de Softwares Livres. Acho que não é
> possível neste momento. O meu objetivo é tirar as pessoas de sua zona
> de conforto e fazer com que percebam que passaram, perigosamente, do
> limite. Usar uma rede ou outra, um software não livre ou outro não é
> um problema tão grave assim. Mas quando você perceber que quase tudo o
> que faz no seu dia a dia, depende de uma rede devassa, de um serviço
> on-line privativo ou de um software não livre, então é hora de
> repensar. O mais grave é que tem gente que está nessa situação,
> defende que deve ser assim mesmo e ainda se define como ativista do
> Software Livre. Faz sentido?
> 
> Se eu quantificar o percentual de softwares não livres + redes
> devassas que uso, em relação aos Softwares Livres e redes sociais
> livres, seria algo me torno de 10%. Então usar o Twitter, com clientes
> livres (Twidere e Hotot) para não me isolar do mundo, não me parece
> uma falta de coerência tão grave assim. Não sou perfeito e não estou
> pedindo que ninguém seja.
> 
> Mas usar Google, Gmail, Hangout, Skype, Steam, iPhone e ainda falar em
> liberdade tecnológica e palestrar sobre Software Livre é meio
> ridículo.
> 
> P: Você sempre indica que sejam usadas as distribuições Linux
> recomendadas pela FSF, mas você mesmo usa openSuse. Porque?
> 
> Eu sou um profissional de TI. Sou consultor de Tecnologias Livres e
> preciso me manter atualizado com as últimas novidades disponíveis em
> Software Livre. Em 2012, depois da trairagem da Canonical com o seu
> spyware eu deixei de usar o Ubuntu, que tinha sido meu sistema
> operacional por 6 anos. Fui apresentado ao openSuse pela amiga e
> também militante do Software Livre, Izabel Valverde e gostei muito, em
> especial da versão Tumblebee considerada instável e que libera sempre
> as últimas versões de tudo. Mas é claro que tomei o cuidado de
> substituir o kernel que vem nele pelo linux-libre.
> 
> O meu problema pessoal com as distribuições recomendadas pela FSF é o
> tempo de atualização. Esse é um problema para mim, mas não para a
> maioria dos usuários comuns. Se a ideia é ter um sistema operacional
> estável, seguro e realmente livre, opte por uma das sugeridas pela
> FSF.
> 
> Apenas para esclarecer, já faz alguns meses que migrei para o Debian 
> Sid :-)
> 
> P: E Android?
> 
> Uso sim. Não há outra opção viável no mercado. Até ensaiei um Firefox
> OS, mas ele não é estável o suficiente e ai terminou que ele foi
> descontinuado. Android não é 100% livre, até porque isso não é
> possível nos aparelhos comercializados hoje em dia. O Replicant, a
> tentativa de um Android 100% livre esbarra na falta de drivers livres
> para fazer o wifi funcionar, por exemplo.
> 
> O que faço é não usar os aplicativos do Google. Assim optei por usar
> uma ROM chamara OMNI e sempre sugiro que usem a CyanogenMOD ou outra,
> que seja o mais limpa possível. Sem conta do Google e usando
> repositórios alternativos como Aptoide.com e F-droid.org. Será que
> ficou claro que eu prezo pela possibilidade?
> 
> P: Você usa Ubuntu de alguma forma? Alguns testes nos seus servidores
> indicam que sim e claro que isso não pega bem para quem dissemina o
> #semUbuntu
> 
> Não uso Ubuntu desde 2012 em nenhum lugar. Eu contratei uma hospedagem
> compartilhada na DreamHost.com que tinha seus servidores rodando
> RedHat. Como se sabe, nesses casos você não tem nenhuma autonomia
> sobre a distribuição que é utilizada. Assim, um belo dia, eles
> migraram os servidores de RedHat para Ubuntu e foi assim que eu
> terminei usando Ubuntu sem saber por algum tempo. Quando fui alertado
> do problema tomei medidas imediatas.
> 
> Eu mantenho dois servidores próprios: um para a minha página pessoal e
> outro de um serviço de hospedagem de e-mail KyaHosting e ambos rodam
> sobre Trisquel.
