[PSL-Brasil] Microsoft adota Open Source e rompe o paradigma do Software Livre. Será?

Alexandre Oliva lxoliva em fsfla.org
Quarta Novembro 25 01:33:36 BRST 2015


On Nov 24, 2015, anahuac em anahuac.eu wrote:

>> Você está misturando o conceito de licenças estilo BSD/MIT com o conceito de
>> Open-Source.

> Eu sempre separei as licenças em dois grandes grupos: OSI e GNU.

A divisão é boa, mas os nomes não cabem, pelo menos numa primeira
aproximação.

Tipo assim, embora a OSI reconheça licenças como Open Source e a FSF,
através do GNU, publique uma lista de licenças de Software Livre, as
duas listas são quase iguais, afinal, as definições são quase
equivalentes.  E o quase tem mais a ver com detalhes não intencionais
que com as motivações de cada organização.

> As primeiras não são Copyleft as segundas são.  Esta errada essa
> divisão?

Numa primeira aproximação, a divisão existe, mas essa atribuição de
nomes não cabe.  Pior: alimentar a frequente confusão de que Software
Livre significa copyleft nos dá mais trabalho pra esclarecer mais uma
vez que não é bem isso.


O chato é que, de fato, existe a divisão entre licenças copyleft e
licenças permissivas flexíveis, e essa divisão tem a ver não só com
estratégia, mas também com a meta a ser alcançada e a estratégia ideal
por ela sugerida.


Nosso movimento tem como meta a liberdade dos usuários de software.  Não
é preciso pensar mais que alguns segundos para compreender que o
copyleft é a forma de garantir que os frutos de nossos esforços de
desenvolvimento de software não venham a ser cooptados para avançar
causas opostas à nossa.  A prioridade é o usuário, e é melhor o software
não ter usuários que torná-los vítimas.

Outros interesses notaram as vantagens práticas da colaboração entre
desenvolvedores para criar software de melhor qualidade com menor custo,
mas, por não compartilharem da ética de respeito à liberdade do usuário,
chegam à conclusão de que as licenças permissivas flexíveis cumprem
melhor o objetivo de permitir a colaboração quando convém, e também a
exploração de usuários quando convém.  Comportamento típico de
corporação, psicopata reptiliano que tem como objetivo único maximizar
os lucros, justamente o grupo ao qual a OSI direcionou seus esforços
iniciais de promoção, talvez até como estratégia de diferenciação da
ideologia de Software Livre, que não cola entre quem visa só à
exploração alheia.

Resultado: quem compra só as ideias da OSI acaba preferindo os
benefícios das licenças permissivas flexíveis; já quem compartilha as
nossas acaba preferindo os benefícios do copyleft.  Daí nasce essa
confusão tão comum.

Mas a divisão não tem a ver com as definições que as organizações
defendem: da mesma forma que o Software Livre é Open Source e
vice-versa, salvo raras exceções acidentais, licenças de Software Livre
são licenças Open Source e vice-versa, salvo raras exceções acidentais.
Tem a ver com valores e estratégias de cada lado.

Se houver dois programas funcionalmente equivalentes, ambos Livres e
Open Source, um sob licença copyleft e um sob licença permissiva
flexível, provavelmente o primeiro vai ser preferido pela população que
mais se identifica com a ideologia do Software Livre e o segundo pela
população que mais se identifica com as perspectivas Open Source.

Então, a correlação existe, mas me parece melhor evitar a confusão e
falar de copyleft e permissividade flexível, pra não gerar dúvidas
quanto ao significado da definição de Software Livre.

Afinal, não é correto dizer que são anti-éticas as licenças que
respeitam as liberdades dos usuários (como fazem todas as licenças de
Software Livre, das de copyleft mais forte às permissivas mais
flexíveis), sem defendê-las (coisa que só fazem as licenças copyleft).
Mas pra quem erradamente entende Software Livre como só copyleft e
entende corretamente que Software não-Livre é anti-ético, a implicação
seria essa.

-- 
Alexandre Oliva, freedom fighter    http://FSFLA.org/~lxoliva/
You must be the change you wish to see in the world. -- Gandhi
Be Free! -- http://FSFLA.org/   FSF Latin America board member
Free Software Evangelist|Red Hat Brasil GNU Toolchain Engineer


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