[gt-educacao] Tabuleta do MEC

Nelson Pretto nelson em pretto.info
Segunda Janeiro 7 12:47:47 BRST 2013


Opa! bela discussão... salve salve todas e todos. bom 2013!

vou preferir comentar genericamente aqui no inicio da msg do que ir
comentando um por um.
MIL PERDÕES PELO TAMANHO!
Já aviso que eu mesmo, desculpem, não dou conta de ler e escrever tanto...
nosso semestre aqui está sendo regular em pleno verão da Bahia, com um sol
maravilhoso... está difícil dar conta de tantas provocações, de naturezas tão
distintas!)

1. acho um absurdo aquela página do MEC indicando gmail e dropbox, assim,
como se isso fosse *natur**alizado*... (eu uso os dois, morro de medo, mas
sei os riscos que corro e, tb eu, não ponho lá minhas bombásticas propostas
para transformar o mundo - até ponho mas, risco meu! ou quem sabe, estou
doido que alguém do MEC leia - eh eh eh eh! - talvez seja por isso que uso
essas nuvens!)

2. Sobre alternativas propostas: não conhecia algumas das ideias que aqui
circularam. Experimentei uma vez o CyanogenMod num HTC... funcionou, mas lá
ainda usava o Gmail... o problema aqui é que em quase tudo, como foi
ditopor Frederico ("ao
invés de fazer um planejamento e deixar as empresas se virarem para
atendê-lo, pega-se o que as empresas têm disponível e monta-se projetos em
cima disso."), na minha modesta opinião, falta planejamento e MUITO MAIS do
que isso, falta diálogo.

*O MEC não gosta de ouvir críticas!* E não é esse MEC, não... parece ser do
DNA MECniano não ouvir...
Quase todas as propostas são elaboradas com meia duzida de consultores sem
uma maior e mais ampla discussão... É o caminho contrário do que deveria
ser a educação: ampla discussão, aberta, enfrentamento dos
contraditórios,pesquisas e políticas públicas que fortaleçam
o sistema e não que amarrem professores, alunos, currículos, materiais,
equipamentos em soluções fixas que, se modificadas numa ou outra condição,
demandam re-iniciar tudo de novo!
(Fui convidado para uma reunião com o novo Ministro Mercadante, reunião
essa que virou *evento* e, lá chegando, descobri que no tal *evento* que eu
estava discutia-se - quer dizer, nem isso! - pedagogia e num outro andar do
mesmo hotel, definiam-se o hardware dessas tais tabuletas... velha
separaçãode conteúdo e forma... arghhh! escrevi sobre isso no terra:
http://terramagazine.terra.com.br/blogdonelsonpretto/blog/2012/03/09/tablets-computadores-e-a-escola/

tb aqui um pouco sobre o UCA:
http://terramagazine.terra.com.br/blogdonelsonpretto/blog/2012/08/10/98/


3. digo tudo isso porque penso que temos, sim, que investir em tudo isso
para que as escolas estejam conectadas com todos os tipos de tecnologias
possíveis...
No caso dos tablets, eles agora são para os professores. Acho ótimo!
Não vejo sentido em falarmos em *tablets educacionais*. Insisto: quem faz
uma tecnologia EDUCACIONAL é um *professor qualificado*. O resto me parece
conversa mole! (lembrem dos PCNs.. um livrão de 950 e picos páginas.... um
guia - sim, meu car em s, *guia curricular*, só não tiveram coragem de nominá-lo
assim! - para ser seguido, nada mais! para ser seguido pelo Brasil todo,
tudo igualzinho... Impossível dar certo... e o professor? tendo que ser
preparado a posteriori para "aplicá-lo"!!!

4. Tablet para professor é para ler, para estudar, para navegar, tuitar,
protestar, para ver email com regularidade, para participar de redes
sociais, para preparar uma aula... para... para fazer tudo aqui que tod em s
nós fazemos sem ter tido cursos...
Ah, os professores são fracos? São mesmos, e desde quando sabemos disso? *desde
sempre!*
e o que fazemos?! aí está, no meu entendimento, O PONTO! (nota de pé: esse
o que fazemos não é para *nosotros*, aqui! explico a seguir...)

