[PSL-Brasil] Nem toda rede é mídia social Re: Tipos de Redes Sociais

Frederico Goncalves Guimaraes fgguimaraes em teia.bio.br
Quarta Julho 9 12:50:21 BRT 2014


Olá Anauhac e demais,

Em Wed, 9 Jul 2014 09:23:37 -0300 (BRT)
anahuac em anahuac.eu escreveu:

> Seu texto contém alguns erros crassos que já foram discutidos à
> exaustão, mas não custa recordar:

Nas verdade você torceu um pouquinho meus comentários (e eu nem acho
que errei tão "crassamente" assim), mas vamos lá.  :-)

> 1) Bater no expoente é mais simples. Se para cada crítica tivermos
> que bater "em todos" terminamos não conseguindo nos fazer entender.
> Apesar disso eu mesmo tendo a falar de todos sempre que posso. Mas
> hoje os expoentes são o Facebook e o Google.

Na verdade estou questionando justamente o ataque "nominal". Uma coisa
é denunciar o que o Facebook faz de bobagem. Outra coisa é, ao se
referir a mídias privativas, usar somente o Facebook como exemplo e
tolerar os outros usos. Ou seja, ao invés de bater NO Facebook,
deveríamos estar discutindo os problemas das mídias privativas como
um todo, independente de qual seja (e até citando o Facebook vez ou
outra, mas também citar as outras mídias). Do jeito que as coisas vêm
sendo colocadas, o que está sendo feita é uma marginalização de quem
usa o Facebook (e especificamente ele). E é esse o ponto que eu acho
ruim. Orientar é diferente de "bater" (e, como eu defendi antes, surte
mais efeito).

Agora se o sujeito ainda assim quiser continuar lá... paciência. Não
nos compete julgar essas pessoas (por mais que nos incomode a posição
delas).

> 2) Não existe esse tal de 100% de coerência. Sejamos francos, todos
> fazemos ou fizemos algo de que não nos orgulhamos tanto assim. Faz
> parte. Especialmente em uma sociedade capitalista vendida,
> egocentrista, consumista e corruptora como a nossa. O problema maior
> está sempre nos excessos.

Mas em momento algum eu cobrei 100% de coerência. Se eu cobrasse isso,
também falaria que as pessoas deveriam deixar de usar celulares com
Androide e MacOS, deveriam deixar de usar o Netflix, deveriam abrir mão
de SmartTVs, videogames e de aparelhos de blu-ray (e mais outros que não
lembro agora). Todos esses aparelhos se comunicam com a Internet usando
softwares privativos e podem estar compartilhando nossos hábitos
diários (alguns declaradamente estão).

A coerência que eu acho interessante termos é a mínima, ou seja, de se
fazer exatamente aquilo que se prega. Se eu falo que o Facebook é ruim
porque é privativo, monitora e censura publicações e aprisiona os
conteúdos, então por que eu uso o Twitter (de novo, só pra citar UMA
das outras mídias), que faz a mesma coisa? Ou fazendo a pergunta ao
contrário, se eu acho importante não abrir mão do Twitter (de novo,
citando somente uma das mídias), então como eu posso criticar as
pessoas que usam o Facebook, alegando que é importante pra elas? A
coerência que eu citei é a do "faça o que eu digo, mas não faça o que
eu faço". Inclusive, por exemplo, a Diaspora tem uma página oficial no
Facebook, atualizada constantemente. Se ela pode, por que as outras
pessoas não podem?

> Resumindo: contribuição/desenvolvimento não é nem um pouco mais ou
> menos importante do que o ativismo social GNU. São dois alicerces
> fundamentais, e um sem o outro não transforma o "status quo".

Bom, o objetivo do último parágrafo era pra ser irônico e ter um tom
divertido, mas já que ele foi tão levado a sério, vamos lá.  :-) Em
momento algum eu questionei ativismo social e nem falei que
contribuir/desenvolver fosse mais ou menos importante. Minha fala exata
foi:

"Isso [colaborar/desenvolver], aliás, costuma ser bem mais produtivo do
que ficar discutindo prós e contras de mídias sociais."

Ou seja, estou comparando com a discussão sobre mídias sociais e não
ativismo como um todo. Isso porque, e aí está a ironia que eu coloquei,
pra mim, ficar discutindo se quem usa Facebook é alienado ou não, se o
Facebook é ruim ou não, etc... não leva a lugar nenhum e não acrescenta
nada ao movimento de software livre. Contribuir com algum software
surtiria mais efeito que isso (daí a palavra "produtivo").

E, mais uma vez, eu defendo que se quisermos realmente apresentar pras
pessoas o que é o software livre temos que mostrar o que temos de bom,
tanto tecnicamente quanto socialmente. Temos que ter mais atenção com
essas pessoas. Pensarmos mecanismos de transição e amparo nessa
transição. E, principalmente, termos paciência, porque a mudança não
é da noite pro dia. Senão, a gente vai continuar sendo ignorado pelas
pessoas, que sempre vão olhar pra gente como "aquele pessoal chato do
software livre que não gosta de nada". E isso, pra mim, não contribui
em NADA com a disseminação do software livre. Ao contrário, criar esse
tipo de estigma só nos prejudica.

Mas essa é uma posição minha. Eu sou professor e vejo constantemente em
minha prática o quão é difícil mudar o jeito de pensar das pessoas. Mas
isso é da natureza humana e o meu papel e trabalhar nessa mudança e não
ficar cobrando resultados. Porque a única coisa que conseguimos fazer é
apontar o caminho da melhor forma possível. Se a pessoa vai segui-lo ou
não, nós não temos nenhum controle (a não ser que exista abuso de
força).

Um abraço e até mais.


Fred
-- 
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