[PSL-Brasil] Linux e a Grande Abóbora ("energia livre")

Joao S. O. Bueno gwidion em mpc.com.br
Quarta Maio 14 00:45:35 BRT 2014


Eu estive nos três eventos da grade sobre "energia livre".

Então - a coisa é apresentada com exemplos e discussões.
Por exemplo, um dos slides mencionava 50 tecnologias distintas para
obtenção de energia -
emumacoluna, 25 formas de energia "limpa" mas por métodos ditos
"convencionais" (eólica, geotérmica,
aproveitamento da maré, etc...), na outra
25 métodos "não convencionais"  - alguns dos quais - talvez entre 7 e
10, pudessem estar no
rótulo de "grande abóbora" que você coloca.

Agora, veja, uma coisa é chamar tudo de "grande abóbora" sentados na
cadeira, e recapitulando
as aulas de física. Uma outra é ser convidado  a ver um dispositivo
funcionando, e ser convidado a explicar por que
é que ele não deveria estar funcionando -  de fato, principalmente
tendo em vista as 25 categorias de tecnologias convencionais que
poderiam estar tendo uma participação maior na matriz energértica,e
não estão, o convite para pensar  e entender o por que de ainda
estarmos presos à petróleo, fissão núclear, hidro-elétricas (que são
limpas, desde que você não conte a destruição ambiental necessária
para sua construção) com tudo isso acontecendo, e considerar: se essas
25 daqui são tão "maltratadas" assim, por que algumas da outra coluna
(não convencional) não podem estar sendo simplesmente negligenciadas
pelos meios de divulgação?

Assim sendo, é um debate político, cuja perspectiva foi sim modificada
pela modificação no panorama cultural inicialmente propiciada pela
cultura de Software Livre, e sua descendente mais direta - a Internet,
bem como as outras tendências que o S.L. pos em movimento: a maior
participação na ciência, artes e cultura refletida no "Creative
commons", movimento maker, "jornalismo ninja",  e tantas outras áreas
em que hoje, diferente do cenário que existia há 15 anos, ou mesmo 10,
muitas coisas diferentes acontecem por que se pode ter acesso a
informação e as pessoas diretamente, sem precisar passar por um
intermediador, como uma rede de TV, um jornal, uma Universidade ou uma
empresa automobilística. Note que esses outros movimentos todos estão
sim presentes no FISL, em maior ou menor grau. (Em particular, não vi
nada específico sobre "jornalismo ninja" no fisl 15, mas suponho que
deve ter havido alguma discussão/debate também).

Antes de encerrar: perceba que eu disse 50 categorias de tecnologias,
não 50 _implementações_ de 5 ou 6 categorias -  e o número redondo
claramente indica que são 25 de cada grupo selecionados, havendo ainda
outras categorias sob investigação.

E por fim, alardes estapafurdios - que tambem apareceram nessas
apresentações, são simplesmente isso: estapafúrdios, mas que devem
estar presentes na diversidade, mas nas mesmas palestras, outros
anúncios e demonstrações, bastante difíceis de se contradizer estando
sentado na cadeira (isso é, sem por a mão na massa para provar "onde é
que está o erro disso", ou "será que isso acontece mesmo no país XX?"
(ou você acha que é todo mundo que acredita, mundo afora, que temos
Etanol a partir da cana de açucar disponível em quase todos os postos
de combustível do Brasil?))

Então, sim, considero um debate mais do que válido. Ainda mais, tendo
em vista que alguns resultados práticos são apresentados (com
aparelhos presentes tanto em 2013 quanto em 2014), mesmo nos campos
que seriam considerados, pelo senso comum, mais estapafúrdios. É fácil
replicar o que nos foi dito na educação normal e dizer "isso é
impossível, portanto voce é um charlatão, (portanto é errado ter
espaço no FISL)" mais difícil é pegar o equipamento funcionando,
efetuar medidas, e dizer de onde é que ele está retirando energia de
forma convencional, e que foi apenas um engano do construtor que algo
de novo ou diferente estava acontecendo ali.