5. Não faço *mea culpa*, por falta de tempo, por isso ou por aquilo. Não
somos nós daqui, que temos que nos responsabilizar para resolver os
problemas de uma *POLITICA PÚBLICA mal desenhada*... Se desejarem, E NÓS
CONTINUAREMOS COBRANDO (aqui, na mídia, no FISL, na ANPED, no SBIE, no...,
na....) estamos prontos para colaborar, para opinar, para criticar,  para
sugerir soluções que O MEC (e as SECs) TÊM QUE IMPLANTAR, não nós... Querem
um sistema para tablets? Contratem as Universidades, parcerias com
empresas, só empresas, grupos de pesquisas etc e tal... (qdo houve vontade
política, fizeram isso para a Tv Digital - lembram do consórcio entre univ
e empresas? maravilhoso! - , e logo logo desmontaram... pq? pq estava dando
certo, eh eh eh)
[O MEC - de novo, desculpem! - tem mania de dizer que ouve meia duzia de
colegas e que com isso fez uma ampla discussão das políticas... lembram
como foi o PCN? pegava meia duzia de dois ou três de cada universidade,
pagava 500 contos por consultoria, depois colocavam algo do tipo:
"amplamente discutidos com as universidades tais e quais"... ai ai ai ai..
tô cansado disso, colegas!

6. Nota de pé: estão sabendo que em dezembro passado aconteceu em Floripa
mais uma reunião para discutir/decidir a nova proposta de formação do
PROINFO? quem e quantos estavam lá? porque isso não é mais amplamente
discutido? O que se está fazendo com a formação inicial nas Faculdade de
Educação que coloca no mundo do trabalho essa quantidade enorme de profes
que depois precisam ser novamente formados! sei que isso é polêmico e já
escrevi muito sobre:
http://www.jornaldaciencia.org.br/imprimir.jsp?id=18808e tenho um
texto mais detalhado aqui
http://bit.ly/VO1SY8).
Mais do que isso, existem várias, várias, pesquisas concluídas e andamento
sobre o PROINFO, o UCA e tudo isso... foram discutidas pelos gestores?!
Nada!!!

7. O problema de tudo, além do já citado, é *a conexão das escolas*... Com
o que temos hoje e com o que os tais PNBL (1, 2, 3 ...n) que anunciam...
esqueçam nuvens, esqueçam tudo... estamos formando aqui na Bahia profes do
UCA e a conectividade das escolas é uma vergonha. Não se faz nada! Ou pelo
menos, muito pouco! Ou temos um investimento forte em Banda Larga ou babau!
O Ceará fez um pouco disso...
Lembram de como foi a implantação da internet no Brasil? O MEC foi o último
a por grana no negócio, sendo que todos os POPs estavam nas
universidades... inacreditável, não é?
Considero que ali tivemos te fato uma política pública consistente,
articuladora do sistema e que deu no deu: temos hj uma internet se não
é a melhor
do mundo, é de qualidade técnica e de força política significativa (é só
vermos a qualidade das discussões brasileiras no campo da governança, do
marco civil, direito autoral, cultura digital etc e tal!) Ou seja, formamos,
de fato, uma massa crítica consistente no campo!

Enfim, o ano está só começando... e a discussão é boa!

Espero não ter abusado demais com tantas palavras e links para outros
textos meus mesmo... perdão por isso, mas foi no intuíto de não repetir o
já dito.

abração a tod em s



abs
Nelson Pretto
==============================
Fone UFBA: +55 71 32837205 skype: nlpretto
Fone Celular: +55 71 8779 1906 (Tim)
www.pretto.info  identi.ca e twitter: @nelsonpretto
==============================


Em 7 de janeiro de 2013 11:22, Tel Amiel <tel.amiel em gmail.com> escreveu:

