[gt-educacao] Tabuleta do MEC

Frederico Goncalves Guimaraes frederico em teia.bio.br
Sábado Janeiro 5 18:31:49 BRST 2013


Olá Sérgio, Paulo e demais,

Consta no registro AF04355 do Livro da Grande Teia que
Aprendendo, em 04/01/13 escreveu o seguinte:

> Olá Paulo e todos [desculpe a mensagem repetida...você assina mais de
> uma lista de discussão :-)]

Faço uso do mesmo pedido de desculpas.  :-)

> > O Ministério da Educação exige conta de email no Gmail Google para
> > ativar o tablete (tabuleta, prancheta)?
> 
> Não é uma exigência do MEC e sim do sistema operacional Android!

Na verdade não. O Android não exige que você tenha conta na Google. Ela
é necessária caso você queira usar a "lojinha" da Google (a PlayStore)
e sincronizar com os serviços dela, como agenda e correio eletrônico.
Logo, a indicação do MEC de criação de conta na Google deveria vir
junto com uma explicação que isso é opcional.

E pra quem acha que só existe aplicativo para Android na PlayStore,
vale a pena conhecer o F-Droid, um projeto que disponibiliza somente
aplicações livres para esse sistema operacional:

http://f-droid.org/

Eles tem um software que funciona na mesma linha da Play, ou seja, é
possível escolher e instalar os programas diretamente por ele e quando
sai alguma atualização você é avisado.

> > O tablete do MEC já vem com ferramentas do Google instaladas?
> 
> Sim, todo dispositivo Android opera no ecossistema da Google! E não
> adianta ficar de "mimimi". Ou você instala um sistema operacional
> alternativo ou usa o sistema maduro do Android com os seus efeitos
> colaterais.
> 
> Notícia ruim: não existe nenhum sistema livre e maduro para instalar
> no Hardware comprado pelo MEC.

Bom, o CyanogenMod é maduro o suficiente pra mim. E é tão livre
que nem inclui a camada de aplicações da Google (você tem que
instalar na mão se quiser).  :-)

Ah, mas você pode argumentar que ele não é compatível com a tabuleta
educacional. Bom, o governo abriu licitação para a aquisição desses
equipamentos. Era só colocar que deveria ser compatível com o
CyanogenMod e pronto. A montadora que se vire.

> Não atire as pedras agora :-) Eu preferia ter notebooks que Tabletes
> (http://psfl.in/61 e http://psfl.in/d1)... mas os Tabletes estão aí,
> então é mais produtivo pesquisar e organizar as alternativas do que
> ficar só no mimimi :-)

Bom, eu também acho net/notebooks muito mais produtivos em ambientes
educacionais do que tabuletas (tem até um comentário meu na revista
ARede sobre isso), mas o governo insiste em ficar investindo em "moda"
ao invés de tecnologia. Então dá nisso aí. Se você não tiver uma
infra-estrutura de informática MUITO bem montada nas escolas, as
tabuletas correm um risco de se tornarem um fiasco maior que o UCA
(que, convenhamos, teve problemas justamente porque o governo também
não investiu em infra-estrutura nas escolas e uma capacitação mais bem
estruturada para os professores).

> > O MEC recomenda aos professores a utilização do www.dropbox.com?
> 
> É um sistema maduro e que funciona bem nos mais variados ecossistemas
> (linux, windows, Mac, Androis IOS). Faz sentido o uso  de disco
> virtual para integrar os tabletes aos computadores (pessoais e das
> escolas)...

Só porque as escolas não tem infra-estrutura pra lidar com isso. Se
você montasse um ambiente de nuvem nas escolas (usando, por exemplo, o
OwnCloud citado abaixo, mas existem também outras opções), você teria
um controle muito maior sobre seus dados e arquivos. A questão é que,
ao indicar um serviço de terceiros, o governo joga a responsabilidade
nas mãos do(a) professor(a), uma vez que é ele(a) quem vai criar a
conta e assinar os termos de compromisso. E qual o nível de capacitação
desses professores para saber os riscos que eles correm?

> Uma alternativa livre (tem que configurar e instalar num servidor -  o
> professor médio NÃO VAI FAZER - com cliente para Android é o OwnCloud
> (http://www.vivaolinux.com.br/artigo/OwnCloud-Crie-a-sua-propria-nuvem-Alternativa-ao-Dropbox/?pagina=2)

Eu uso e recomendo.  :-)

> A questão é que Tabletes viraram hypes!  E já gastaram uma grana com a
> compra deles. Se quisermos contribuir de verdade temos que ser
> propositivos!

Pois é. Já tentei ser propositivo com um pessoal do MEC que estava no
FISL há alguns anos atrás (por sinal, eles pararam de ir lá, curioso,
né?). Mas não foi uma conversa muito feliz. Então segue minha
proposição para nossos dois grupos aqui (quem sabe tem alguém do MEC
nos monitorando?).  ;-)  Minha proposta é justamente ir na contra-mão
desse hype. Antes de notebook/netbook/tablet/lousa digital/(ponha sua
tecnologia digital preferida aqui) eu acho que o governo deveria
investir na base, ou seja, construir um ambiente digital sólido para as
escolas, com (pelo menos) servidores de arquivos e web, de forma a
permitir a independência tecnológica desses locais. A partir daí,
capacitar os professores e, principalmente, estimular as trocas entre
eles (sei que os NTMs e NTEs existem pra isso, mas infelizmente nem
todos cumpre esse papel com maestria). A partir daí pensar em
tecnologias móveis. O problema é que infra-estrutura é igual esgoto: é
importante, mas ninguém vê. Já tabuletas e adjacências são viadutos:
chamam a atenção e todo mundo fica admirado. Adivinha o que aparece
mais no jornal? E qual vai conseguir dinheiro do governo?

Um abraço e até mais.


Frederico
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