[PSL-Brasil] GNUs para Reinaldo Bispo

anahuac em anahuac.eu anahuac em anahuac.eu
Terça Maio 27 00:00:45 BRT 2014


Olá Bruno,

Eu confesso que estou ficando cansado de repetir a mesma ladainha.
Então desculpe se pareço mais arredio do que de costume.

Me parece que suas respostas são moldadas não para construir algo novo mas para reforçar/justificar velhos erros.
Quando argumento de forma mais ortodoxa, você pragmatiza e fica tolerante. Quando eu pragmatizo você ortodoxa.

O mais incômodo é uso das definições estritas da FSF e da OSI. Convenhamos que isso não vai funcionar.
Ninguém nesta lista é tão ingênuo a ponto de cair noa argumento de que usar redes sociais devassas é aceitável porque não se trata de Software Proprietário, estrito senso.
O Stallman tem dezenas de entrevistas e textos deixando claro que o maior perigo, atualmente, a liberdade é o Facebook.

O que vou afirmar em seguida é uma opinião pessoal e não deve ser entendida como um ataque pessoal a você Bruno: A OSI é uma organização criada para diluir os aspectos éticos e filosóficos defendidos pela FSF, com o objetivo de permitir a apropriação, pelos poderosos, da metodologia de desenvolvimento colaborativo de Software. A metodologia é a de sempre: misturar, confundir, fazer marketing, usar as entrelinhas legais e apelar para o espirito de manada da maioria.
Como tenho discorrido em meus artigos, a OSI tem tido muito sucesso.

Portanto te peço que não tente me convencer do contrário. Vamos apenas gastar energia na vã tentativa de demonstrar que um e outro, está errado.

Se já estabelecemos a discrepância e esta nos fez chegar a uma concordância, que tal focarmos nela?

Concordamos que a balança pendeu demais para o pragmatismo?

Então temos que fazer algo para reverter. Vou sugerir:

1 - A OSI poderia publicar um documento estabelecendo seu posicionamento contrário ao uso de plataformas proprietárias e ferramentas privativas, mesmo que seja para o desenvolvimento de Softwares Livres?
Ai estariam incluídos o uso de Mac, iPhone, Ferramentas do Google, por exemplo.

2 - A FSFLA poderia fazer o mesmo, ou quem sabe, ratificar e assinar junto?

3 - A ASL poderia fazer o mesmo, ou quem sabe, ratificar e assinar junto?

4 - Num segundo documento poderíamos fazer uma carta aberta do Movimento Software Livre repudiando o uso do Facebook, whatsapp, instagram, twitter e demais redes sociais devassas, e marcando uma data de saída massiva da rede? Ficariam apenas as contas institucionais, com o único propósito de propagandear os conceitos libertários. Algo como a FSF faz para justificar sua conta no Twitter.
Seria o FOSSBOOK DAY! :-)
Esse documento seria assinado por todos nós, organizações e pessoas.

5 - Criaríamos um movimento de estímulo de uso de redes sociais livres e federadas. Proveríamos uma lista com as mais relevantes, e estimularíamos de forma ostensiva sua adoção. Isso implicaria em pedir que eventos de Software Livre não usassem mais redes devassas em seus sistemas de inscrição, por exemplo.

6 - Em um terceiro documento faríamos um desagravo formal a Canonical por ter instalado spyware no Ubuntu, sem ter dito nada a ninguém, e deixaríamos claro que essa não é mais uma distribuição bem vista pelo Movimento Software Livre do Brasil?

É claro que ha outras, mas "só" essas já demostrariam uma correção de rumo interessante. Marcariam posição e deixariam claro, que apesar de termos cochilado, estamos acordando para equilibrar a balança.

Será que nos sentimos com vontade de nos movimentar, sacudir o "status quo", pedir e exercer a coerência necessária?

Todas as iniciativas acima já foram realizadas pela FSF e não encontrou nenhum, repito, absolutamente nenhum respaldo do Movimento Software Livre do Brasil. Chegou a hora?

Saudações Livres!



