[gt-educacao] Tabuleta do MEC

Frederico Goncalves Guimaraes frederico em teia.bio.br
Segunda Janeiro 7 08:47:19 BRST 2013


Olá Sérgio e demais,

Consta no registro AF05076 do Livro da Grande Teia que Aprendendo, em
05/01/13 escreveu o seguinte:

>> Bom, o CyanogenMod é maduro o suficiente pra mim. E é tão livre
>> que nem inclui a camada de aplicações da Google (você tem que
>> instalar na mão se quiser).  :-)
>
>Ele não tem suporte a todos os hardwares, pois muitas funções de baixo
>nível sào implementas por engenharia reversa. E o MEC teria que ter uma
>equipe pra manter uma versão pro hardware que comprou. Seria bom, mas
>sabemos que não vai rolar :-)
>
>> Ah, mas você pode argumentar que ele não é compatível com a tabuleta
>> educacional. Bom, o governo abriu licitação para a aquisição desses
>> equipamentos. Era só colocar que deveria ser compatível com o
>> CyanogenMod e pronto. A montadora que se vire
>
>Ninguém ia oferecer nada! Não é simples desenvolver sua própria versão
>android dos fontes!

Você está pensando ao contrário. Eles não precisariam desenvolver um
Android, mas sim ter um hardware compatível com um Android já
desenvolvido, que é o CyanogenMod. E a empresa poderia entrar em
contato com os desenvolvedores da CyanogenMod para acertar detalhes com
eles. Com um contrato desse tamanho, com certeza as empresas iriam se
virar para conseguir isso.

O problema é que várias instâncias de governo aqui no Brasil têm um
vício que é o de pensar ao contrário. Ou seja, ao invés de fazer um
planejamento e deixar as empresas se virarem para atendê-lo, pega-se o
que as empresas têm disponível e monta-se projetos em cima disso.

>> Bom, eu também acho net/notebooks muito mais produtivos em ambientes
>> educacionais do que tabuletas (tem até um comentário meu na revista
>> ARede sobre isso), mas o governo insiste em ficar investindo em
>> "moda" ao invés de tecnologia. Então dá nisso aí. Se você não tiver
>> uma infra-estrutura de informática MUITO bem montada nas escolas, as
>> tabuletas correm um risco de se tornarem um fiasco maior que o UCA
>> (que, convenhamos, teve problemas justamente porque o governo também
>> não investiu em infra-estrutura nas escolas e uma capacitação mais
>> bem estruturada para os professores).
>
>Todos concordamos com isso, mas o que podemos fazer além dessa crítica,
>quando os dispositivos estiverem na mão dos professores? Bradar
>palavras de ordem? :-)

Bom, eu já criticava e tentava discutir soluções ANTES dos aparelhos
chegarem.  :-)

Mas concordo que temos ficado muito no grito e pouco na ação. Eu mesmo
me prontifiquei a fazer várias coisas no ano passado e acabei
atropelado por uma série de eventos, inclusive relacionados ao meu
trabalho justamente com TICs aqui na prefeitura de BH, que tiraram toda
a minha motivação para elaborar qualquer projeto (além de tirar parte
da minha saúde também). Portanto, estou fazendo um mea culpa, mas já
com esperança de conseguir dar conta do que vem pela frente esse ano
(mas isso fica pra outro e-mail).  :-)

>Gente, eu acho que rola uma certa histeria com isso :-) [campo de força
>ativar] supostamente você deve usar a nuvem como cópia dos arquivos que
>deseja usar profissonalmente.  Se quiser essa mítica privacidade näo
>use nada eletrônico, use papel e lápis e vá para as cavernas :-)

O problema que eu vejo, Sérgio, não é nem o uso ou o não uso. Veja bem,
não tenho nada contra quem use softwares/serviços proprietários (eu
mesmo uso, uma vez que tenho videogame em casa). O problema é
RECOMENDAR o uso para outras pessoas, sem o devido esclarecimento dos
riscos. Não é só uma questão de privacidade, mas também de segurança e
permanência dos dados.

Todo mundo lembra do caso Ning, que era gratuito, um monte de gente foi
pra lá e um belo dia eles falaram: "pague ou perca tudo o que você
publicou aqui". QUALQUER serviço proprietário está sujeito a esse tipo
de ameaça, mas a maioria absoluta das pessoas não tem sequer noção
disso. Portanto, não é histeria. É simplesmente precaução.  :-)

>Eu uso Dropbox e estou bem satisfeito! Meus planos de dominação do
>mundo não estào lá. Só provas, listas, e material de trabalho!

Pois é. Você sabe o que deve ou não colocar lá. Mas aí voltamos à
questão que eu mais tenho batido nessa discussão: será que todo mundo
sabe?

>Então seria interessante um documento técnico-político (o que quer que
>venha a ser isso) do grupo explicando porque a compra de tabletes é uma
>péssima política pública para a educação e/ou inslusão digital. E
>quais as alternativas que poderiam ser viabilizadas com a mesma verba.

Bom, isso eu acho que não vale mais a pena. Como disse na primeira
mensagem, essa compra tem um caráter muito mais político do que
técnico. E se tem uma coisa que eu aprendi com meus anos de prefeitura
é que decisões políticas não são discutíveis.

>Mas paralelo a isso, textos explicando como o professor médio pode usar
>esse dispositivo sem as "garras perniciosas" da Google em contextos
>educacionais, que softwares poderiam ser legais e etc.

Já isso vale a pena. Inclusive podemos ir além, apresentando propostas
de montagem de ambientes livres nas escolas, como os já citados
servidores de arquivos e web locais. Mas aí voltamos a uma velha
discussão: quem vai fazer isso? O problema é que criamos grupos,
fazemos divisões de trabalho, mas não aparece ninguém para efetivamente
avançar com as coisas. Não dá pra ficarmos só no mundo das ideias. Já
fiz o meu mea culpa, mas também acho que tem faltado empenho do grupo
como um todo em fazer acontecer ao invés de ficar só esperando que
alguém faça.

>A questão é que os dispositivos já foram comprados e já estão chegando
>para testes em alguns NTEs e secretarias estaduais, e aí vamos só
>bradar que a infra-estrutra deveria chegar uns 2 anos dos
>dispositivos?  Não estou discordando de você, só acho que precisamos
>ser um pouco mais pragmáticos!

Concordo plenamente! E acabei de falar isso acima. O que está
efetivamente faltando para fazermos algo? É infra-estrutura? É tempo? É
ânimo?

Um abraço e até mais.


Frederico
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