[PSL-Brasil] Que lindo, a ficha está caindo: "FLISOL de Curitiba rejeita repeteco da campanha querendo dividir as comunidades no evento"

Alexandre Oliva lxoliva em fsfla.org
Segunda Fevereiro 15 13:14:11 BRST 2016


Oi, f4bs e demais,

On Feb 15, 2016, fabianne balvedi <fabs em estudiolivre.org> wrote:

> Existe um outro adjetivo que se encaixa muito melhor no objetivos de
> nossas ações: CONSCIENTIZAR. Ninguém lá vai instalar um software
> não-livre que seja necessário para a funcionalidade da maquina sem
> conscientizar o dono da máquina dos problemas que enfrentamos em
> relação a estas questões.

De minha parte, considero que conscientizar que software privativo é
prejudicial é incompatível com instalá-lo.  O ato de instalá-lo,
enquanto exemplo (que ensina muito mais que palavras), desfaz todo e
qualquer trabalho verbal que possa ter sido feito antes ou durante, ou
até mesmo depois.

Dito isso, vejo uma polarização exagerada neste debate.  Não só
alimentada por "torcidas" de distros, ou pelas diferenças que se
costumam atribuir a estratégias OSI/Linux ou FSF/GNU.

Estou enxergando um problema crucial relacionado à compreensão do
significado de "instalar".  Deixa eu explicar.


Se alguém chegasse ao FLISoL e pedisse pro voluntário da organização
instalar o Microsoft Office, espero que seja consenso que isso não rola.

Igualmente espero que seja consenso que, se alguém chegasse ao FLISoL e
pedisse pra instalar um GNU/Linux, mas deixasse no lugar o Windows já
instalado, não haveria nenhuma surpresa ou objeção.

E se o visitante tivesse ouvido falar que dá pra rodar programas do
Windows no GNU/Linux e pedisse ajuda para que o MS-Office e alguns jogos
do Windows funcionassem no GNU/Linux também?  Não estamos falando de
instalar o MS-Office ou os jogos, presumivelmente privativos; apenas de
instalar e configurar o Software Livre que permitiria ao usuário
continuar utilizando alguns dos programas privativos que já usava.

Não vejo essa situação como digna de maior objeção que a preservação do
MS-Windows, ainda que ela possa ter um efeito deletério de prolongar a
dependência do software privativo, na medida em que o acesso a ele fica
facilitado.  Sob essa perspectiva, espero que seja também consenso que,
caso um voluntário do FLISoL tenha o conhecimento e interesse em
instalar e configurar o Wine para que o usuário tenha sua manifesta
necessidade ou desejo atendidos, não há qualquer violação ao espírito do
FLISoL, nem do Movimento Software Livre.

Por que, então, seria diferente para firmware ou drivers privativos?
Ora, se a máquina já utilizava um dispositivo que, para funcionar a
contento do usuário, requer uma peça de firmware privativo, é evidente
que essa peça de firmware já está instalada na máquina, no sistema
operacional que o usuário utilizava antes do FLISoL.  Que mal haveria,
sob a perspectiva acima, providenciar para que o GNU/Linux possa se
valer do firmware já instalado e utilizado anteriormente, para fazer o
dispositivo *continuar* funcionando?  Já se o caso for de driver,
ndiswrapper cumpre o mesmo papel que o Wine, permitindo que o usuário
continue utilizando o driver que usava no sistema operacional que já
utilizava.

Então, por que tanta discussão acalorada?

Uma vez que se entenda que o objetivo do FLISoL não é exorcizar todo o
software privativo que possua o computador do visitante, nem é do
Movimento Software Livre fazê-lo de forma imediata, não é incompatível
viabilizar ao visitante a continuidade do uso de programas privativos
que utilizava antes.  As diferenças, quando existem, dizem respeito à
forma de fazê-lo.

Não considero que instalar uma distro que faça a instalação de forma
silenciosa e automática ajude a conscientizar a respeito do problema;
pelo contrário, faz parecer que o software privativo é uma vantagem.
Isso, por si só, já exclui muitas distros, para insatisfação de suas
"torcidas" que vêem no FLISoL uma oportunidade de promover suas distros,
ainda que em detrimento (muitas vezes não intencional) do Movimento
Software Livre.

Mesmo distros que consultem o usuário e facilitem a instalação dos blobs
atrapalham o trabalho de conscientização, ainda que em menor medida,
pois igualmente valorizam o software privativo a ponto de o oferecerem,
ainda que o usuário que dele necessite já o possua!

Por outro lado, a instalação de distros 100% Livres que utilizam o GNU
Linux-libre não vão permitir facilmente o uso de firmware pré-instalado.
Então, tampouco ajudam o usuário que não esteja disposto a abrir mão de
componentes de seu hardware atual em favor de sua liberdade.

Parece-me que instalar uma distro que não empacote nem ofereça os blobs,
mas que tampouco impeça sua carga, seja a solução ideal para um FLISoL
conscientizador.  Ainda que o processo não seja tão simples quanto o de
uma distro que detecta a instala todos os blobs que possam vir a ser
úteis, a busca pelo blob desejado pelo usuário na partição do sistema
usado anteriormente e a configuração do sistema novo para utilizá-lo me
parece muito mais elucidativa para o visitante do que "apertar o ENTER",
especialmente se for acompanhada de uma explicação.  Por exemplo, de que
há distros (talvez até a própria distro instalada) que oferecem esses
programas em seus repositórios.  De que o objetivo do FLISoL não é
instalar esses programas privativos, mas instalar Software Livre e
conscientizar sobre o problema dos programas privativos, porque é parte
de um movimento político-social maior que procura curar a sociedade
dessa enfermidade.  De que, por compreender que cada usuário tem seu
tempo e sua liberdade, viabilizamos que continue usando aquilo de que se
tornou dependente e de que não pode se livrar imediatamente, sem porém
facilitar ou efetuar uma nova instalação de tais programas, apenas
utilizando os que já estavam lá.

As demais medidas que vi sugeridas, tanto de o voluntário instalar o
blob do repositório da distro quanto de escrever um script que o usuário
vá rodar depois, parecem-me valorizar demasiado o software privativo, ao
tentar facilitar sua (re)adoção, obtendo-o de outras fontes que não o
próprio computador onde já está, ou o disco de drivers que tenha
acompanhado o dispositivo.

É essa a minha perspectiva neste momento.  Faz sentido pra vocês?
Alguém quer acrescentar (ou remover) alguma coisa?

Saudações Livres,

-- 
Alexandre Oliva, freedom fighter    http://FSFLA.org/~lxoliva/
You must be the change you wish to see in the world. -- Gandhi
Be Free! -- http://FSFLA.org/   FSF Latin America board member
Free Software Evangelist|Red Hat Brasil GNU Toolchain Engineer


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