[PSL-Brasil] A questão não é coerência, a questão é o foco

Cláudio Sampaio patola em gmail.com
Quarta Julho 9 19:22:06 BRT 2014


2014-07-09 18:12 GMT-03:00 cristiano furtado <cristianofurtadoba em gmail.com>:

> Quem não aceita o SL abandone e pronto.
>
Cristiano, Software Livre não é clubinho, não é maçonaria, não é religião,
quem não "aceita" o SL ainda beneficia o SL usando e divulgando. Não tem
que ser sócio ou se cadastrar ou adotar uma bandeira. Quem não "aceita"
Software Livre não tem que deixar de usar Android ou até iOS porque tem
partes do código que são livres. Meu ponto todo é essa mania de querer
dividir.

Se existe um sujeito que só usa Windows e software proprietário, mas gosta
da ideia de Software Livre e a difunde, é melhor que nada.
Se existe um sujeito que usa Windows e software proprietário, não liga
muito pra software livre, mas usa uns de vez em quando, é melhor que nada.
Se existe um sujeito que usa Windows e software proprietário, tenta de vez
em quando usar software livre que substitua os proprietários de que
depende, e defenda ardentemente o software livre, é melhor que nada, e esse
sujeito não é hipócrita.
Se existe um sujeito que usa um Ubuntu com flash e extensão do google talk,
quase 100% livre, e ainda advoga o software livre, com algumas críticas,
isso é muito, muito melhor que nada.
Se existem sujeitos que usam somente GNU/Linuxes 100% livres, sem nem blobs
do kernel, uau!, parabéns pra eles, mas pouquíssima gente *mesmo* consegue
esse equilíbrio.

Entende? É um degradê. Haver casos em que a pessoa usa pouco software livre
não é ruim. O ruim, na minha opinião, é tão-somente a falta de consciência
dos males que o software proprietário faz. Eu acho mais importante alguém
que usa o facebook com consciência dos males de o fazer do que alguém
usando o diaspora só pra seguir um amigo da rede, sem consciência da
diferença. Mas, claro, isso sou eu, e acho que ambos, de alguma forma,
contribuem; um não se calando perante aos abusos do facebook, outro usando
um software livre e comunitário.

> Usa quem quer, critica quem quiser.
>
Critica quem tiver críticas, não quem "quiser". Críticas não são questão de
"querer". Críticas são conclusões decorrentes de análises, idealmente não
se curvam à vontade.

> Vou dizer de novo, muito aqui que defendem o SL como ate uma filosofia
> usam windows ou até mac.
>
E daí? Cada um tem sua vida, em que o compromisso de usar e advogar
software livre se encaixa mais ou menos bem. Para alguns - muitos -, por
exemplo, na prática o uso de redes sociais proprietárias e censuradoras ou
protocolos ofuscados e fechados de mensageiro instantâneo não são
opcionais. Respeite e entenda a limitação dessas pessoas e ao invés de
dizer que não fazem parte da "elite" que consegue "liberdade de verdade",
colabore para que adquiram essa liberdade, sem ter que inferiorizá-lo por
usarem facilidades que lhes têm uso e que, na mentalidade deles, "os
atendem".

> Ai vem e diz, tenho que estar no mercado, correto. Porem. Usa realmente em
> sua casa? Continua incentivando a familia? Bom, esse tipo de coisa não sei
> como anda. Não sei mesmo.
>
Sim, software é inútil sem usuários. E estar no mercado é uma das melhores,
talvez a melhor, maneira de adquirir usuários.
Você acha que Linus Torvalds incentiva sua família? Eu acho. Ele fala mal
do software livre e da FSF, acha o Stallman lunático, mas programa pra
caramba e tornou realidade o uso de um sistema livre por causa do kernel
que iniciou e gerencia. Isso pro mundo todo. Mas a mãe dele não usa Linux,
pelo que lembro ter lido. Você acha que entende melhor do que ele sua
relação com a mãe, e que ele a tinha que ficar pentelhando pra que usasse?


-- 
Cláudio "Patola" Sampaio
IRC: ptl  - Yahoo: patolaaa
Campinas, SP - Brazil.
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