[PSL-Brasil] Ninguém deveria usar Facebook, diz Glenn Greenwald

Pedro A D Rezende rezende em cic.unb.br
Quinta Novembro 6 22:49:49 BRST 2014


Oliva, Simplesmente brilhante!

Obrigado por compartilhar essas suas reflexões.

On 06-11-2014 21:04, Alexandre Oliva wrote:
> On Nov  6, 2014, Sergio Durigan Junior <sergiodj em sergiodj.net> wrote:
>
>> On Wednesday, November 05 2014, anahuac em anahuac.eu wrote:
>>> ”Mas eu já o encorajei a usar o Twitter, para que ele tivesse uma
>>> plataforma onde pudesse falar”, continuou Greenwald.
>> O Twitter, aquela mesma ferramenta que faz censura de posts?
> Não é à toa que The Intercept, do mesmo Greenwald, *também* publica no
> Twister, a rede de µblog P2P construída com tecnologia bittorrent e
> bitcoin.  Essa é incensurável.
>
>> Eu ainda não entendo como as pessoas (e a FSF!) acham que "tudo bem usar
>> o Twitter"...
> Não sei se a FSF acha que “tudo bem”, mas certamente seu uso não
> contraria a bastante bem delimitada missão da FSF, que tem a ver com
> usuários terem controle sobre suas *próprias* computações, com Software
> ser Livre ou não.  Embora isso toque em questões de censura e
> intimidade, nem tudo que envolva censura ou intimidade automaticamente
> tem a ver com a missão da FSF.
>
> É discutível se ela deveria expandir seu escopo, se é que ela poderia
> fazer isso (por exemplo, se essa modificação seria legalmente permitida
> por lei, se os contratos de atribuição de copyright relativo ao projeto
> GNU permitiriam essa expansão, se as doações que recebeu ao longo dos
> anos poderiam ser redirecionadas para outras questões mais amplas) e se
> seria útil fazer isso (por exemplo, se atuais apoiadores continuariam
> apoiando ou não, se outros que não são passariam a ser).
>
> Há argumentos para manter o escopo mais focado, concentrando esforço
> numa questão específica.  Há outros para abrir o leque apesar da
> possibilidade de dispersar esforços.  No fim das contas, a FSF é quem
> decide (ou decidiu, se não puder mudar) a questão em que vai trabalhar.
>
> Nós, como pessoas, diferente de uma fundação, não temos obrigação legal
> de escolhermos uma missão e nos atermos a ela.  Podemos escolher várias
> questões, podemos ter questões mais amplas.  Poderíamos ficar
> pessoalmente incomodados por não apoiar causas progressistas como a
> vegana, a ambiental, a da desigualdade econômica, a da mão de obra
> escrava, da fome, da miséria, e por aí vai.  Podemos lutar em cada uma
> delas, ainda que correndo o risco de não ser eficazes em nenhuma ao
> tentar abraçar mais do que conseguimos.  Também podemos escolher uma
> causa ou outra para lutar, e lamentar não conseguir lutar por outras
> ainda que as apoie.  No fim das contas, também cabe a cada um de nós
> decidir.
>
> E certo que a questão dos serviços web tem uma proximidade à questão do
> Software Livre muito maior que, por exemplo, o veganismo, ou mesmo o
> vegetarianismo, a ponto de a FSF tomar posição em casos que têm efeitos
> iguais aos do software privativo, especificamente quando afetam
> computações do próprio usuário, mesmo que desempenhadas através de
> serviços, os chamados SaaSS (serviço como substituto de software).
>
> Ao mesmo tempo, questões que não são computações próprias, mas
> computações colaborativas, tais como serviços de intermediação de
> comunicação, sejam email, microblog, ou repositórios colaborativos e
> públicos de software, parecem não encontrar equivalência no escopo de
> atuação da FSF.  Então, é razoável, embora desapontador, a FSF não tomar
> posição, mesmo que outras questões que acabaram nos levando ao interesse
> e ao ativismo pelo Software Livre estejam presentes e tornem nossa
> posição quanto a esses serviços óbvia.
>
> Nessa hora, é preciso que nós compreendamos que a FSF está operando
> dentro do que ela escolheu operar quando de sua fundação, e que haveria
> sérios riscos em tentar mudar esse escopo.  Essa não é, ou pelo menos
> não parece ser, uma questão de Software Livre, de acordo com o que foi
> delineado lá atrás.
>
> Não me parece que seja o caso de atacar a FSF por não ter uma bola de
> cristal funcional, ou por cumprir compromissos implicitamente assumidos
> anteriormente ao aceitar doações a ela oferecidas para levar adiante
> aquela missão e nenhuma outra.
>
> Parece-me, sim, que seja o caso de nós, ativistas preocupados com
> questões mais amplas, que nos levaram ao ativismo pelo Software Livre,
> ou mesmo que conhecemos e apoiamos em decorrência de nosso envolvimento
> com o Software Livre, aceitarmos que não podemos presumir apoio da FSF
> nas questões mais amplas quando elas não se enquadrem no escopo de
> atuação da FSF, e levemos adiante essa bandeira mais ampla, com ou sem
> organizações juridicamente estabelecidas para esse fim; aceitar que
> vamos encontrar, dentro do movimento Software Livre, pessoas que não
> concordam com essas posições, mas que apoiam a FSF e o movimento
> Software Livre justamente porque tem um escopo mais delimitado com o
> qual elas concordam.
>


-- 
-------------------------------------------
prof. Pedro Antonio Dourado de Rezende /\
Computacao - Universidade de Brasilia /__\
tcp: Libertatis quid superest digitis serva
http://www.cic.unb.br/docentes/pedro/sd.php
-------------------------------------------



More information about the psl-brasil mailing list