----- Mensagem original -----
> De: "Bruno F. Souza" <bruno em javaman.com.br>
> Para: "PSL-Brasil" <psl-brasil em listas.softwarelivre.org>
> Enviadas: Segunda-feira, 26 de maio de 2014 15:23:19
> Assunto: Re: [PSL-Brasil] GNUs para Reinaldo Bispo
> 
> 
> Akira, Anahuac,
> 
> Quero agradecer, porque essa discussao esta de otimo nivel, e acredito que
> esta ajudando a todos a solidificar os conhecimentos sobre Software Livre em
> geral.
> 
> > A minha movimentação é para que busquemos um equilíbrio. A balança pendeu
> > para o pragmatismo de uma forma quase irreversível.
> 
> Em especial, eu acredito que o objetivo final que o Anahuac vem propondo, que
> acho que ele resumiu nessa frase acima eh um objetivo valido e importante
> para a discussao de software livre no Brasil. Mas, acho que para chegar
> nisso precisamos respeitar a diversidade existente hoje na comunidade.
> 
> Por isso, quero fazer alguns comentarios pontuais, onde eu acho que a
> discussao esta distorcendo alguns pontos de vista:
> 
> > Estava me referindo aos códigos licenciados sob licenças OSI.
> > E talvez aqui caiba lembrar que há sempre aquela "pulha" de que as licenças
> > OSI são mais livres do que as licenças SL, pois elas permitem serem
> > apropriadas por quem desejar.
> 
> As licencas aprovadas pela OSI sao virtualmente identicas aas licencas
> aprovadas pela FSF, portanto nao sao nem mais nem menos "livres". A segunda,
> terceira e quinta licenca livre mais usada no mundo permitem essa chamada
> "apropriacao", mas nao deixam de ser livres.
> 
> 	http://www.blackducksoftware.com/resources/data/top-20-open-source-licenses
> 
> > 
> >> Em quais atitudes a OSI se aproximou do SP? Me ajude a enxergar isso, me
> >> cite exemplos.
> > 
> > Reveja a primeira mensagem do Bruno, ele deixa isso bem claro.
> 
> Desculpe Anahac, mas em nenhum momento eu defendi ou promovi ou me
> "aproximei" de software proprietario nessa discussao. Temos uma diferenca de
> opiniao bem razoavel, mas pelo menos do meu lado, acredito que estamos
> sempre falando de software livre aqui...
> 
> > A aproximação é fruto da abordagem pragmática e tolerante, mais uma vez.
> > Mas já que você quer um exemplo: considerar correto o uso de ferramentas
> > do Google (listas, docs, emails).
> 
> A OSI exclusivamente defende o uso de software livre. A OSI nao diz nada a
> respeito do uso de ferramentas ou software proprietario: o foco da
> organizacao eh defender o uso e a criacao de software livre, promovendo as
> suas vantagens.
> 
> Em especial, nao existe nenhuma infraestrutura da OSI que seja mantida em
> software proprietario: nossas listas sao gerenciadas internamente utilizando
> Mailman, nossos documentos compartilhados utilizam o Etherpad, nosso issue
> tracker eh Redmine, nossa Wiki eh a XWiki, etc.
> 
> > A OSI diz que está tudo bem usar as ferramentas do Google para produzir
> > Software Livre.
> 
> A OSI nao defende e nao promove as ferramentas do Google. A OSI tambem nao
> diz nada sobre estar tudo bem em usar ferramentas do Google ou de quem quer
> que seja. A OSI defende e promove a criacao de software sob licencas livres.
> A frase do Linus Torvalds que citei no outro email talvez seja um resumo:
> "open source is the only right way to do software". Em nenhum momento a OSI
> promove o desenvolvimento de software proprietario.
> 
> > A FSF diz que não está tudo bem usar as ferramentas do Google, nem mesmo
> > para produzir Software Livre.
> 
> A FSF nao diz isso... A FSF, exatamente porque defende o lado etico, discute
> detalhadamente usos eticos e nao eticos dessas ferramentas. Esse eh um ponto
> fundamental quando queremos ser consistentes. A FSF por exemplo eh bem
> consistente quando avalia algo tao generico quanto "as ferramentas Google":
> 
> 	Services are fundamentally different from programs, and the ethical issues
> 	that
> 	services raise are fundamentally different from the issues that programs
> 	raise.
> 	To avoid confusion, we avoid describing a service as “free” or
> 	“proprietary.”
> 	http://www.gnu.org/philosophy/who-does-that-server-really-serve.html
> 
> Recomendo uma lida no artigo que cito acima, do Richard Stallman, que discute
> SaaS/SaaSS/Google/Facebook/Twitter entre outros:
> 
> 	http://www.gnu.org/philosophy/who-does-that-server-really-serve.html
> 
> Alguns pontos do artigo que tem a ver com toda essa nossa discussao:
> 
> 	In its essence, social networking is a form of communication and
> 	publication, not SaaSS.
> 
> 	Some sites offer multiple services, and if one is not SaaSS, another
> 	may be SaaSS. For instance, the main service of Facebook is social
> 	networking, and that is not SaaSS; however, it supports third-party
> 	applications,
> 	some of which are SaaSS.
> 
> 	Flickr's main service is distributing photos, which is not SaaSS [...]
> 	Likewise, using Instagram to post a photo is not SaaSS [...]
> 	[...] Neither is [SaaSS] publishing your own materials via a blog site or
> 	a microblogging service such as Twitter or StatusNet.
> 	