> 
> Trisquel é uma distribuição mantida por um coletivo espanhol que se
> dedica a remover TUDO o que não é livre das versões LTS do Ubuntu. É
> tão bem feito e tão confiável que ganhou homologação da FSF. Mas tem
> um porém: quando eles percebem que não é necessário tocar em algum
> pacote, eles não mudam nem mesmo as assinaturas. Então programas como
> Nginx e PHP informam que se trata de um Ubuntu, quando na verdade é
> Trisquel. É um caso típico de falso positivo.
> 
> P: Vai bem dizer que você num usa um "softwarezinho" privativo aqui e 
> ali?
> 
> Uso sim. As vezes é inevitável ou desejável. Um excelente exemplo de
> inevitabilidade são os aplicativos de banco. Simplesmente não há
> alternativa. Então se submeter ao uso de algum software não livre é
> aceitável até mesmo para um ativista, mas não pode ser somente isso. E
> o problema, em geral, é exatamente saber qual é o limite?
> 
> Na minha opinião o limite é aquilo que pode ser substituído, ou seja,
> se há uma opção livre ela deve ser usada, mesmo com menos recursos. No
> fim a pressão pelo uso de software não livre vem do mercado, ou seja
> da demanda. Como a maioria das pessoas não se importa com a liberdade
> do software, então a oferta de determinadas soluções é mínima ou
> inexistente. É o caso dos drivers de wifi para smartphones.
> 
> Acredito que se a maioria das pessoas desse a devida importância ao
> Software Livre e se dedicasse a exigir de seus fornecedores que
> liberassem o código de seus programas, inclusive os drivers do
> hardware, o cenário do mercado seria completamente diferente. É como
> ser um tanto ecologista ou "natureba". O preço dos alimentos orgânicos
> é absurdo porque a demanda é baixa. O interessante é que ninguém,
> deliberadamente, quer consumir agrotóxicos. É como se todo mundo
> esperasse o outro fazer a diferença. É o famoso "deixa que eu deixo" e
> a bola termina no chão com ponto para o adversário. Neste caso é um
> processo de auto flagelo, estamos nos condenando a consumir mais
> veneno, mais tecnologia privativa, etc.
> 
> É um paradoxo: quanto mais as pessoas exercem sua liberdade de
> escolher usar tecnologia sem se importar se ela é livre ou não, menos
> livres elas se tornam. Isso gera um padrão de mercado, que termina
> forçando os que se importam com a liberdade do software a enfrentar
> sérios dilemas cotidianos: usar ou não usar, distribuir ou não
> distribuir, recomendar ou não recomendar alguns softwares não livres.
> 
> P: Você sempre repete que o Linux não é Software Livre. Imagino que
> esteja se referindo aos  blobs. Considerando que estes não fazem parte
> do kernel, você não está sendo desonesto, fazendo FUD?
> 
> Isso é algo extremamente sem sentido: quanto mais eu digo a verdade,
> mais me acusam de estar mentindo. Parece um universo paralelo,
> espelhado. O linux é o kernel mais popular do sistema operacional GNU.
> Há outros, mas infelizmente não tão usáveis. Será que você já parou
> para pensar porque?
> 
> Precisamos definir o que é um kernel usável. Se por uma parte é o fato
> dele ser bem feito e permitir o gerenciamento adequado do hardware,
> sem dúvida. Mas há outro quesito fundamental que precisa ser
> considerado: suporte ao hardware existente. O que poucas pessoas
> parecem entender é que desde 1994 o Linus optou pelo pragmatismo em
> detrimento da filosofia libertária do Software Livre. Desde esse ano
> ele se utiliza de uma carência legal da GPL 2 para embutir software
> não livre no kernel. Sim, isso mesmo, desde 1994. Então o arquivo
> fonte que você baixa em kernel.org está tão recheado de software não
> livre que a liberdade 0 - aquela que diz que você deve poder fazer
> qualquer coisa com o software - não é respeitada. Portanto não é
> magia, nem mesmo competência o que tem feito o Linux ser cada vez mais
> compatível com uma vasta gama de hardware do mercado, mas sim a
> infecção progressiva do kernel com mais e mais drivers não livres.