> ótima discussão.
>
> o mimimi é muito pertinente. não nos cabe somente reagir às chamadas
> governamentais. nosso papel não é o de "pesquisar e organizar as
> alternativas." isso gera um ciclo pernicioso e já conhecido - o governo
> cria programas com motivações pouco educacionais e com mínima consulta aos
> usuários finais. os interessados são obrigados a buscar maneiras
> "interessantes e criativas" de fazer uso e integrar o que é posto. já
> conhecemos esse ciclo (nós e o resto do mundo) e ele tende a terminar com
> gente frustrada e equipamentos obsoletos.
>
> o programa é muito mal posto e o nosso papel acaba por ser reativo -- toda
> vez. acho que vale virar o processo de ponta cabeça e pensar em
> configurações, atividades e programas educacionais que podem ou (não) usar
> o tablet e suas imposições. acho ótima a sugestão de guias que auxiliem o
> professor e a escola a fazer usos alternativos (MESMO que se imagine
> complicado demais para ser feito  no ambiente da escola).
>
> feita a compra e definidas as especificações o raio de ação por hora é
> menor. temos que continuar trabalhando para mudar a próxima leva de
> decisões enquanto trabalhamos de baixo pra cima nas escolas sem aceitar a
> imposição de hardware, software ou serviço -- com muito mimimi!
>
> abraços - tel
>
>
> On 05/01/2013, at 22:07, Aprendendo Física - wrote:
>
> > Olá Frederico e todos,
> >
> > Consta nas coordenadas do espaço-tempo que...  Frederico Goncalves
> > Guimaraes escreveu:
> >
> >>>
> >>> Não é uma exigência do MEC e sim do sistema operacional Android!
> >>
> >> Na verdade não. O Android não exige que você tenha conta na Google. Ela
> >> é necessária caso você queira usar a "lojinha" da Google (a PlayStore)
> >> e sincronizar com os serviços dela, como agenda e correio eletrônico.
> >> Logo, a indicação do MEC de criação de conta na Google deveria vir
> >> junto com uma explicação que isso é opcional.
> >
> > Concordo que deve se informado que a experiência de se usar uma conta no
> > google melhora a experiência no uso do equipmamento, mas que você pode
> > viver sem essa conta e procurar serviços alternativos.
> >>
> >
> >> E pra quem acha que só existe aplicativo para Android na PlayStore,
> >> vale a pena conhecer o F-Droid, um projeto que disponibiliza somente
> >> aplicações livres para esse sistema operacional:
> >>
> >> http://f-droid.org/
> >>
> >> Eles tem um software que funciona na mesma linha da Play, ou seja, é
> >> possível escolher e instalar os programas diretamente por ele e quando
> >> sai alguma atualização você é avisado.
> >
> > Muitos softwares portados do Linux para o Android apareceram primeiro no
> > F-droid para só depois estarem também no Play, o Octave  (software livre
> > de cálculo algébrico) é um exemplo.
> >
> >>
> >>>> O tablete do MEC já vem com ferramentas do Google instaladas?
> >>
> >> Bom, o CyanogenMod é maduro o suficiente pra mim. E é tão livre
> >> que nem inclui a camada de aplicações da Google (você tem que
> >> instalar na mão se quiser).  :-)
> >
> > Ele não tem suporte a todos os hardwares, pois muitas funções de baixo
> > nível sào implementas por engenharia reversa. E o MEC teria que ter uma
> > equipe pra manter uma versão pro hardware que comprou. Seria bom, mas
> > sabemos que não vai rolar :-)
> >
> >
> >> Ah, mas você pode argumentar que ele não é compatível com a tabuleta
> >> educacional. Bom, o governo abriu licitação para a aquisição desses
> >> equipamentos. Era só colocar que deveria ser compatível com o
> >> CyanogenMod e pronto. A montadora que se vire
> >
> >
> > Ninguém ia oferecer nada! Não é simples desenvolver sua própria versão
> > android dos fontes!
> >
> >>
> >>> Não atire as pedras agora :-) Eu preferia ter notebooks que Tabletes
> >>> (http://psfl.in/61 e http://psfl.in/d1)... mas os Tabletes estão aí,
> >>> então é mais produtivo pesquisar e organizar as alternativas do que
> >>> ficar só no mimimi :-)
> >>
> >> Bom, eu também acho net/notebooks muito mais produtivos em ambientes
> >> educacionais do que tabuletas (tem até um comentário meu na revista
> >> ARede sobre isso), mas o governo insiste em ficar investindo em "moda"
> >> ao invés de tecnologia. Então dá nisso aí. Se você não tiver uma
> >> infra-estrutura de informática MUITO bem montada nas escolas, as
> >> tabuletas correm um risco de se tornarem um fiasco maior que o UCA
> >> (que, convenhamos, teve problemas justamente porque o governo também
> >> não investiu em infra-estrutura nas escolas e uma capacitação mais bem
> >> estruturada para os professores).