> 	Google Docs [...] offers an API for uploading and downloading documents
> 	[...].
> 	A free software editor can do so through this API. This usage scenario
> 	is not SaaSS, because it uses Google Docs as a mere repository.
> 
> Tambem recomendo a leitura do artigo (tambem do RMS):
> 
> 	http://www.gnu.org/philosophy/network-services-arent-free-or-nonfree.html
> 
> Alguns trechos, relevantes a essa nossa conversa, e ao futuro da nossa
> comunidade:
> 
> 	Let's suppose a service is implemented using software [...] If the operator
> 	developed them and uses them without distributing copies, they are free
> 	in a trivial sense since every user (there's only one) has the four
> 	freedoms.
> 
> 	If some of them are nonfree, that usually doesn't directly affect users of
> 	the
> 	service. We don't condemn the server operator for being at the mercy of
> 	nonfree
> 	software, and we certainly don't boycott her for this. [...] Given an
> 	opportunity,
> 	we try to explain how it curtails her freedom, hoping she will switch to
> 	free software.
> 
> 	Conversely, if the service operator runs GNU/Linux or other free software,
> 	that's not a virtue that affects you, but rather a benefit for her. We don't
> 	praise or
> 	thank her for this; rather we felicitate her for making the wise choice. If
> 	she releases
> 	some of this free software, thus contributing to the advance of the
> 	community, that's
> 	the point at which we have a reason to thank her.
> 
> Peco desculpas pela falta de traducao, o tempo esta curto... Vou apenas
> parafrasear, e quem preferir, leia os artigo! Basicamente, RMS defende que
> servico eh diferente de software, e tem questoes diferentes em relacao aa
> liberdade. Ele tambem diferencia servicos computacionais, que ele considera
> prejudiciais (SaaSS) de servicos de comunicacao/publicar informacao (que nao
> seriam uteis rodando no seu computador) e que nao sao prejudiciais. Redes
> sociais se encaixam nesse ultimo caso. RMS diz explicitamente que o
> desenvolvedor do servico de comunicacao que desenvolve o proprio software
> (por exemplo, o Facebook, Twitter) o software eh "livre" de uma forma
> trivial, ja que seu um unico usuario (quem desenvolveu) tem todas as
> liberdades. Por outro lado, mesmo que o servico use software proprietario,
> isso nao eh um problema, porque nao afeta a liberdade dos seus usuarios.
> Tudo isso tem varias nuancias, ja que se o servico depender de JavaScript
> proprietario por exemplo, afeta os usuarios. Por ultimo, RMS diz que, ao
> colaborar com a comunidade liberando "algum" desse software, esse eh o
> momento em que temos uma razao para agradecer. (Obviamente, esse meu resumo
> nao faz justica aos artigos, mas ajuda na nossa discussao atual).
> 
> Esses artigos mostram por um lado o quao complicado eh nosso mundo da
> tecnologia hoje, e por outro, a impressionante consistencia da FSF. Tentar
> posicionar o movimento de software livre como um movimento que eh contrario
> em "usar as ferramentas do Google" ou do Facebook ou sei la quem mais, pura
> e simplesmente, nao bate com a visao da propria FSF, que, ao buscar as
> atitudes eticas das anti-eticas, diferencia muito bem quando um servico
> prejudica ou nao a liberdade do usuario.
> 
> E mais ainda... Nao reconhecer que existe sim uma enorme gama de nuancias em
> relacao ao software livre, e que eh normal a confusao e o desconhecimento
> dessas nuancias, mesmo por aqueles da "velha guarda", so vai prejudicar o
> movimento. Eh preciso reconhecer que muita coisa precisa ser debatida e
> aprofundada, e que generalizacoes ou tentar desqualificar uma grande parte
> dessa comunidade eh prejudicial a nos mesmos.
> 
> > 
> >> Faço parte do MSL e sempre acho que precisamos melhorar os argumentos na
> >> linha ética/ideológica do SL, mas não significa que devemos deixar de
> >> usar os argumentos técnicos, concorda?
> >> 
> > Concordo!
> > A minha movimentação é para que busquemos um equilíbrio. A balança pendeu
> > para o pragmatismo de uma forma quase irreversível.
> 
> Pelo jeito, todos nos concordamos com esse ponto. E eu continuo defendendo
> que essa tem sempre sido a marca da comunidade software livre brasileira:
> nos sempre falamos de liberdade ("livre") e sempre utilizamos as taticas de
> mostrar as vantagens e argumentos tecnicos. Etica do free software. Taticas
> do open source. Eu nao acho que isso seja "pragmatismo" ou "tolerancia" e
> nem acho que isso denigre o esforco da enorme e diversa comunidade que
> construiu esse movimento todos esses anos.
> 
> Pode ser que falte um trabalho de educacao e de conscientizacao mais forte?
> Mas, isso sempre vai "faltar": nunca vai ser demais fazer.
> 
> []s,
> Bruno.
> ______________________________________________________________________
> Bruno Peres Ferreira de Souza                         Brazil's JavaMan
> http://www.javaman.com.br                      bruno at javaman.com.br
>         if I fail, if I succeed, at least I live as I believe
> 
> 
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