> 
> O mais interessante é que desde então a quantidade de softwares não
> livres só aumenta. Chegamos a um ponto em que um fork do Linux foi
> criado: linux-libre. Nele todos os softwares não livres são removidos
> e o resultado é um kernel realmente livre.
> 
> Então, nem o Linux é Software Livre e também não é Open Source. Vejam
> que ironia, porque até mesmo os defensores de uma certa dose de
> pragmatismo ideológico estão levando uma rasteira daquelas. E se o
> Linux não é FLOSS então Tux não nos representa.
> 
> P: Você faz parte da iniciativa #semUbuntu e sugeriu que o FLISOL, por
> exemplo, não instalasse mais essa distribuição. Você não acha melhor
> migrar um usuário de Windows para Ubuntu, do que não migrar?
> 
> O #semUbuntu é uma provocação simplista para mentes simplistas. Se o
> kernel distribuído não é livre, parte dos softwares distribuídos não é
> livre, então o Ubuntu não é livre. Se o sistema operacional não é
> livre por que o Festival Latinoamericano de Instalação de SOFTWARE
> LIVRE instala ele? Talvez porque a maioria dos voluntários que
> realizam o FLISOL são iniciantes entusiasmados que foram apresentados
> ao Linux e ao Ubuntu como sendo Software Livre, quando não o são.
> Esses foram enganados e, infelizmente, estão ajudando a espalhar o
> engano.
> 
> Honestamente acho que migrar um usuário de Windows para Ubuntu é
> melhor do que não migrá-lo, mas desde que ele saiba que o que ele está
> usando não é Software Livre. O mesmo pode ser dito de um smartphone:
> prefiro um que use Android do que iOS ou WinPhone, mas isso não
> implica dizer que o Android é Software Livre. A provocação aqui é que
> se deixe claro para o instalador e para o usuário que o sistema
> operacional que está sendo instalado não é livre. Assim ambos não se
> deixam enganar e não propagam mais a enganação.
> 
> Se todos os realizadores do FLISOL assumissem um compromisso com os
> valores no evento e do Software Livre eles fariam isso. E então
> ficaria muito estranho ter que explicar para as pessoas que
> aparecessem que vão instalar um Linux que não é livre, pois o que
> geralmente leva as pessoas ao FLISOL é exatamente experimentar a
> liberdade.
> 
> Então se for para migrar um usuário de Windows para Ubuntu, dizendo
> para ele que ele está usando Software Livre, é melhor não migrá-lo.
> Uma vez revelado que o Ubuntu não é livre, não faz mais sentido
> instalá-lo e ai as opções seriam as distribuições indicadas pela FSF.
> 
> P: Mas você não acha ridículo deixar um usuário novato sem sua Wifi
> funcionando somente para não instalar alguns Kb de software privativo?
> 
> O que é verdadeiramente ridículo é alguém defender o uso desses poucos
> Kb de softwares não livres sem contar isso para os usuários. Acho que
> existem opções claras de resolver esse impasse: explique bem o
> problema para a pessoa, assim ela terá o direito de ficar indignada
> com o fabricante; troque a placa wifi por uma que funcione com drivers
> livres. É fácil e barato; pressione o Linus a não embutir softwares
> não livres no kernel. O que não pode ser feito é enganar os usuários
> iniciantes.
> 
> P: Você não acha que é muito rude, grosseiro e duro nos seus artigos?
> 
> Honestamente não acho. Ser explícito e contundente com pessoas que
> sabem exatamente o que você está dizendo não é grosseria, é respeito.
> É como dizer que um Procurador está sendo pernóstico por usar uma
> redação demasiadamente jurídica em suas peças para apreciação da
> plenária. Meus artigos e textos não estão direcionados aos iniciantes
> e leigos. Tenho me dirigido aos Movimentos de Software Livre
> existentes, aos ativistas, organizadores de eventos, aos já iniciados
> e aos dinossauros salafrários que se camuflam por trás da pecha de
> liberdade, linux e Software Livre para enganar as pessoas em benefício
> próprio. Inclusive esses são os que mais reagem.