> >
> > Todos concordamos com isso, mas o que podemos fazer além dessa crítica,
> > quando os dispositivos estiverem na mão dos professores? Bradar palavras
> > de ordem? :-)
> >
> >
> >>
> >>>> O MEC recomenda aos professores a utilização do www.dropbox.com?
> >>>
> >>> É um sistema maduro e que funciona bem nos mais variados ecossistemas
> >>> (linux, windows, Mac, Androis IOS). Faz sentido o uso  de disco
> >>> virtual para integrar os tabletes aos computadores (pessoais e das
> >>> escolas)...
> >>
> >> Só porque as escolas não tem infra-estrutura pra lidar com isso. Se
> >> você montasse um ambiente de nuvem nas escolas (usando, por exemplo, o
> >> OwnCloud citado abaixo, mas existem também outras opções), você teria
> >> um controle muito maior sobre seus dados e arquivos. A questão é que,
> >> ao indicar um serviço de terceiros, o governo joga a responsabilidade
> >> nas mãos do(a) professor(a), uma vez que é ele(a) quem vai criar a
> >> conta e assinar os termos de compromisso. E qual o nível de capacitação
> >> desses professores para saber os riscos que eles correm?
> >
> > Gente, eu acho que rola uma certa histeria com isso :-) [campo de força
> > ativar] supostamente você deve usar a nuvem como cópia dos arquivos que
> > deseja usar profissonalmente.  Se quiser essa mítica privacidade näo use
> > nada eletrônico, use papel e lápis e vá para as cavernas :-)
> >
> >>
> >>> Uma alternativa livre (tem que configurar e instalar num servidor -  o
> >>> professor médio NÃO VAI FAZER - com cliente para Android é o OwnCloud
> >>> (
> http://www.vivaolinux.com.br/artigo/OwnCloud-Crie-a-sua-propria-nuvem-Alternativa-ao-Dropbox/?pagina=2
> )
> >>
> >> Eu uso e recomendo.  :-)
> >
> > Eu uso Dropbox e estou bem satisfeito! Meus planos de dominação do mundo
> > não estào lá. Só provas, listas, e material de trabalho!
> >
> >>
> >>> A questão é que Tabletes viraram hypes!  E já gastaram uma grana com a
> >>> compra deles. Se quisermos contribuir de verdade temos que ser
> >>> propositivos!
> >>
> >> Pois é. Já tentei ser propositivo com um pessoal do MEC que estava no
> >> FISL há alguns anos atrás (por sinal, eles pararam de ir lá, curioso,
> >> né?). Mas não foi uma conversa muito feliz. Então segue minha
> >> proposição para nossos dois grupos aqui (quem sabe tem alguém do MEC
> >> nos monitorando?).  ;-)  Minha proposta é justamente ir na contra-mão
> >> desse hype. Antes de notebook/netbook/tablet/lousa digital/(ponha sua
> >> tecnologia digital preferida aqui) eu acho que o governo deveria
> >> investir na base, ou seja, construir um ambiente digital sólido para as
> >> escolas, com (pelo menos) servidores de arquivos e web, de forma a
> >> permitir a independência tecnológica desses locais. A partir daí,
> >> capacitar os professores e, principalmente, estimular as trocas entre
> >> eles (sei que os NTMs e NTEs existem pra isso, mas infelizmente nem
> >> todos cumpre esse papel com maestria).
> >
> >
> > Então seria interessante um documento técnico-político (o que quer que
> > venha a ser isso) do grupo explicando porque a compra de tabletes é uma
> > péssima política pública para a educação e/ou inslusão digital. E quais
> as
> > alternativas que poderiam ser viabilizadas com a mesma verba.
> >
> > Mas paralelo a isso, textos explicando como o professor médio pode usar
> > esse dispositivo sem as "garras perniciosas" da Google em contextos
> > educacionais, que softwares poderiam ser legais e etc.
> >
> >
> >
> > A partir daí pensar em
> >> tecnologias móveis. O problema é que infra-estrutura é igual esgoto: é
> >> importante, mas ninguém vê. Já tabuletas e adjacências são viadutos:
> >> chamam a atenção e todo mundo fica admirado. Adivinha o que aparece
> >> mais no jornal? E qual vai conseguir dinheiro do governo?é
> >
> >
> > A questão é que os dispositivos já foram comprados e já estão chegando
> > para testes em alguns NTEs e secretarias estaduais, e aí vamos só bradar
> > que a infra-estrutra deveria chegar uns 2 anos dos dispositivos?  Não
> > estou discordando de você, só acho que precisamos ser um pouco mais
> > pragmáticos!
> >
> >>
> >> Um abraço e até mais.
> >>
> >
> >
> > Vamos seguindo com nossa tempestade de ideias :-)
> >>
> >> Frederico
> >> --
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> >> Perfil ~friendica: http://social.teia.bio.br/profile/aracnus
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> >> ninguém que explique e ninguém que não entenda." (Cecília Meireles)
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