   js
  -><-


2014-05-13 21:50 GMT-03:00 Hudson Flavio Meneses Lacerda
<hfmlacerda em yahoo.com.br>:
> Olá, pessoal.
>
> Eu acompanhei, à distância, as notícias sobre o FISL 15, vendo se
> destacar a polêmica sobre se o movimento do software livre brasileiro
> acabou ou não, se "radicais livres" são prejudiciais, sobre a defesa ou
> adoção de software proprietário e de produtos e serviços bisbilhoteiros
> e/ou restritivos como Facebook e iPhone, ou a questão de se o FISL não
> deu exagerado espaço a eventos de interesse corporativo não alinhado com
> os ideais do software livre, etc.  Esses são temas que podem ser (ou
> não) considerados em reflexões para edições futuras do FISL ou para
> outros eventos de software livre.
>
> Mas me chamou a atenção a ocorrência de palestras no FISL sobre um tema
> bastante questionável, e, mais estranho ainda, chamou a minha atenção a
> ausência de questionamentos sobre a inclusão desses eventos, ou mesmo
> sobre seu conteúdo.
>
> Refiro-me a painéis sobre "energia livre", com anúncios de invenções
> supostamente "revolucionárias", cujos entusiastas se beneficiaram com a
> visibilidade internacional do FISL.  Além de não ter relação com
> software livre, muito do que foi apresentado não parece ter respaldo
> factual (essas "invenções revolucionárias" não deveriam ser
> metodicamente analisadas em eventos científicos?).
>
> Não sei como funciona a seleção de eventos do FISL, mas deveria haver
> algum cuidado para que o FISL não seja usado como trampolim para
> promoção de pseudociência, por mais bem intencionados que possam ser os
> realizadores.
>
> Motivado por essa questão, traduzi um texto de Mark Dansie sobre as
> perspectivas das tecnologias de "energia livre".  Mark Dansie participa
> de um grupo (GBEM) interessado em pesquisas sobre dispositivos para
> independência energética que não agridam o meio-ambiente.  Esse grupo se
> interessa por essas supostas "energias livres".  Mark Dansie me relatou
> (por e-mail) ter interesse em "descobrir a verdade e por quaisquer
> tecnologias reais, se existirem", atuando no grupo "para prover uma
> visão equilibada ou científica".  Eu diria que ele tem a *mente livre*,
> mas não a "cabeça aberta" ao ponto de deixar o cérebro cair.
>
> No texto que traduzi, ele cita um desenho do Charles Schultz, o que me
> sugeriu nomear essa questão sobre o FISL com o nome "Linux e a Grande
> Abóbora"...
>
> Aqui está a tradução:
>
> Energia livre: esperando pela Grande Abóbora
> https://diaspora.juntadados.org/posts/388789
>
> O texto original:
>
> Free Energy: Waiting for the Giant Pumpkin
> http://revolution-green.com/free-energy-waiting-giant-pumpkin/
>
>
> E aqui dois textos que denunciam um golpe típico, em que um suposto
> "gerador de energia livre" (e ainda, no caso, dito "open source"!!!) é
> usado para tomar dinheiro de pessoas incautas:
>
> Open Sourced QEG generator: Show Me The Data!
> http://revolution-green.com/open-sourced-qeg-generator-show-data/
> (Nota: a formatação das citações está bem confusa.)
>
> QEG and the Hopegirl Saga Update
> http://revolution-green.com/qeg-hopegirl-scam-update/
>
> Abraços,
> Hudson Lacerda
>
>
> P.S.:
>
> Pode ser divertido conhecer uma coleção de invenções impraticáveis:
> http://www.ceticismoaberto.com/ciencia/2470/motos-perpetuos-o-museu-dos-dispositivos-impraticaveis
>
> ...mas pode ser preocupante pensar em quanto dinheiro se "investe" em
> projetos como este (quem será que paga?):
> http://www.rarenergia.com.br/
> (Achei bastante curioso o texto científico apresentado no final da
> página, com gatinho atropelado e tudo mais...)
>
>
>
>
>
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