> 
> P: Todos dizem que você é muito radical. Você se considera radical,
> "xiita" ou terrorista?
> 
> Engraçado isso. Dependendo de quem me classifica assim, pode estar
> exageradamente certo ou absolutamente equivocado. Permita-me explicar.
> 
> Se quem acha que eu sou extremista for uma pessoa que não entende bem
> o que é Software Livre ou um defensor do software não livre, então,
> apesar do exagero, desde o ponto de vista ignorante dele, eu sou sim
> um extremista, um radical. Afinal de contas quero que todos os
> softwares do mundo sejam livres.
> 
> Mas se quem me acusa é um OSIsta ou um pseudo ativista do Software
> Livre, então o ataque é uma tentativa de me desqualificar. Como eu
> defendo o conceito original do Software Livre estabelecido pelo
> Stallman, e o que essas pessoas estão tentando fazer é mudar esse
> conceito, me considero um conservador empedernido. Eu quero que o
> conceito seja mantido e respeitado.
> 
> P: Você não acha que está prestando um desserviço à Comunidade?
> Provocando brigas, rachas e mal estar?
> 
> Na verdade eu espero estar causando rachas e mal estar. O objetivo é
> exatamente desestabilizar os oportunistas que continuam querendo
> colocar Software Livre e Open Source no mesmo saco, tudo junto e
> misturado porque assim se encaixa melhor com suas ideologias de
> mercado, porque assim atendem melhor aos seus interesses comerciais,
> por que assim podem manter a imagem de consultores, especialistas,
> profissionais de Software Livre, porque assim podem manter seu
> prestígio construído sobre os alicerces da filosofia GNU sem ter que
> respeitá-la.
> 
> Quando gero o antagonismo e provoco o contraditório, as mascaras caem
> e o verdadeiro posicionamento de cada um se revela. Tem sido assim com
> blogueiros, líderes de comunidades, organizadores de eventos,
> jornalistas e toda sorte de pseudo ativistas que se escondiam na
> sombra da área cinza que se gera quando se usa o acrônimo FLOSS(FOSS).
> 
> O conflito leva à discussão, que abre espaço para a reflexão e permite
> um posicionamento mais honesto frente aos outros e para si mesmo.
> Alguns veteranos do Movimento Software Livre, depois de lerem alguns
> dos meus artigos tem me confidenciado - e em alguns casos assumido
> publicamente - que não são mais defensores ou ativistas do Software
> Livre. Afinal de contas ninguém é obrigado a concordar, aceitar e
> seguir os preceitos filosóficos do GNU. O que não é produtivo é tentar
> deturpar o seu significado e suas diretrizes para que se encaixem na
> sua própria visão. Isso é desonestidade.
> 
> Estas são as minhas opiniões. Todos somos, ou deveríamos ser, livres
> para fazer suas próprias escolhas. Não condeno quem opta por seguir um
> caminho ideológico ou prático. Mas posso discordar e exercer meu
> direito humano de expressão. Meu embate é com os iludidos,
> desatenciosos ou falsos e mal intencionados que defendem a
> convivência, complacência e uso de softwares não livres e ainda dizem
> que isso é Software Livre. Faça sua escolha, siga o seu caminho, mas
> não se engane e muito menos iluda outros.
> 
> Esse questionário foi pensado por mim, inspirado em muitas das
> agressões e provocações que tenho recebido. Se você quiser me
> perguntar qualquer outra coisa, fique à vontade e pergunta. Só peço
> que o faça com educação e sem grosseria. Quem sabe em breve sai um
> capítulo 2 do Auto Trolagem.
> 
> Saudações Livres!
> 
> --
> Anahuac de Paula Gil
> 
> Anahuac - http://www.anahuac.eu
> KyaHosting - http://www.kyahosting.com
> suaNUvem - http://www.suanuvem.com
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